Nas minhas contas, eu já tinha ligado para a Júlia seis vezes naquela sexta. Eu quero entender porque as mães das meninas que eu namorava nunca gostaram de mim. Antes eu achava que era porque eu não as tratava bem ou era imaturo, mas a Gio era diferente, completamente diferente. Eu fazia de tudo para merecê-la: lia o que ela pedia, assistia o que ela gostava e simplesmente tentava deixar ela satisfeita. Mesmo assim, Júlia não reconhecia e me afastou da filha. Ela não deixou que eu fosse ao hospital, alegando que eu não iria ver nada já que a Giovana estava isolada e eu não podia falar com ela porque não tinha celular.
Lois tinha ido embora à quinta à noite. Chorou à beça quando a mãe dela pegou-a de mim e a levou. Os gritos dela as acompanharam até o fim do morro, deu até pena da minha filha gritando daquele jeito.
Já estava anoitecendo quando Joel e Richard me mandaram a mensagem: "Piscina liberada no Dani. Open bar. Bora?"
Eu ainda estava triste com aquela semana horrível que estava passando então acabei declinando. Afundei no sofá e liguei a TV. Estava passando desenhos idiotas que me davam náusea. Meia hora depois alguém esmurrava o portão sem parar. O alumínio trincava e ecoava o som metálico.
Joel estava bem vestido e com o cabelo arrumado para trás, trazendo seu acessório favorito: Richard. O namorado não curtia sair com os amigos numa noite e voltar no dia seguinte.
– Yan está aí? Preciso falar com ele. – Joel disse.
– Eu não quero sair. – falei.
– É sexta à noite, Yan. Está tendo uma festa na piscina com open bar e nós podemos pelo menos olhar e distrair a mente. Esse troço que você se tornou está lamentável.
– Minha namorada está doente, Joel. Desculpa se eu não estou querendo um carnaval em Novembro. – ainda estávamos no portão, eles do lado de fora e eu tampando a passagem.
– Ela está doente e então você para com a sua vida por causa disso?
Richard nos contornou e entrou. Ele detestava discussões e sabia que a voz de Joel estava carregando irritação.
– Eu não estou a fim de sair. – repeti.
– Yan. Percebeu uma coisa? – ele disse, o rosto sorrindo de leve.
– Você sendo insuportável? Percebi.
– Desde que você começou a namorar a Giovana, nunca mais bebeu, saiu ou deu festas. Está vivendo para ela. Isso não está certo. Não é saudável. Nem na academia você tem ido. Abriu mão de toda sua vida, do que você era, por ela?
Não respondi. Era mais fácil ceder de tudo por ela. Era certo na minha cabeça. Manteria ela perto de mim.
– Se você mudou por ela, está indo contra seus princípios. Ela te aceitava antes, por que agora seria diferente?
– Eu não preciso mais dessas coisas, Joel. Eu a tenho para... Me completar.
Joel fez cara de nojo, eu até pude sentir nojo da frase que eu tinha dito.
– Estar com ela significa não ser o Yan que você era? Por que é assim que você está agindo.
– Com ela eu não preciso beber para fazer o que quero, não preciso dar festas para me divertir e não preciso me desdobrar entre relacionamentos porque ela já tem tudo.
– Não pode beber e estar com ela? Dar festas e se divertir com ela? Conhecer novas pessoas com ela ao lado? Parar de viver sua vida para viver a dela é doentio. Não estou dizendo para você sair por aí transando e fertilizando as hortas alheias, é só uma festa.
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Liberdade E Rendição - Crônicas Melhores Amigos.
عاطفيةNesta primeira crônica, veremos o Yan deixar a vida de depravação por sua melhor amiga de infância, Gio. Os dois são melhores amigos, mas há muitas diferenças, empecilhos e mal entendidos. Quem deixou quem na friendzone primeiro?