Segundo - Odeio o meu Primo

102 9 2
                                    


Eu não vou citar anos ou datas, certa coisa aconteceu no ano tal. 

Espero que entendam


Seis meses depois de eu contar para a Gio da minha nova vida, nós tivemos nossa primeira briga. Sim, brigas são corriqueiras, quase que diárias, mas essa precisa ser lembrada. Estávamos reunidos na minha casa, na sala, nos preparando para uma maratona de filmes. Estávamos Gio, Raquel, Joel, Richard, meu primo Alexander, meu irmão mais velho Yuri e eu. Meu pai tinha saído numa das viagens de jogos.

Certo momento dos filmes de heróis que assistíamos, meu olhar foi atraído para a Gio. Ela estava rindo baixo e se mexendo ao lado do meu primo. Eu não entendi o que estava acontecendo até Alexander tocar a coxa dela. Virei rapidamente para a tela da TV e suspirei. Não entendia porque ter ciúmes. Já não era a primeira vez que isso acontecia, e quando acontecia, não era um momento bom de ser lembrado.

Volta e meia, eu olhava para eles, conversando em sussurros e risadas abafadas. Eu não ia beber aquela noite, mas acabei com duas latas de cerveja do Richard e bebi todo o drinque do Joel. Meu humor tinha virado algo tóxico e eu tinha até largado minha noiva no chão.

Cheguei à cozinha e bati a porta das coisas a fim de extravasar a raiva. Nem sabia de onde saía tanta raiva. Peguei uma garrafa de vodka que eu guardava sobre o armário, já estava pela metade e comecei a beber sem usar copo.

– Achei que não fosse beber hoje, Yan. – Giovana entrou na cozinha e fechou a porta. – O que está acontecendo com você?

Adorava o jeito que ela falava meu nome, de como ela era baixa e severa. Pela minha raiva, ela parecia mais linda que o habitual. Tudo a favorecia, logo, tudo me irritava.

– Eu estou estressado. – respondi e tentei beber novamente, mas ela pegou minha garrafa e a tampou antes de eu poder fazê-lo. – O que está fazendo?

Ela sorriu e tentou guardar a garrafa, mas não alcançava, não ri sobre isso, poderia ser mal-interpretado. Cheguei por trás e ajudei a guardar a garrafa, colocando-a contra o balcão de propósito.

– Pais não ficam de ressaca, Yan. – ela disse antônita. – Minha afilhada não vai ter um pai alcoólatra.

– Não sou alcoólatra. – rebati, voltando para longe dela. Cerrei os punhos quando percebi que ela estava sorrindo de canto a canto e não era por minha causa.

Não falei mais nada. Ela pegou um pacote de balas que estava escondido abaixo da pia e o abriu, pegou um punhado e deu para mim.

– Para adoçar sua vida. – disse e saiu.

Vou falar o que passou na minha mente quando a vi sair, evidente que olhei para ela, mas era mais que isso dessa vez. Quis pegar aquele rabo de cavalo e puxar para trás, colar o corpo dela no balcão e foder com ela dolorosamente e sem limites, marcar meu nome à mordidas em seu pescoço, fazer ela gritar e gemer até esquecer o próprio nome, sentir que o motivo de ela sorrir era apenas a minha presença, saber que fui eu que coloquei o sorriso no rosto dela. Foi a primeira vez que eu fantasiei com ela e aquilo me acalmou, não pelos motivos certos.

Digamos que quando voltei para a sala, minha raiva voltou num estalo. Gio e Alexander estavam abraçados e sussurrando ainda mais. Voltei para meu lugar anterior e deixei Raquel deitar no meu colo.

Joel olhou para trás e riu, olhou Alexander.

– O que tá rolando ai? Vocês estão ficando? – ele perguntou com uma risada diabólica antes de repousar o olhar em mim, lembrando de coisas.

Liberdade E Rendição - Crônicas Melhores Amigos.Onde histórias criam vida. Descubra agora