Vamos começar bem?
Era a sexta dos jogos na casa do Joel. Eu não participava disso havia semanas e estava ansioso para ter uma noite só dos meninos, apenas jogar e comer porcaria enquanto jogava conversa fora. Eu me vesti a caráter. Camisa branca velha e chinelo de dedos que combinava com a bermuda larga. Giovana apareceu no meu portão às 18h, hora que eu falei que iria.
– Está fazendo o que aqui? – analisando a blusa dela, com a personagem do MORTAL KOMBAT, eu já sabia a resposta.
– Achei que podíamos ir juntos. – ela sorriu. – Está parecendo um mendigo.
– Amor, é uma noite de jogos. Só vai ter meninos lá.
– Hum-hum. Eu sei. Por isso o sutiã sem bojo e uma calça de moletom. Bem assexuada para eles não ficarem sem graça. – Gio pegou a calça e mostrou o quanto era larga.
– Você não pode ir, Gio. É uma noite dos homens.
Ela murchou e eu pude perceber que ela estava mesmo empolgada com isso, como se tivesse idealizando. Mas era uma noite que meus amigos saíam e se desligavam das namoradas, não seria legal eu levar a minha... e eu morreria de ciúmes.
– Você não quer que eu vá ou está dizendo que o Joel não me deixa ir? Porque eu não ouvi você falar noite dos homens.
Dei de ombros.
– Melhor você não ir. Vamos ser meio grosseiros e machistas.
– Novidade. – disse sarcástica enquanto encarava as unhas.
Sorri e ela ficou zangada, o rubor subiu pelo pescoço. Eu não transava com ela havia dias, não conseguíamos. A última vez, eu gozei rápido demais e ela riu, acabando com o clima. Desde então, não tivemos mais nenhum momento íntimo.
Ela pegou o celular, procurou algo e colocou sobre a orelha, olhando para mim com raiva e ódio.
– Oi, Jô. É a Gio... Tudo e você? ... Fiquei sabendo que eu não posso ir aí hoje jogar porque é uma noite dos homens.
– Giovana. – falei, repreendendo.
– Ah, claro. Quem você acha? – ela riu e me deu o celular. – Ele quer falar com você.
– Oi. – disse, franzindo a testa.
– Eu nunca disse que essa era uma noite dos homens. De onde você tirou isso? Ela que disse para fazermos essa reunião porque vocês vão ter vestibular daqui há duas semanas. Como ela não viria?
– Mas só vai ter homem. E se algum deles...
– Aaaaaaaaaaaaah – Joel riu, gargalhou no meu ouvido. – Entendi. Ciúmes!
– Me dá meu telefone. – Gio pediu, prestes a me agredir. – Yan. Agora!
Dei o aparelho e ela desligou.
– Não acredito nisso. – ela disse.
Ela virou. O rosto dela estava magoado e irado, me fazendo temer o pior: mais uma briga. Ela se afastou, passos largos e decididos. Bati o portão e corri atrás dela, mas Gio estava determinada a me evitar. Eu a tocava e ela me dava tapas, mas não falava, o que piorava minha situação.
– Por favor, Gio. – implorei – Eu não quero que você vá.
– Eu percebi.
Ela falou. Um progresso.
– Eles são uns babacas! Vão ficar bêbados e dar em cima de você. E se isso acontecer...
Ela virou e me encarou.
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Liberdade E Rendição - Crônicas Melhores Amigos.
RomanceNesta primeira crônica, veremos o Yan deixar a vida de depravação por sua melhor amiga de infância, Gio. Os dois são melhores amigos, mas há muitas diferenças, empecilhos e mal entendidos. Quem deixou quem na friendzone primeiro?