Ben e esclarecendo coisas

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   Meu celular tocou, mas não estava no quarto. Acho que deixei na sala, então eu me levantei e fui pegar. Atendi e era minha mãe.
   – Filha eu não te vejo há dias, vem pra casa precisamos conversar.
   – É mãe, eu não quero te ver, você mentiu muito, mas muito pra mim durante 20 anos, então não ache estranho o fato de que eu não quero te ver.
   – Filha eu tinha meus motivos, por favor vem pra casa que eu te explico tudo.
   – E por que eu devo acreditar no que você diz? Manteu uma mentira por 20 anos, como vou saber que agora resolveu falar a verdade?
   – Eu tenho provas April, vem pra casa.
   Desliguei o telefone e fui para o quarto.
   – O que aconteceu? Você está emburrada.
   – Minha mãe ligou, disse para eu ir para casa para nós conversamos. Segundo ela, ela vai me explicar os motivos dela, e tem provas. Mas eu não acredito.
   – April sai da minha casa agora.
   – Que?
   – Passou dos limites já. Vai pra sua casa, se precisar eu te levo. Conversa com sua mãe, ela podia ter prolongado a mentira, mas não, ela contou a verdade. Dá um desconto pra ela, poxa. Agora vai pra sua casa e deixa a mulher falar!
   – A MINHA CASA É EM PORTLAND MATTHEW! – Eu disse e algumas lágrimas começaram a cair. – Minha casa é lá.
   Ele me olhou com uma expressão triste, e veio em minha direção, mas quando ele ameaçou me abraçar eu tirei a mão dele de mim, levantei e fui embora.
   Na verdade não fui pra casa, mas fiquei na escada dele chorando por uns dez minutos, até que eu ouço passos atrás de mim e logo alguém se senta do meu lado.
   – Você sabe que dá pra te ouvir chorando do meu apartamento?
   Olho para o rapaz e não faço ideia de quem seja. Então apenas dou uma risadinho e peço desculpas.
   – Não faz mal não. O que aconteceu?
   – Eu briguei com meu melhor amigo e com a minha mãe, não é um bom dia pra mim.
    Acho que ele reconheceu meu sotaque e então perguntou:
   – Você não é daqui, né?
   – Não, eu sou de Portland, cheguei semana passada.
   – E está gostando?
   – Bom ainda não conheci quase nada e nem ninguém, basicamente fui para minha casa, a casa do Matt, esse prédio, na faculdade e no hospital, digamos que eu sou meio atrapalhada, sabe, aí eu me machuco muito haha.
   – Nossa, eu nem me apresentei! Meu nome é Benjamin Silva, mas pode me chamar de Ben.– ele disse estendendo a mão para ne cumprimentar.
   – Eu sou a April Müller. – Sorri, o cumprimentando de volta.
   – Bom April Müller, eu tenho que ir agora, mas se precisar de qualquer coisa, sabe onde eu moro. Até.
   – Até Ben.
   Ele saiu das escadas e eu sequei minhas lágrimas, me levantei e fui para casa.
   Abri a porta e paralisei. Tinha um homem sentado no canto do sofá, mas eu conhecia ele de algum lugar. Meu Deus! Era o homem que eu vi no parque antes de desmaiar.
   – Quem é você? Eu te vi no parque antes de desmaiar, quem é você e por que você está na minha casa?
   Nesse momento minha mãe surgiu do nada e disse :
   – Ele é minha prova, April. Sente-se filha.  
   Sentei no outro canto do sofá e fiquei encarando o cara. Será que ele era quem eu estava pensando?
   – Eu e seu pai éramos amigos, tipo você e o Matt, melhores amigos. Então um dia nós bebemos em uma balada, acabaram acontecendo algumas coisas no banheiro, se é que você me entende, e eu engravidei. – Ah que bom então eu fui concebida em um banheiro de uma balada. Que bom saber disso. – Eu sempre quis ser mãe, mas não com aquela idade. Seu pai era baladeiro e quando soube da minha gravidez ele disse que não queria ser pai, que esse não era o sonho dele. Então ele sugeriu que eu interrompesse a gravidez, mas eu tinha o sonho de ser mãe e jamais abriria a mão de uma criança. Eu fiquei revoltada quando ele sugeriu isso, e disse que já que ele não queria ser um pai, ele jamais teria que agir como tal. E desde esse dia eu sumi da vida dele. Passei minha gravidez inteira tomando conta de mim mesma, e quando você nasceu, fui pai e mãe. O nome do seu pai não está na sua certidão de nascimento, pois ele deixou bem claro pra mim que não queria ser pai. Quando você tinha uns quatro anos você me perguntou onde estava seu 'papai', e então eu lhe inventei uma história para que você não se sentisse mal. Um ano depois ele te viu na rua com sua vó, e entrou em contato comigo pois ele queria te conhecer, mas como eu poderia desmentir a história linda que você achava que ele havia vivido? Como eu poderia contar para uma garota de cinco anos que o 'papai' dela havia sugerido que a 'mamãe' dela não tivesse ela? Hein? Por isso que eu não deixei. Sem contar que se você conhecesse ele, ele ia fazer de tudo pra você querer morar com ele, viajar com ele, então eu tinha medo de te perder. Eu não fui uma má pessoa. Ele me deixou sozinha com uma filha. Durante cinco anos ele mal lembrava que tinha uma filha, só se lembrou quando viu uma garotinha de cinco andando com a minha mãe, que ele conhecia. Estou certa, Jack? – Ela olhou para o moço sentado no sofá e ele apenas confirmou, meio envergonhado. – Este é seu pai April. Jackson Lomber.
   Eu olhei para ele com desprezo, apenas levantei e abracei a minha mãe enquanto eu chorava.


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