Lucky

Casos De Família

   – Quem é Enzo, Hannah? O que está acontecendo aqui?
   Olhei para ela, Hannah estava branca feito papel. Tentei não cruzar meu olhar com o de George enquanto pensava em um jeito de livrá-la de um possível castigo.
    – Papa, Hannah estava apenas..– Antes que eu pudesse terminar a frase, ele me jogou um olhar que eu conhecia bem. Era algo tipo "não se meta, April". Ele era basicamente meu pai, por isso o chamava de 'Papa', ele já me deixou de castigo muitas vezes. Eu o respeitava muito, assim como Karla e minha mãe. Eles eram minha família. Fechei a boca na hora, me sentindo mal por não poder ajudá-la.
   – Pai.. Eu.. – Ela estava cabisbaixa até então, mas do nada ela ergueu a cabeça e, confiante, ela disse:
   – Quer saber? Sim, estou quase namorando. Sabe a Jackie? Aquela amiga que você sempre me levou na casa? Ela não existe pai! Eu e mamãe criamos a Jackie porque nós sabíamos que você jamais aceitaria que eu tenho amigos garotos! E isso é ridículo, eu sei, mas é o ÚNICO jeito que continuar sendo amiga dele: escondê-lo de você. Então sim, talvez em alguns meses eu não esteja mais solteira, mas caso você não saiba, EU NÃO SOU MAIS UM BEBÊ, EU TENHO PAQUERAS, EU TENHO UMA VIDA, PAI!
   Olhei para George, ainda boquiaberta. Ele estava chocado, estava com a cara fechada mas eu sabia que aquilo o matou por dentro. Ele provavelmente não falaria com mais ninguém por cerca de três dias. Ele sairia para pescar e voltaria alguns dias depois, como se nada tivesse acontecido. Talvez Hannah tivesse pegado pesado com ele; talvez George tenha a sufocado por muito tempo; não tinha como dizer, só sei que ambos sairiam machucados depois daquela discussão. Eu apenas me levantei e saí, ao notar que Matt estava parado atrás de George, e que Karla estava vindo em direção ao quarto. Empurrei Matthew para fora e disse para Karla que aquilo era algo que eles deveriam resolver sozinhos. Fechei a porta delicadamente, e pude ver uma lágrima escorrer dos olhos de Hannah antes que eu pudesse fechar a porta por completo.
   – Apes, o que está acontecendo? – Perguntou Karla, assustada.
   – Bom, Hannah estava me contando sobre um tal de Enzo, e o papo estava tão bom que não notamos quando George entrou no quarto. Ele perguntou quem era Enzo, mas em t grosseiro, e Hannah explodiu ao invés de mentir. Hannah o contou sobre Jackie, a amiga dela inventada, e disse que ela não era mais um bebê e que tinha uma vida. Eles começaram a discutir e eu achei melhor eu sair do quarto. Isso é algo que eles precisam fazer sozinhos.
   Karla se encostou na parede e abaixou a cabeça. Matt olhou para a mãe e perguntou se ela estava bem.
   – Isso é culpa minha, tudo culpa minha! Eu que inventei a tal da Jackie, eu incentivei Hannah a mentir para seu pai, pois ela estava apaixonada por aquele garoto, e George jamais aceitaria. Eu não devia ter feito isso. Fui mais sua amiga do que sua mãe. Meu papel é ensiná-la as coisas certas, mas talvez eu tenha a levado para o mal caminho..– e em segundos, Karla se pôs a chorar.
   Eu a abracei e, com os olhos, disse para Matthew fazer o mesmo. Ouvimos gritos vindo do quarto de Hannah. Vi que Karla estava aflita, então resolvi preparar um chá de camomila.
   – Ka, tudo vai ficar bem, não foi culpa sua, ok?
   Ela, em lágrimas, apenas concordou com a cabeça.