Abri meus olhos, recebendo uma luz extremamente forte em meu rosto, mas desta vez não eram luzes de hospital, era apenas o sol brilhando diante dos meus olhos. Senti meu rosto gelado, e só então me lembrei onde estava; na sacada de Hannah, e estava frio naquele dia. Olhei para o lado pensando encontrar Matthew ali, porém achei apenas um bilhete no chão:
"Apes, Hannah passou mal hoje de madrugada, estava queimando de febre e com uma dor terrível na região do abdômen, resolvemos levá-la ao hospital. Não quis te acordar porque você estava dormindo profundamente, só te cobri e saí. Tem café feito na cozinha, e sinta-se a vontade para tomar café da manhã. Quando tiver mais informações te mando mensagem"
Levantei quase pulando da rede e acabei caindo no chão, mas logo disparei em direção à cama da Hannah, onde meu celular estava, pra ver se tinha alguma mensagem do Matthew. Nada. Eu não tinha ideia de quando ele havia saído, então me lembrei que ele tinha dito que havia café na cozinha. Se o café estivesse frio significaria que eles haviam saído há um certo tempo. Corri pra cozinha ver a temperatura do café, e ao provar notei que estava muito gelado.
Entrei em desespero. Se eles haviam saído faz tempo, como ainda não tinham notícias? Voei pra sala, peguei minha bolsa, um casaco, coloquei minha bota e saí do apartamento. Na pressa, mal olhei pra frente ao entrar no elevador, e quando me dei conta, estava caída em cima do Ben.
– Müller? - ele perguntou com aquele sorriso idiota dele.
– BEN! Meu Deus, perdão, eu entrei correndo, nem percebi que você estava aqui! - disse, sentindo meu rosto queimar.
– Ei, calma aí! Tá tudo bem? Você tá tremendo, April.. - ele respondeu, enquanto me ajudava a levantar.
– Sim... na verdade não... quer dizer, eu estou bem, eu acho, mas estou preocupada porque a Hannah não está bem e eu não tenho a mínima..
– Respira, sério! - ele me cortou - Agora você vai sentar ali naquele banco e me explicar tudo com calma - ele disse, apontando pra um banco do lado de fora do hall de entrada do prédio.
Saímos do elevador, e eu acabei aceitando a proposta dele. Eu estava desesperada, se saísse daquele jeito na rua, algo péssimo poderia acontecer. Sentei-me e expliquei para Ben toda a história.
– Enfim, eu não tenho ideia em que hospital eles estão, e muito menos como chegar lá..
– Acho que é seu dia de sorte...
– Que? Vai por mim, não é!
– Sim, é, e sabe por que? Por que eu estava indo para o hospital também.
Estava prestes a perguntar como ele sabia que era o mesmo hospital, mas as palavras que saíram da minha boca foram diferentes:
– O que?! Você está indo pro hospital por que? Está tudo bem com você?!
Aquele idiota começou a rir da minha possível cara de preocupação, e disse que sim, ele estava bem.
– É que meu pai trabalha lá, e ele esqueceu de levar alguns papéis que ele tinha que entregar hoje. Ele planejava voltar para a casa e buscá-los, mas mais cedo ele teve um caso de emergência lá e acabou não podendo voltar, por isso me ligou pedindo para levar os papéis. Ele é chefe de cirurgia geral do Hospital Israelita Albert Einstein, é o mais perto daqui, então provávelmente sua amiga está lá.
Quando ele acabou de falar, tive vontade de voar no pescoço dele e abraçá-lo até sufocar.
– Eu te levo lá, se você quiser.
– Você faria isso? Olha, muito obrigada, de verdade! Estou tentando chamar o Matthew, ou seus pais há muito tempo mas eles simplesmente não atendem!
– Relaxa, April, vamos logo, antes que o trânsito comece a piorar.
Apenas concordei e então fomos até a garagem. Eu estava em São Paulo há pouco tempo, mas já havia percebido desde o primeiro dia que aquela cidade vivia presa no engarrafamento. Sério, em qualquer horário, em qualquer lugar, sempre trânsito e mais trânsito pela frente. Por isso achei engraçado (e ótimo) o fato de naquele dia, as ruas estarem praticamente vazias. Por conta disso, chegamos ao hospital (que mais parecia um hotel) muito rápido. Abri a porta e corri em direção a porta, sem prestar a menor atenção ao meu redor. De repente sinto um tranco, uma mão segurando meu braço muito forte e me puxando pra trás. Levei um susto gigante! Mas só depois, entendi o que tinha acabado de acontecer: o serviço de valet do hospital tinha duas pistas, Ben parou na mais vazia, eu corri em direção a porta, mas nisso, a outra pista avançou, e por muito pouco não fui atropelada!
Depois do susto, caminhamos atentamente até o grande balcão em frente à porta frontal. Ben cumprimentou todos, como se já fosse de casa, e logo perguntou pelo pai. Me apresentou aos funcionários que estavam lá, e logo eu pedi informações da Hannah. Acho que se Ben não estivesse comigo ali, eles não me forneceriam informação nenhuma, mas como ele já conhecia todos e provavelmente tinha a confiança deles, ao jogar um olhar de preocupação aos funcionários, eles acabaram cedendo e falando onde Hannah estava.
– A paciente Hannah Collins foi admitida no hospital por volta das 6:34 a.m, reclamando de dores abdominais fortes. Após alguns exames simples, foi possível concluir um grave caso de apendicite na paciente. No momento ela está... - ela abaixou um pouco a ficha para continuar lendo o relatório - ela está em cirurgia para a retirada de seu apêndice. Até agora é só disso que sabemos, Senhorita Müller. Mas como você diz ser quase da família, posso liberar a tua entrada para a sala de espera do centro cirúrgico para que você possa acompanhar o caso de perto.
Oi meus amores, faz um tempinho que não posto, perdão rs. Enfim, tá aí um episódio fresquinhos pra vocês, espero que estejam gostando da história. Lembrando que vocês sempre podem deixar a opinião aqui nos comentários, ok?
Beijos,
– Mel💙
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Lucky
RomanceApril e sua mãe, Lana, se mudaram para o Brasil por conta do emprego de Lana. Matthew, melhor amigo de April havia se mudado para lá há 3 anos, e eles não se viam desde então. Ao matar a saudade, eles descobrem que talvez aquilo não seja só mais uma...