Ouvi um grito. Levantei na hora, assustada. Olhei para o lado e antes que eu pudesse raciocinar qualquer coisa, alguém voou no meu pescoço.
– APEEEES! MEU DEUS QUANTO TEMPO!
Me afastei um pouco para ver quem era, e quase não a reconheci.
– HANNAH? MEU DEUS VOCÊ ERA UM BEBÊ! AAAH QUE SAUDADES!
Nos abraçamos por cerca de um minuto. Depois me levantei e pedi para ela dar uma voltinha. Fiquei impressionada. Quando a família de Matt veio para o Brasil, Hannah tinha 12 anos, e era quase um bebê. Tinha uma face angelical, um corpo com poucas (quase nenhuma) curvas, tinha uma voz fina e cabelos curtos e loiros; seus olhos eram verdes, assim como os de Matthew e seu pai, porém eram delicados, Hannah, na verdade, era 100% delicada.
Agora, olhando para aquela mulher que estava em minha frente, lembrava dela com 6 anos de idade, quase um bebê. Hannah possuía cabelos loiros compridos e cacheados, como de princesa; ela era tão branca quanto eu; possuía sardas em suas bochechas rosadas; tinha um corpo com curvas exageradas no bom sentido; seus olhos verdes já não eram mais delicados, pois possuíam um delineado gatinho preto, bem marcado, mas que exigia uma precisão cirúrgica para ser feito; seu rosto era de mulher, e sua voz era uma melodia. Aquela era uma outra Hannah, uma Hannah que eu estava louca pra conhecer melhor. Ela era minha irmãzinha, desde sempre.
Conheço Matthew desde que nasci. Nossas mães eram amigas, se conheceram quando a minha mãe engravidou. Ele é 6 meses mais velho que eu. Matthew nasceu em Março, e eu nasci em Setembro. Nossas famílias sempre foram unidas. Éramos vizinhos, então crescemos juntos, sempre indo para as mesmas escolas, para os mesmos lugares. Sempre tivemos os mesmos amigos. Quando tínhamos 4 anos, Hannah nasceu. Desde então Hannah vem sendo minha irmã mais nova. Matthew sempre me tratou como uma irmã, e eu sempre o tratei como meu irmão mais velho, que me defenderia em todos os momentos, que me protegeria de tudo e todos. E sempre foi assim.
Olhei para Karla, sua mãe, e George, seu pai. Corri para os abraçar. Talvez eu tenha chorado um pouco... Matthew e Hannah correram e nos abraçaram também. Ficamos ali, abraçados como uma família só.
Um tempo depois, nos afastamos, e começamos a conversar de como tudo havia mudado desde que eles vieram para o Brasil.
Hannah me pediu ajuda para desfazer suas malas e então nós fomos para seu quarto arrumar suas roupas. Chegando lá, me sentei em sua cama e comecei a falar:
– Hannah, me conte tudo! Tá namorando? Quantos meninos você já beijou? Você é virgem ainda né?
Hannah me olhou e começou a rir.
– Apes, calma, te conto tudo sim. Ah, e óbvio que ainda sou virgem né garota! Que pergunta Bunny!
"Bunny" era meu apelido naquela família. Quando eu era pequena eu era apaixonada por coelhos, e eu tinha vários de pelúcia. Então, carinhosamente, Karla me apelidou de "Bunny", que significa "coelhinho" em inglês. Eu chamava Hannah de "Puppy", que significa cachorrinho em inglês. Ela era apaixonada por cachorros, e além disso, foi sua primeira palavra, e foi a única que ela falava durante meses.
– Bom, – ela prosseguiu – eu não namoro, mas quase.. Tem um garoto na minha escola, ele se chama Enzo. Ele é brasileiro, mas fala inglês fluente, pois já morou lá por um tempo. Nos conhecemos desde que vim para cá. Eu estava no sétimo ano, agora estou no primeiro do médio. Ele era meu colega, no começo. Depois nossa amizade cresceu um pouco, e neste ano as coisas esquentaram um pouco. Já ficamos várias vezes, ele sempre vem aqui em casa, eu sempre vou lá... – Ela pausou.
– Vai Puppy, me conta logo!
Senti o peso de seu olhar sobre o meu, logo entendi o recado. Nós não estávamos sozinhas.
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Lucky
RomanceApril e sua mãe, Lana, se mudaram para o Brasil por conta do emprego de Lana. Matthew, melhor amigo de April havia se mudado para lá há 3 anos, e eles não se viam desde então. Ao matar a saudade, eles descobrem que talvez aquilo não seja só mais uma...