Faculdade e galpão.

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Meu celular berrou e então eu finalmente acordei. Milagrosamente não me atrasei. Ah pelo menos uma vez na vida eu estava no horário. Tomei banho, coloquei uma calça jeans preta, uma camiseta lilás e um casaquinho branco. Coloquei meu all star verde-água, peguei uma maçã na cozinha e desci para a recepção enquanto eu esperava o Matt.
Depois de cinco minutos ele chegou, e ao me ver pronta na porta ficou surpreso.
- Te tacaram da cama hoje?
- Haha engraçadinho, pois saiba que eu acordei adiantada, tá? Eu sou capaz de fazer isso. - Eu disse mostrando a língua para ele e entrando no carro.
- Bom, está empolgada para o seu primeiro dia na faculdade do Brasil?
- Muuuito!!
- Então vamos logo, ou quer se atrasar?
- Você que está sendo lerdo, querido, vai, anda!
Ele arrancou o carro e lá fomos nós a caminho da faculdade.
- Ah, Matt, qual curso você faz?
- Nossa, verdade nem te contei! Estou na sua sala, baby!
- Ahhh mentira né? Vou ter que te aturar até lá?! - perguntei, sendo irônica.
Ele riu e beijou minha testa. Senti um negócio estranho quando ele tocou. Ai o que estava acontecendo? Pode para hein April! Vocês são irmãos!
Chegamos na tal faculdade. Era até que bonita. O Matt me tirou do carro, e me levou até a entrada. Chegamos abraçados, gesto que causou muitos olhares para nós dois. Fomos até a sala e ele pediu para que eu sentasse em seu lado, assim, ele poderia me ajudar com as matérias.
O professor entrou e a sala, que até então fazia barulho, se aquietou em um instante. Ele começou a falar um monte de coisa em português e o Matt percebeu minha cara de "como assim?", então ele anotou tudo em inglês para mim, e depois das aulas me passou. Acho que ele teria que fazer isso até eu me formar, porque de fato, português é muito difícil.
Acabaram as aulas do dia, finalmente! Gostei, mas não consegui entender tanta coisa assim, o que me salvou foram as anotações do Matt. Peguei para ler depois da aula.
Eu estava indo pro carro, toda feliz, quando me lembro que eu estava brigada com minha mãe. Fechei a cara na hora. Matthew percebeu pois na hora ele disse:
- Humm, que tal 27 Burgers?
- Que?
- Poxa Apes, nosso restaurante favorito em Portland, não lembra?
- Claro que lembro! Tem aqui?
- Óbvio! Senão eu nem estaria morando aqui, já teria me mudado. - ele disse rindo.
Entramos no carro e fomos para a lanchonete. Esse era nosso lugar favorito em Portland, espero que o hambúrguer daqui seja como o de lá.
O lado de fora era atraente. Se eu não conhecesse o lugar, provavelmente entraria para experimentar. Tinha grandes janelas e de fato parecia com as lanchonetes americanas, tanto por fora, quanto por dentro.
Peguei o cardápio, mas não era necessário, pois já sabia meu pedido. Na verdade, até o Matt sabia meu pedido pois ele já foi pedindo logo que entramos, mal deu tempo de olhar o cardápio.
- Dois milkshakes de morango com pedaços de frutas vermelhas, duas batatas fritas no cone tamanho médio e dois números 12, por favor.
O garçom anotou o pedido e então ele virou pra mim, orgulhoso de seu próprio pedido.
- Parece que você não se esqueceu, hein?
- Pois é, tenho memória boa.
Eu sorri. Alguns minutos depois, chegaram os pedidos.
- Hummm, que delíciaaa! - exclamei.
Peguei um pedaço e..
- Meu Deus, isso é ainda melhor do que o americano! É maravilhoso, Matt!
Ele riu da minha cara, pegou um guardanapo e limpou o canto da minha boca, que provavelmente estava sujo com ketchup.
Acabamos de comer, ele pagou a conta e nós fomos para o estacionamento. Estava toda radiante, assim como o Sol, que por sinal, estava me queimando. Ainda não estava acostumada com o clima brasileiro, ora frio, ora calor, será que aqui eles não tinham estações? Pois não parecia. Enfim, eu estava toda animada, quando de repente me voltou a memória de minha mãe. Das duas, uma: ou eu era transparente e o Matt conseguia ver tudo o que eu sentia, ou ele me conhecia muito bem mesmo, pois instantaneamente ele disse:
- Ei, Apes, eu estava afim de te mostrar um lugar. Topa?
- Sim! Sem dúvidas!
Ele passou o meu prédio, e na rua de trás, estacionamos na frente de um galpão. Ele, então, abriu minha porta do carro, apontou para o galpão, abriu os braços e exclamou:
- Lar doce lar.
- Oi? Você não morava em outro lugar?
- Bom, eu comprei outro dia, fechei contrato semana passada, e peguei a chave ontem. Queria te mostrar minha nova casa.
- Seus pais também vem? Ou você vai morar sozinho?
- Sozinho, Apes.
Pulei nele, o abraçando.
- Matt, isso é maravilhoso! Mas, como você conseguiu comprar? Digo, eu achava que seus pais te sustentavam..
- Você sabe que eu era o único neto do meu avô, e quando ele morreu, quase a herança inteira foi para mim. Em seu testamento, ele me deixou sua casa, que eu conversei com meu pai e é acabei resolvendo vendê-la, acho que ele ia querer isso. Com o dinheiro comprei esse galpão aqui, não foi muito caro, mas preferi gastar o resto do dinheiro com coisas que meu avô queria ter feito, mas não teve tempo, como por exemplo ir à Itália. Sem contar que eu precisava de um dinheiro extra para decorar, também. Vamos entrar?
- Claro!
Ele pegou a chave no bolso, abriu a porta e nós entramos. Aquele lugar era lindo. Perfeito. Maravilhoso. Eu amei muito muito mesmo.
- Matt, esse lugar é lindo! Eu tô apaixonada.
Ele começou a me mostrar os projetos que ele tinha para o galpão, tais como os móveis planejados e as divisões das paredes. Ia ficar ainda mais lindo daquele jeito.
- Apes, uma das razões de eu ter te trazido aqui, é que eu preciso de sua ajuda para decorar. Você lê revistas, e é vidrada nessa coisa de decoração, então por favor, me ajuda a trazer vida pra esse humilde e morto galpão?
Me senti em um pedido de casamento. Mas é claro que eu ajudava, já tinha feito vários planos na minha cabeça sobre a decoração do lugar. Ainda mais depois de ter visto os projetos.
- Sim sim sim simmm!
- Podemos começar a procurar amanhã depois da aula?
- Claro!
Notei que ele já havia levado algumas coisas para o galpão. Ele tinha um sofá velho perto da porta; um pouco mais para trás, tinha uma mesinha de plástico com um computador, e algumas caixas ao lado.
- Se importa se eu começasse a pesquisar alguns objetos de decoração?
- Mi casa, es su casa.
- Poliglota.
Saí andando em direção à mesa. Comecei a pesquisar preços e confesso que me assustei. Se fosse nos Estados Unidos, tudo seria metade do preço.
Peguei o computador e sentei-me ao lado dele no sofá. Eu me deitei no colo dele, que por sinal estava me dando chocolates na boca. Ah ele é um amorzinho, né? Estava tudo tão confortável que eu acabei dormindo lá.

Anjinhoss saudades de postar coisa aqui. Desculpa a demora, eu tive três semanas seguidas de provas então não deu pra escrever. Bom, me digam o que vocês acham que ainda vai acontecer nesse galpão.. Ah tenho tantos planos pra este livrinho amoreees. Até o próximo capítulo,
- Mel💙

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