Matthew olhou para mim com um olhar desafiador, pegou um outro rodo que estava atrás dele, jogou o balde no chão e apontou o rodo pra mim, como se fosse uma espada. Eu comecei a rir, mas então ele bateu no meu rodo e eu vi que ele realmente queria fazer aquilo. Fingi apertar um botão e fiz um barulho de um sabre de luz, o chamei de Luke, e disse que era seu pai. Começamos a rir, e então, lutamos. Passamos uns cinco minutos lutando, até que ele ameaçou me bater com seu "sabre de luz", eu andei para trás para me defender, mas escorreguei, caí e dei de cara no chão molhado. Ele se desesperou e me levantou na hora. Eu estava meio tonta e levemente assustada. Ele notou minha cara pálida e me colocou sentada no chão molhado.
– April? April pelo amor de Deus fala comigo, vamos por favor!
Eu tentava falar mas não saía nada, comecei a me assustar e isso me deixou ainda mais pálida. Estava enxergando duplamente, e tudo rodava, mas prometi a mim mesma que não desmaiaria. Me apoiei no chão, e senti algo escorrer pelo meu rosto. Notei que Matt estava pálido, provavelmente mais pálido que eu. Ele passou a mão por minha testa e doeu. Logo imaginei que fosse sangue. O som ficou distante, tudo começou a rodar três vezes mais e mais rápido, senti um gosto metálico na boca. Meu impulso foi pegar um balde que estava ao meu lado e vomitar. Matt segurou meu cabelo, que já havia deixado de ser um coque há um tempo. Ele passou a mão por trás das minhas costas e me levantou delicadamente. Eu me apoiei em seu ombro e deixei que ele me pegasse no colo. Fui levada até o seu quarto, onde ele me deixou deitada em sua cama. Matthew foi ao banheiro e voltou com um kit de primeiros socorros. Ele abriu a caixa e pegou uma bolinha de algodão, mergulhou na água e passou um minha testa, enquanto eu me sentia menos tonta. Em seguida, ele pegou um band-aid e colocou em minha testa, tampando a ferida.
– Se sente melhor, meu anjo?
Sorri de leve e balancei a cabeça, afirmativamente. Alguns minutos depois, me senti normal novamente. Levantei-me e fui para a sala, disposta a ajudá-lo a limpar tudo.
– Ei, ei, ei! Volte para a cama já, você se machucou, descanse.
– Matthew! Eu estou ótima, vamos logo, seus pais chegam amanhã, eles vão pirar se encontrarem o apartamento deles nesse estado.
Ele hesitou um pouco, mas logo cedeu, e então começamos a limpar tudo.
Cerca de três horas depois, tudo estava limpo e seco. Arrumamos os enfeites no lugar, deixamos tudo brilhando. Olhei no relógio, já era noite, 22:34 para ser específica. Fui na cozinha e peguei uma maçã para cada, eu estava faminta, provavelmente ele também estava. Sentamos no chão, de frente para a TV, cada um com uma maçã. Começamos a assistir "Say Yes To The Dress", um dos nossos programas favoritos, não por conta dos vestidos lindos e do "espírito casamenteiro", e sim por conta dos vestidos ridículos que apareciam ao decorrer do programa.
Lembrei-me de uma vez que saímos eu, Matthew, Sarah e Peter com nossas identidades falsas, e fomos a um bar, que estava vazio, e como não tinha mais ninguém lá além de nós quatro e o barman, pedimos para ele colocar no Discovery Home & Health para assistirmos o programa, e cada vez que passasse um vestido ridículo, teríamos que virar uma dose de tequila. Naquela edição, a noiva tinha um péssimo gosto, e planejava um casamento exótico, e os vestidos eram um pior que o outro. Ficamos tão bêbados que saímos para o centro da cidade até encontrarmos uma loja de vestidos de noiva, e começamos a tirar fotos na frente da vitrine, até que Sarah começou a vomitar na frente da loja porque ela estava passando mal e a polícia passou pela rua. Nós quatro saímos correndo em tempo recorde para que a viatura não nos visse. Senti saudades deles ao lembrar disso.
Quando o programa acabou, Matt disse que já estaria de volta, e em minutos voltou com com uma regatinha branca e um shorts azul celeste com tiras cinzas de moletom. Entregou as peças para mim e disse que eu poderia me trocar e deixar minha roupa úmida secando no varal.
– São da sua mãe?
– Não, são de Hannah, esqueceu que tenho uma irmã?
– Uou! Quantos anos ela tem agora? Ela era tão pequena da última vez em que a vi, para mim ela ainda era um bebê!
– Ela tem 15 anos agora, Apes.
– Mentira! Meu Deus como ela está? Nossa, já está uma moça!
– Sim, nosso bebê cresceu...
Sorri, peguei as roupas e fui ao banheiro. Me troquei, e apenas imaginei como estaria Hannah, pois suas roupas serviram em mim, então com que o corpo ela estaria? E seu rosto? Mudou muito? Como eu nunca havia visto nenhuma foto dela nas redes sociais? Bom, saí do banheiro e estendi minhas roupas no varal da lavanderia.
Sentei ao lado de Matt no chão, e ele pegou um cobertor fino para nos cobrirmos, pois a noite estava fria. Assistimos alguns programas que continuavam passando, até que ele foi ao quarto dele e buscou dois travesseiros e mais um cobertor. Ele os trouxe para a sala e me entregou um travesseiro, deitou-se ao meu lado em seu travesseiro, cobriu-se com o outro cobertor e adormecemos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Lucky
RomanceApril e sua mãe, Lana, se mudaram para o Brasil por conta do emprego de Lana. Matthew, melhor amigo de April havia se mudado para lá há 3 anos, e eles não se viam desde então. Ao matar a saudade, eles descobrem que talvez aquilo não seja só mais uma...