Capítulo 12 - But it's always gonna come right back to this - Barbara.

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I can be so mean when I wanna be

(Eu posso ser tão má quando eu quero ser)

I am capable of really anything

(Eu sou mesmo capaz de qualquer coisa)

I can cut you into pieces

(Eu posso te cortar em pedaços)

When my heart is....broken

(Quando o meu coração está... partido)

Da da da-da da

Please don't leave me

(Por favor não me deixe)

Please don't leave me

(Por favor não me deixe)

I always say how I don't need you

(Eu sempre digo como eu não preciso de você)

But it's always gonna come right back to this

(Mas sempre vai voltar pra isso)

Please, don't leave me

(Por favor, não me deixe)

Please Don't Leave Me – P!nk - 2009

Eu sei que eu não vinha sendo a melhor pessoa do universo.

Mas, nem de longe, eu era a pior também.

Eu não maltratava animais, por exemplo. Só seres humanos. E mesmo assim nem sempre. E nem sempre tinha sido assim também. Isso tinha que me dar alguns pontos de vantagem no julgamento feito pela vida.

Mas, pelo jeito, não dava.

Minha punição estava sendo dividir um cubículo com o maior responsável pelo meu comportamento atual de uma pessoa não tão boa assim. Por uma eternidade. Já estávamos dividindo aquela bosta de elevador por quase duas horas e seu Zé não tinha reaparecido para dizer nada – o que só podia significar que as notícias eram ruins. Pelo jeito eram tão ruins que ele nem sequer tinha conseguido pedir apoio. Para polícia, pros bombeiros, pra algum herói idiota que Rafael provavelmente era fã. Qualquer um. Até eu me tornaria fã de quem conseguisse me tirar dali – e só Deus sabe como eu não era fã de ninguém.

Se Rafael abrisse a boca para trazer qualquer outra menção a qualquer outra lembrança, eu começaria a berrar. Gostaria de dizer que daria na cara dele, mas não tenho nenhum conhecimento sobre artes marciais. Além disso, eu provavelmente quebraria minhas unhas. Rafael não valia estragá-las.

Rafael não valia nada. Gostaria que meu coração entendesse isso tão bem quanto meu cérebro entendia, mas ele estava tendo um pouco de dificuldade. No meio de tanta mágoa, também batia com uma pontadinha de alguma outra coisa. Não sei dizer. Talvez saudade.

E a culpa era dele, na verdade. Puxando sabe lá Deus de onde lembranças de um passado no qual fomos altamente felizes, antes dele me largar para ficar com a Nadja e se tornar uma pessoa irreconhecível.

Ah, mas eu também fiz questão de transformá-lo na pior pessoa do universo naquela escola. Ele podia até ter Nadja, mas não teria mais ninguém. Se eu fizesse um bom trabalho, não teria nem mais amigos. Tem pouca coisa pior que uma adolescente enfurecida. Talvez só uma adolescente decepcionada. Eu era as duas.

Comecei de forma sutil. Largava uma mentirinha aqui, outra acolá. Deixava um "Sabia que Rafael sempre demorava mais para se arrumar que eu?" escapar quando eu estava me arrumando para educação física. Segurava o braço de um menino bonito e fortão e dizia: "Nossa, como você é forte. Rafael não conseguia nem abrir minha garrafa d'água"... As mentiras foram aumentando com o passar dos dias e eram proporcionais ao ódio que eu sentia por ele, que também aumentava diariamente.

Chinelo e Salto AltoOnde histórias criam vida. Descubra agora