Capítulo 10 - I'll be ok (McFly) - Bárbara

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When everything is going wrong
(Quando tudo está dando errado)
And things are just a little strange
(E as coisas estão um pouco estranhas)
It's been so long now you've forgotten how to smile
(Já faz tanto tempo que você já até esqueceu como sorrir)
And overhead the skies are clear
(E acima de você o céu está limpo)
But it still seems to rain on you
(Mas ainda assim parece chover em você)
And your only friends all have better things to do
(E todos os seus únicos amigos tem coisas melhores para fazer)


When you're down and lost
(Quando você estiver para baixo e perdido)
And you need a helping hand
(E você precisar de uma mão para ajudar)
When you're down and lost along the way
(Quando você estiver para baixo e perdido no caminho)
Oh just tell yourself
(Oh, diga para si mesmo)

I'll, I'll be ok
(Eu vou, eu vou ficar bem)

I'll be Ok - McFly

Qual é a quantidade máxima de carma que uma pessoa pode consumir em pouco mais de uma hora? Eu com certeza estava no topo. Conseguia quase sentir meu carma evaporando do meu corpo, junto com toda água que eu tinha retida também. O calor estava surreal lá dentro. Era difícil manter o mínimo de sanidade mental. Isso também era responsabilidade do Rafael, que vinha puxando lembranças do bolso como se essa fosse a maldita especialidade dele.

Eu achei que a especialidade dele era dormir com a maior parte de garotas que conseguisse, no mais curto espaço de tempo possível. Devia haver algum tipo de disputa entre os homens mais idiotas do mundo para ver quem era o mais capaz. Seria capaz de apostar que ele estaria no topo.

Nem sempre tinha sido um idiota, mas já fazia uns bons anos que não era mais o mesmo garoto que eu tinha namorado. Pelo menos era isso que as pessoas me diziam, que o facebook me dizia e que suas mensagens quando bêbado me diziam também.

Por um lado, tudo bem, você poderia dizer que eu tinha uma parcela de culpa. Por outro, como é possível imputar culpa em alguém que tinha sido a vítima de toda situação? Eu só agi em defesa própria. Se estraguei a vida dele no processo, não foi mais do que ele merecia.

E ele sorria daquele jeito sempre que puxava as recordações e esfregava-as na minha cara. Aquele sorriso meio estranho, meio de lado e meio preguiçoso, que eu acho que só ele sabia dar. Aquele sorriso que era exatamente igual ao sorriso que ele dava só para mim. Eu observava – muito mais do que eu queria ou do que eu assumiria para qualquer outra pessoa. Ele nunca sorriu para Nadja daquele jeito.

Trancafiado no elevador comigo, porém, ele sorria.

Era assustador o que um sorriso era capaz de desencadear dentro de mim. Eu preferiria que ele não sorrisse. Não estava sabendo como lidar com seus sorrisos. Meu próprio cérebro estava me fornecendo um monte de lembranças que eu não queria ter. Encolhi-me no cantinho do elevador, apoiando a cabeça nos meus joelhos. Era um motim do meu coração contra meu cérebro, que tentava a todo custo se manter racional – mas estava difícil.

Eu tentei ajudá-lo, puxando memórias desagradáveis sobre Rafael. Ele beijando Nadja, apoiado no meu armário. Seu timbre de voz quando disse que minha roupa me deixava gorda. A maneira como ele me olhava com raiva quando um novo boato que eu espalhei sobre ele ou sobre nosso relacionamento chegava a seu conhecimento. As fotos dele dançando em cima da mesa com um milhão de garotas que o Facebook sempre achava que eu estaria interessada em ver.

E ah, . Eu tive que conter uma risada com a lembrança. A foto que ele me mandou no Ano Novo do ano do nosso termino, provavelmente mais bêbado do que um gambá.

— Do que você tá rindo? — Rafael perguntou, mas eu não levantei a cabeça.

Encará-lo dificultaria minha tarefa de pensar em coisas desagradáveis sobre ele. A quantidade de areia por centímetro em seu corpo ainda era surreal, mas era uma das coisas que o fazia ser Rafael. E se ele sorrisse, já era.

Chinelo e Salto AltoOnde histórias criam vida. Descubra agora