Capítulo 1

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Acordei no quarto de um hospital ainda meia tonta, provavelmente pela medicação, em segundos uma enxurrada de acontecimentos inundaram minha cabeça e senti lágrimas caindo pelo meu rosto. Então a porta se abre e uma enfermeira entra.

-Bom dia, como você está se sentindo? – perguntou sorrindo e vindo me examinar.

-Bem, eu acho – falei com um pouco de dificuldade – Cadê meus pais?

-Estão aqui fora aguardando o médico vim conversar com eles – falou a enfermeira – Quer que eu peça para eles entrarem? – acrescentou e eu assenti. Ela saiu e logo meus pais entraram.

-Filha como você está? – falou minha mãe passando a mão pelo meu rosto.

-Meu anjo, não dá mais esse susto na gente tá? – falou meu pai sorrindo.

-Quando eu posso ir embora? Eu não quero ficar aqui – falei.

-Com licença – falou o médico entrando no quarto – Sou o doutor Marcelo e sou eu que vou cuidar do caso da filha de vocês.

-Como assim cuidar do caso? – perguntei começando a ficar assustada e vi meus pais se entreolharem.

-Calma filha vai ficar tudo bem – falou meu pai segurando minha mão.

-Quando você foi atropelada, você acabou fraturando uma parte da coluna vertebral muito importante par... – enquanto o médico falava, eu só queria sair correndo dali ou simplesmente abraçar meus joelhos e chorar e foi ai que eu percebi aonde ele queria chegar com aquela explicação toda.

-Eu não sinto minhas pernas – falei – Mãe, pai, por favor, me diz que isso é efeito de algum remédio – acrescentei puxando devagar minha mão da do meu pai.

-Filha... – começou minha mãe.

-Por que eu não sinto minhas pernas? – falei chorando – Eu não vou mais poder andar? – perguntei para o médico.

-O seu caso não é dos melhores, como eu estava dizendo você fraturou a parte da coluna vertebral responsável pelo movimento das pernas – começou o médico – Você está paraplégica, mas tem chances de voltar a andar, são mínimas, mas a gente pode começar com exercícios básicos e fisioterapia e aos poucos vamos ver se você tem progresso – falou – Se você continuar estável vai poder ter alta daqui dois dias e se você quiser semana que vem você já pode começar a fisioterapia e de vez em quando você passa em algumas consultas para ver se está tudo certo – acrescentou. A essa altura eu já estava mais que chorando, sentindo minha vida acabar ali, como se eu não pudesse mais fazer nada sozinha, como se, a partir de agora, eu sempre fosse depender de alguém. Meus pais tentavam me acalmar, mas eu só queria ficar sozinha.

-Me deixem – falei soluçando – Eu quero ficar sozinha, sem conversar com ninguém – acrescentei.

-Mas... – começou minha mãe.

-É normal essa reação, principalmente na idade dela – falou o médico – É melhor deixa-la sozinha pra ela pensar um pouco.

-Vamos deixar ela sozinha – falou meu pai e minha me deu um beijo na testa e eles saíram junto com o médico. Só queria entender porque eu? Porque isso tinha que acontecer comigo? Tá ai uma data que vai ficar marcada pra sempre: 26 de abril, o dia em que eu fiquei paraplégica. Dormi em meio a esses pensamentos.

Esses dois dias foram muito tediosos e, na maior parte, eu preferi ficar sozinha no meu quarto, até porque as únicas pessoas que estavam ai pra me ver eram meus pais. Hoje é sexta e eu já vou pra casa. Meu pai e um enfermeiro me colocaram na cadeira de rodas e meus pais me levaram até o carro.

Um amor pode mudar tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora