Capítulo 6

46 7 0
                                    

Acordei com a Amélia me balançando.

-Acorda Ju – falou ela – Tá na hora de ir pra escola.

-Eu não quero ir pra escola – falei.

-Eu sei que não – falou ela – Mas você não tem escolha – acrescentou mexendo no guarda-roupa e pegando uma calça e uma camiseta.

Depois de ela me trocar, eu tomei café e fui pra escola com meu pai. Passei as aulas conversando e rindo com o Erik e a Alice e na saída fui o caminho todo sem abrir a boca. O Pedro nem me olhava direito e isso estava ficando chato. Chegamos e eu fui almoçar.

-Ju não esquece que daqui a pouco você tem fisioterapia – falou o Pedro.

-Eu não vou – falei.

-Como assim não vai? – perguntou me olhando.

-Eu decidi que não vou mais fazer fisioterapia – falei dando de ombros.

-Por que não? – perguntou.

-Porque isso não é um desgaste só para mim, mas para os meus pais também – falei – E também eu não tive nenhum progresso em um mês.

-É o primeiro mês que você tá fazendo, não o oitavo – falou como se fosse óbvio – E você vai ir sim pra fisioterapia nem que eu te amarre e te coloque no carro – acrescentou e eu ri.

-Você sabe que mesmo que eu pare de fazer a fisioterapia você não perde seu emprego né? – perguntei.

-Sei – falou – Mas eu também sei o quanto você quer voltar a andar e eu não vou deixar você desistir assim – acrescentou e eu sorri.

-Obrigada – falei.

-Que milagre você tá me agradecendo e não me xingando – brincou e eu ri – De nada – acrescentou. Terminei de almoçar e fomos pra fisioterapia.

-Pra que você precisa do dinheiro? – perguntei no carro.

-Que? – perguntou confuso.

-Você falou que tava nesse emprego porque precisava do dinheiro – falei – Precisa pra que?

-Acho que você não precisa saber disso... – falou.

-Por que não? – falei e ele soltou um suspiro.

-Tá – falou – Minha mãe tem câncer e eu preciso do dinheiro pra pagar o tratamento dela – acrescentou.

-Desculpa, eu não deveria ter perguntado – falei me sentindo culpada.

-Não se preocupa você não sabia – falou.

-Se você quiser contar ou conversar sobre isso, pode contar comigo – falei – Eu sei que sou a pessoa menos indicada pra isso e que, provavelmente, eu seria a última pessoa que você procuraria caso quisesse conversar, mas eu só posso dizer que eu estou aqui...

-Obrigado – falou me olhando – De verdade – acrescentou e eu sorri. Enquanto eu fazia a fisioterapia vi o Pedro falando no celular, ele parecia preocupado.

-Pedro tá tudo bem? – perguntei.

-Tá... não – falou – Falta muito pra acabar a sessão? – perguntou e olhei no relógio, ainda eram 15:15, minha sessão vai até 16:30.

-Falta uma hora ainda, por quê? – perguntei.

-Nada – falou andando de um lado pro outro.

-Pedro – chamei e ele parou – O que aconteceu?

-O Paulo é o enfermeiro que eu pago pra cuidar da minha mãe e ele acabou de me ligar falando que ela está passando mal, mas ele não tem como leva-la pro hospital e eu não sei o que fazer – falou e, por um instante, eu achei que ele fosse chorar.

Um amor pode mudar tudoOnde histórias criam vida. Descubra agora