ODDG - Capítulo 3 - Virada Paranoica GQ

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Revisado 09.12.2018

Era exatamente 05h12min da manhã. Acreditem, os recursos humanos da Freedom Tower, tinham acabado de me ligar avisando que eu tinha que começar a trabalhar daqui algumas horas, isso mesmo, não daqui a três dias, daqui a três horas. Segundo Alyson, Nícolas tinha tirado quatro dias para ir ao Brasil para o SPFW. Logo eu tinha esse tempo para memorizar e aprender a dança que era trabalhar para o Themonium.

Revigorado, engoli o resto do café, preparei outra xícara para Alex e tomei uma chuveirada quente e rápida. Quando voltei ao nosso quarto, ele tinha acabado de sentar-se na cama. Alex era o meu namorido na época, nós estávamos juntos a mais de cincos anos, o conheci no banheiro da nossa universidade, ele estava vomitando muito depois de uma festa de uma irmandade qualquer.

— Já está vestido? — perguntou, procurando atrapalhado os pequenos óculos de armação de metal sem os quais ficava cego ― Alguém ligou de manhã ou eu sonhei?

— Não foi um sonho — respondi, me arrastando de volta para debaixo das cobertas, embora estivesse usando jeans e um suéter de gola rolê. Tomei cuidado para que o meu cabelo não molhasse seus travesseiros. — Foi Alyson. A mulher dos Recursos Humanos, da Freedom Tower, avisando que estão me esperando para começar os trabalhos ainda hoje.

― Hoje? Mais já? ― contestou ele.

― Segundo ela, esse é o momento ideal para aprender tudo que eu preciso, já que o chefe está no Brasil — respondi.

― E ela te ligou às cinco da manhã? ― indagou ele voltando a se deitar ― Isso que eu chamo de chegar cedo no trabalho.

***

Aurora estava muito pálida e desleixada em uma camiseta branca transparente, porém amassada, e calças cargo hiper na moda, estava me esperando na recepção, segurando uma xícara da Starbucks e folheando o número de dezembro. Seus saltos altos estavam sobre a mesinha de vidro, e um sutiã de renda preto estava à mostra através do algodão completamente transparente de sua camiseta, e o cabelo ruivo despenteado que caía sobre seus ombros faziam com que parecesse que tinha passado as últimas setenta e duas horas na cama.

— Ei seja bem-vindo — murmurou, lançando-me o primeiro olhar da cabeça aos pés, meu coração bateu acelerado. Ela falava sério? Ou estava sendo sarcástica? Era impossível saber pelo tom de voz. Meus pés já doíam e meus sapatos apertavam-se na ponta, mas se eu tivesse sido realmente elogiado por uma garota GQ, talvez a dor valesse a pena. Aurora olhou para mim mais demoradamente, e então, jogou as pernas para fora da mesa, suspirando dramaticamente.

— Bem, vamos começar. É realmente uma sorte para você ele não estar aqui — disse ela - Não que ele não seja ótimo, é claro, porque... ― acrescentou no que eu logo reconheceria, e passaria a adotar também, como a clássica Virada Paranoica GQ. 

Assim que algo negativo sobre Nícolas escapava dos lábios de um tagarela, por mais justificado que seja, a paranoia de que Nícolas descobriria amedronta a pessoa que estava falando e inspirava uma mudança de atitude radical. Um dos meus passatempos preferidos no trabalho se tornou observar meus colegas negarem rapidamente qualquer blasfêmia que tivessem proferido.

Aurora tinha sido promovida a assistente sênior de Nícolas, ela já tinha cumprido dois anos da sua sentença, mais um ano nessa tortura e ela poderia escolher qualquer cargo em qualquer revista. Eu ainda não entendi como ser assistente do Nícolas preparava alguém para ocupar qualquer cargo que seja em uma revista.

― Vamos começar, você tem muito a aprender nesses três dias ―disse Aurora.

Eu fiz um treinamento intensivo para me adaptar ao emprego. Aurora me ensinou a dança, eu era responsável pela vida pessoal de Nícolas, enquanto ela era responsável pela vida financeira e profissional, ou seja, ela ficava com o Glamour e eu ficaria com a escravidão, o pior que não era só isso. Minha rotina era basicamente acordar às cinco da manhã todo dia. Eu tinha que está no escritório as 06h15min, tinha que abrir o escritório.O senhor que me ajudou no capitulo passado? Então, John era seu nome, há muito tempo atrás uma assistente tinha feito um acordo com ele, uma quantia mensal era paga para ele separar todos os jornais e revistas que Nícolas lia pela manhã, acredite, ele lia todos em uma ordem especifica, John era responsável por isso, ele que indicou Bernadete para a função do café, por uma quantia similar.

O Diabo de Gravata (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora