ODDG - Capítulo 27 - A queda.

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Revisado 20.12.2018

Eu não desisti do Andrew, mas desisti de mim mesmo. Eu sou cruel. Sim eu sou. Talvez eu até goste, e isso por muito tempo deu certo para mim. Eu cheguei ao topo do mundo. Mas cheguei sozinho, e até Andy aparecer, isso não era um problema. Eu sempre tiver a mulher que eu quis, o homem que eu quis. Mas então eu me apaixonei por alguém que eu não posso ter.

Deixar Andy livre de mim era a melhor opção para nós dois. Eu só fazia mal para ele, e ele mexia demais comigo. Eu não me reconhecia perto dele. Andy rompeu todas as minhas barreiras, todas. Isso não era uma coisa boa.

O jato de água fria atingiu a minha pele quente, o ardor afastou os últimos vestígios de um passado do qual já nem me lembrava por inteiro. Fechei os olhos e entrei de vez debaixo do chuveiro, desejando que o medo e a náusea que tinha sobrado depois que eu sair daquele hospital escorressem pelo ralo. Meus pensamentos se voltaram para ele, Andrew Sashs. Em uma cama de hospital. Eu precisava desesperadamente dele, precisava me perder em seus braços e estava furioso por não poder fazer isso. Por não poder abraça-lo sem machuca-lo.

― Porra ― pus as mãos espalmadas sobre os azulejos gelados e deixei o frio me castigar. Eu sou um cretino egoísta.

Se eu fosse um homem decente. Eu tinha me afastado de Andrew no exato momento que eu vi, mas em vez disso eu pretendo me casar com ele. Mais isso levaria um tempo, eu precisava arrumar a minha vida, a minha mente, para recebe-lo. Eu ainda não estava preparado ainda. Tentamos e olha o resultado.

Ensaboei-me para lavar a camada de suor que cobria meu corpo quando acordei. Alguns minutos depois, voltei para o quarto e vesti uma calça de moletom antes de ir para o meu escritório particular em casa. Ainda não eram nem sete da manhã.

***

Meu olhar se dirigiu para a janela e para a vista de Manhattan antes de se concentrar na parede a minha frente. Na minha cobertura na Quinta Avenida, estava penduradas fotos minhas e Andrew, em eventos sociais e mais intimas feita por mim mesmo. Já passei incontáveis horas olhando para elas nos últimos meses. Antes observar a cidade era a minha forma de me achar em mim mesmo. Agora, eu fazia isso olhando para Andy.

Usei o mouse para tirar o computador de descanso de tela. Respirei fundo quando a tela mostrou uma foto de Andy fumando, eu odiava aquilo, mas deixava ali para me lembrar que ele também era humano, que ele errava.

Abrir meus e-mails, dei uma lida e escrevi algumas respostas rápidas. Queria tratar logo de assuntos que tinham chamado minha atenção de imediato.

Senti a presença dela antes mesmo de vê-la.

Virei lentamente e vi Rachel Thompson na minha porta, com as chaves do meu apartamento na mão. Estava arrumada impecavelmente, suas unhas de um vermelho vivo, seu cabelo negro elegantemente arrumados em cima de um par de saltos que as mulheres matariam para ter. Nem parece a minha pequena menina.

― Acordou cedo ― disse abrindo um sorriso.

― Eu ainda nem dormir ― disse ela se aproximando e deixando a bolsa Prada na minha mesa e sentando nela, ficando entre as minhas pernas, tirei seus sapatos para deixa-la mais confortável.

― Você estava aonde? ― quis saber.

― Em uma ilha do Pacifico coletando informações ― disse ela sorrindo e depois de dando um selinho ― mas senti que você precisava de mim, então eu vi.

― Eu acho incrível essa conexão que termo ― disse feliz. Rachel era a minha melhor amiga, minha companheira, nossa amizade rompia os limites do espiritual.

O Diabo de Gravata (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora