ODDG - Capitulo 08 - De Miami para Nova Iorque

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Eu ainda não acreditava na audácia que arrumei naquele dia. Logo eu? Que não tinha coragem de confrontar uma mosca, mas que tinha desafiado Nícolas Apolline três vezes.

― Não ― disse firme dando um passo para trás ― Não vou fazer isso ― coloquei o pano em cima da bancada da copa ― Eu vou até o Closet providenciar uma roupa para você se trocar e adiar o ensaio em 30 minutos ― disse saindo da copa. Eu não tinha perguntado se ele queria que eu fizesse aquilo, eu apenas faria, precisava de algo para me ocupar, senão acabaria voltando para a copa e transando loucamente com Nícolas. Eu tinha um namorado, eu não era de trair e não ia começar agora. Nem mesmo com o todo poderoso e gostoso Nícolas Apolline. Voltei primeiro para sala dele e lá encontrei Nigel e os outros editores de moda.

― Nícolas teve um problema com o café e roupas, por isso vamos ter que aditar o ensaio em 30 minutos ― disse. Eles me olharam espantados.

― Isso é sério? ― perguntou uma moça loira.

― Sim ― afirmei.

― O que estão esperando ― disse Nigel ― temos meia hora para rever a coleção, falar com os anunciantes, precisamos nos apressar, não é todo dia que recebemos uma segunda chance.

―Obrigado Andrew ― disse um editor.

― Você salvou as nossas vidas ― disse outro.

― Você é um anjo ― disse a loira.

― Não sei o que você fez, mas obrigado ― disse Nigel saindo, mas se virou antes de cruzar o portal da porta ― Andrew, eu estava errado, Nícolas fez uma ótima escolha em te contratar ― e foi embora.

Aurora olhava tudo estupefata.

― Diga para o Nícolas que ele já pode ir para sala dele, vou até o Closet pegar umas roupas e já volto ― disse para ela ― ele está na copa.

Sair caminhando pelos corredores da GQ. Era inevitável negar que eu me sentia atraído por ele. E Nícolas não me ajudava em nada, mas olha o que ele fez com a pobre Liz? Eu não poderia cair nas garras dele e virar mais um número. Cheguei ao andar do Closet e tinham várias moças, principalmente as assistentes de moda. Fiquei ali pelo que pareceu cinco minutos completos, poderia matá-lo? Eu me perguntei, considerando a probabilidade de ser pego.

Presumiriam automaticamente que tinha sido eu? É claro que não, todo mundo, pelo menos na GQ, tinha um motivo para isso. Mas eu tinha, realmente, as condições emocionais para observar a sua morte demorada, terrivelmente dolorosa? Bem, sim, isso com certeza, qual seria a maneira mais agradável de extinguir a sua existência deplorável?

Pedi ajuda para as assistentes e elas prontamente arrumaram um visual para Nícolas, me fizeram jurar que eu devolveria a cueca usada do Themonium para o closet ainda suja.

"Esse povo não tem senso"

Voltei para a sala de Nícolas, ele estava sentando na sua cadeira do jeito que deixei na copa, pegou as roupas e foi se trocar no seu banheiro, eu me virei e voltei para a área de assistentes.

― O que foi que você fez? ― perguntou Aurora ― porque ele estava com aquela cara?

― Eu não fiz nada ― disse.

"Esse é o problema"

― Você fez sim, ele saiu da copa com um olhar estranho, meio perturbado... ― começou Aurora, mas a interrompi.

― Eu estou falado que não aconteceu nada, só isso, ponto final, fim da história ― disse para ela. Que me olhou incrédula com a resposta.

***

O Diabo de Gravata (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora