CAPÍTULO FINAL DA FASE DOIS - Encontre informações sobre a fase três (a última fase de "O Jardineiro Amado") no capítulo que segue este.
O barulho da porta desabando foi ouvido de imediato por todos.
Antes que Isadora pudesse deixar o quartinho para ver o que acontecia, Joel entrou naquele lugar onde Medeia era torturada e ele agiu por instinto. Ao ver o pé ensanguentado de Medeia com o dedão cortado fora (a cama ensanguentada) e a enorme tesoura na mão de Neto, ele pulou sobre o ex-marido de Medeia, o atingiu com tudo.
Os dois homens alcançaram o chão. Joel, por cima de Neto, começou a socar o rosto dele. De novo, de novo. Neto largou a tesoura de jardinagem e Joel socava tanto o seu olho direito, que logo inchou e fechou, se tornou vermelho.
- Se finge logo de morto para parar de apanhar, seu idiota! Aprende a perder! – Isadora gritava para o seu pai.
Depois de bater até cansar, Joel levantou, puxou Isadora pelo braço e a jogou por cima de sua mãe na cama.
- Agora desamarra a tua mãe, sua piranha – Joel ordenou – Vai ficar tudo bem, meu amor. Agora vai ficar tudo bem. Eu estou aqui – ele dizia para Medeia, que chorava, enquanto ela seguia sendo desamarrada por Isadora.
Quando estava totalmente livre, Medeia fez o movimento para se jogar nos braços de seu amado Joel, mas nesse instante Neto se levantou e a agarrou. Ele manteve Medeia imobilizada cruzando o seu braço pelo pescoço dela e apontou para a sua cabeça o revólver que ele escondia por todo aquele tempo.
- Se afasta seu pirocudo de merda! – Neto gritou com apenas um olho aberto. – Ficou surdo?! Mete o pé! Cai fora. Abre passagem. Eu vou me mandar daqui com a sua vadia. Sai do caminho ou explodo os miolos dela aqui mesmo e você vai ver um monte de pedacinhos de cerebrozinho esparramados pelas paredes. SAI!
Joel não teve alternativa a não ser se afastar, ir para o lado liberando a passagem da porta e Neto saiu levando Medeia.
- Você incentivou tudo isso! – Joel acusou berrando e puxou Isadora pelo braço de novo.
- Ui! Cuidado. Se você for bruto assim, eu me apaixono de novo – Isadora disse e irritado, Joel a jogou longe, saiu correndo atrás de Neto e Medeia.
Isadora pegou o seu bebê e saiu correndo atrás de todos.
Neto corria e ia puxando Medeia pela mão.
Joel acelerou os passos da sua corrida. Mais, mais, então ele pulou, lançou todo o seu corpo como se mergulhasse e caiu por cima de Neto.
Medeia rolou para longe. Neto e Joel se embolavam a beira do pântano preto e Neto lutava para atirar enquanto Joel segurava para cima aquela mão dela que segurava o revólver, impedindo.
Então aconteceu. Eles rolaram para dentro do pântano preto e aquele era a pior parte do pântano que poderiam ter alcançado, porque ali a lama era movediça. Afundavam e lutavam pela posse do revólver. Afundavam e lutavam. Então afundaram por completo. Isadora e Medeia, apreensivas, não os viram mais.
POW! O revólver foi disparado lá embaixo, lá no fundo da lama. Vitória! Joel foi aquele que voltou a superfície, com o corpo, o rosto todo tingindo de preto, de lama. Medeia ignorou a dor no seu pé mutilado e correu para ajudá-lo, estendeu a mão e o puxou para fora, para a terra firme.
Então um monte de lama preta foi lançada para o alto porque Neto subiu também. Ele tinha o revólver na mão.
- Me ajuda Isadora. Me ajuda minha filha. Eu não vou conseguir mexer os pés por mais tempo. Me puxa pra terra. Eu tenho o revólver, eu vou atirar nos dois, eu vou matar os dois. É o que você quer também! – Neto a pediu.
- Escute a sua consciência, Isadora. É o seu destino. Você pode mudar o seu destino. Faça a escolha certa – Medeia a disse abraçada a Joel.
Então Isadora o fez. Primeiro ela ameaçou estender a mão para o pai, mas logo em seguida meteu um chute na cabeça dele e o fez afundar para sempre.
- Agora me dê o bebê – Medeia a disse.
- Jogue-a no pântano junto com o pai! – Joel se intrometeu. – Ela não vai mudar, não vai mudar nunca. Ela precisa morrer para que a gente tenha paz!
- Para Joel! Ela vai me entregar o bebê e vai tomar o rumo dela. Não é o que você vai fazer, Isadora? Em paz. Você não quer que o seu bebê sofra, não quer que eu sofra.
- Me chama de "filha" – calmamente Isadora a pediu.
- Minha filha.
Então Isadora riu. Bastante. Mas em contrapartida uma lágrima escapou de seu olho esquerdo mesmo assim.
- Ai, te odeio mamãe. Sabia disso? – Ela perguntou. – Eu te odeio pra caralho.
E quando terminou de dizer Isadora jogou o seu bebê dentro do pântano como alguém que dispensava um saco de produtos.
Medeia se jogou no pântano para salvar o seu neto sem pensar e Isadora correu floresta à dentro. Fugiu sem ser mais vista.
Joel puxou Medeia que agora tinha o bebê que chorava muito em seus braços. Os três, inteiramente cobertos de lama preta e pegajosa se abraçaram, bem apertado e caíram ajoelhados chorando todos juntos.
Noemi dirigia, o seu marido ao seu lado. Eles já chegavam próximo ao centro da cidadezinha rural. Noemi não havia aguentado mais esperar por notícias de Medeia que nunca chegavam enquanto o seu mau pressentimento só crescia.
Enquanto ela estacionava em frente à pequena farmácia de remédios naturais, o seu marido começou a correr a mão por sua pena, subindo. Sabia que ela não usava calcinha por debaixo de sua saia.
- Dá um tempo cara! Está pior do que aqueles hamsters que ficam roçando na gente – Noemi disse e saiu do carro.
Algumas pessoas logo se aproximaram.
- Com licença. Eu estou procurando por...
Mas Noemi logo entendeu que a pequena aglomeração de pessoas que ia se formando, se juntando olhava para algo mais distante e ela se virou para olhar naquela direção também. Lá vinha Joel e Medeia com o bebê. Cobertos de lama preta, exaustos.
- O quê? Mas o quê? – Noemi nem sabia por onde começar e muito menos eles.
UM MÊS DEPOIS
Que tarde linda. Céu claro. Poucas nuvens a vista. Medeia havia retornado para a casa grande de dois andares que foi a sua primeira moradia quando ela se mudou para o campo. Não se preocupava com as memórias de tudo de ruim que havia vivido ali porque agora só o feliz futuro a importava. Ela estava no jardim da frente plantando mudas de rosas brancas junto com Joel. Como sempre ele se distraia. Logo largava as mudas e começava a beijar os ombros dela, o pescoço.
- Para, o Ulisses está bem aqui – Medeia disse sorrindo.
- E daí? Ele é só um bebê. Um lindo bebezão que ainda não entende nada disso que estamos prestes a fazer.
Medeia retirou o bebê de dentro do berço feito de palha trançada em formato de cestinha. Ulisses. O nome que ela havia escolhido para o seu neto. O bebê gordinho tinha o seu bracinho engessado. Havia quebrado quando foi atirado dentro do pântano por sua mãe Isadora.
Joel beijou Ulisses na testa, depois beijou Medeia na testa, abraçou os dois e juntos eles observaram as rosas, porque de repente, eram as coisas mais lindas de todo o mundo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Jardineiro Amado
RomanceIMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS - LINGUAGEM OBSCENA, CENAS SEXUAIS E VIOLÊNCIA. Uma nova vida na zona rural da cidade com o seu marido desinteressante e sua problemática filha adolescente é o ponto de partida que a dona de casa Medeia precisava p...