- Medeia Ferraz Santana, eu a considero inocente da acusação de assassinato de sua filha – o juiz finalmente disse e de imediato Noemi e Joel comemoraram. – O ato de legítima defesa é fundamentado – e concluindo o juiz bateu o martelo.
- Eu chupei o homem – Tony então disse bem baixo ao ouvido de Noemi.
- Você fez o quê?!
- Todos nós sabemos que ele tem um problema com mulheres e nunca fica do lado de mulheres nos julgamentos, então eu dei uma ajuda antes. Descobri do que ele gostava. Dei uma chupada nele antes do julgamento. Bom, funcionou para que ele ficasse do nosso lado. Não funcionou?
- Eu nunca imaginei que diria essa frase, mas "obrigada por chupar o juiz"! – Medeia disse feliz e abraçou Tony.
- Então essa é a nossa história? É assim que acontece o nosso definitivo final feliz? Com a sua liberdade garantida graças à uma chupada? – Joel questionou.
- E quando foi que mesmo por um segundo você achou que o nosso "felizes para sempre" seria igual ao de todo o mundo? – Medeia perguntou e eles se beijaram. Aliviados.
Os finais felizes não são iguais para todos. Com toda a certeza. Medeia acertou em cheio ao afirmar aquilo. Uma prova foi o aparente final feliz de Noemi e Tony. Porque eles não se mudaram para um castelo, não tiveram vários filhos, Noemi não usou vestido branco e nem Tony saiu com ela sobre um cavalo. Ao invés de qualquer uma dessas alternativas, Tony e Noemi se uniram para dar aulas para casais que queriam obter a vida sexual perfeita. Cobravam um valor simbólico dos casais alunos, afinal não precisavam, eram ricos. Só faziam aquilo porque era o que os alegrava. Noemi e Tony abriam o seu apartamento grande uma vez por semana para meia dúzia de casais e realmente transavam na frente deles, davam dicas, mostravam as posições que mais funcionavam e os "lugares certos onde deveriam ir". Era um sucesso e quando a fama se espalhou mais e mais casais queriam se inscrever para as aulas. O que alguém poderia dizer sobre aquilo? Existem vários tipos de casais. Aqueles que encontram o final feliz fazendo caridade, aqueles que cuidam de animais, que fazem arte, que viajam juntos... Noemi e Tony formavam o casal que foi feliz para sempre ensinando o máximo sobre saudável putaria que podiam. Funcionou plenamente para eles assim.
O tempo voa. De repente lá se foram mais três anos e Medeia era uma mulher de 45, Joel um homem de 35.
Medeia usava um esvoaçante vestido todo feito de renda branca. Ela saiu no quintal da frente de sua casa. Que bela manhã. Tantos feches mornos e reconfortantes de raios de sol por dentre as folhas das árvores, das plantas. Ela não via o seu marido Joel ou o seu pequeno filho Ulisses agora com cinco anos (a quem ela insistia em chamar de neto e não filho, fiel a memória de Isadora, a verdadeira mãe) ou a sua pequena filha Anna Bianca agora com três anos, mas ela podia ouvir as vozes deles na distância.
- Mamãe, mamãe – ela ouvia. – Meu amor? Medeia? – ela ouvia também.
Foi quando ela se virou. Isadora. Estava ali. De pé a sua frente.
- MÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃEEEEEEEEEEE! – Isadora escancarou a sua boca para gritar e pulou sobre ela com as suas mãos feito garras, como um animal peçonhento, mortal.
Então Medeia acordou. Um pesadelo. Ela esfregou bem o seu rosto com as mãos. Olhou para o lado da cama. Lá estava o seu Joel, o seu jardineiro protetor. Ela o abraçou e se sentia de volta a sua realidade segura outra vez.
Mais tarde naquele mesmo dia, ao menos aquela parte boa do início do sonho/ pesadelo de Medeia se concretizava. Ela realmente usava o seu vestido tão leve, tão confortável, de saia cheia rodada todo feito em renda branca e o dia realmente estava lindo, morno, com várias borboletas ali pelo quintal da frente.
Joel estava em um ponto mais isolado do jardim com Ulisses, agachado com o menino, o ensinando tudo sobre jardinagem. Medeia estava do outro lado com a sua pequena Ana Bianca e agora as duas observavam aquela única rosa vermelha, tão alta, tão isolada que crescia firme ali de forma tão incomum.
-Então essa rosa é da minha irmã, mamãe? – Anna Bianca perguntou com sua voz pequena.
- É sim, meu anjinho. Que bom que você se lembra. É uma homenagem a ela. Isadora era o seu nome.
- E ela era um anjinho igual eu sou?
- Ela... A sua irmã Isadora era... Diferente.
- Ela era bonita?
- Ela era linda.
- Eu vou ser igual a minha irmã Isadora quando eu crescer.
- Só na beleza. Em nada mais. Só na beleza.
Mas Ulisses se aproximou puxando a irmãzinha para ir brincar na terra com ele e logo ela não prestava atenção mais. Joel se aproximou e tanto ele quanto Medeia ficaram observando os dois pequenos brincando, correndo próximo às flores.
- Você cultivou flores lindas. Você é um ótimo jardineiro – Medeia o elogiou.
- E você me deu uma família linda.
- Olhe só para eles. Olhe só para a Anna em particular. E se a história toda se repetir, Joel? E se assim como a Isadora fez, a Anna também...
- Não vai se repetir. Nada disso. A nossa paz e felicidade agora é para sempre.
- O que te garante isso?
Foi quando Joel a abraçou. Tão forte e poderoso, Joel agarrou Medeia naquele braço e a levantou do chão. Os pés de Medeia ficaram balançando alguns centímetro do chão no ar, enquanto o seu corpo pressionava contra o dele no abraço e os seus olhares estavam conectados.
- Eu tenho certeza porque a felicidade nos pertence. A felicidade pertence para todos aqueles que amam, mas só para que os que amam de verdade.
- Você me ama de verdade?
- É a única certeza que tenho nessa vida cheia de folhas secas e galhos quebrados. Você. A minha rosa em meio ao todo o cinza.
E Joel aproveitou que as crianças não olhavam para meter a sua mão por debaixo do vestido leve dela, sentiu a umidade de seu sexo, a textura de suas nádegas.
- O que você vai dizer. Hein? – Joel queria saber. – Vai repetir que eu sou mesmo um bom jardineiro?
- Não. Você não é só um bom jardineiro. Você nunca foi apenas isso. Você sempre será o meu jardineiro amado.
E eles se beijaram. As crianças não paravam de rir e correr e se divertir.
Joel girou Medeia no ar.
Os pássaros cantavam.
FIM
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O Jardineiro Amado
RomansIMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS - LINGUAGEM OBSCENA, CENAS SEXUAIS E VIOLÊNCIA. Uma nova vida na zona rural da cidade com o seu marido desinteressante e sua problemática filha adolescente é o ponto de partida que a dona de casa Medeia precisava p...