- Eu sou uma mulher difícil – Noemi disse para o homem quarentão com o peitoral coberto por pelos grisalhos, corpo forte, que abraçava o seu corpo nu agora em sua cama.
- Eu acho que eu dou conta.
- Outros tentaram e não conseguiram. O que você teria de diferente?
- Um pau grande.
- Sinto desapontar, mas já encontrei maiores. O que mais?
- Eu sou rico.
- Eu já me mantive cinco meses sexualmente fiel a um homem que é o dono de 15% do total de ações mundial do McDonald's. Aquilo era "ser rico de verdade". O que mais?
- Eu amo você – ele disse por fim.
- Crianças dizem isso. Continue. Você tem uma última chance – Noemi se manteve fria, implacável – Eu consegui. Não consegui? – Ela continuou perguntando perante o silêncio dele. – Provei que eu sou difícil. Finalmente acredita?
- Eu só cansei de usar palavras. As ações são muito mais efetivas - e ele começou a lamber e mordiscar os seios de Noemi. Ela ria extremamente contente.
O seu celular tocou. Era Joel.
- MEDEIA FOI PRESA?! – Noemi gritou após ouvir as péssimas notícias que Joel tinha a dizer.
Ela se enfiou dentro de um sobretudo e anunciou que naquele mesmo instante partiu para a zona rural em socorro a sua melhor amiga. O quarentão forte e grisalho, o seu mais novo caso, insistiu em ir junto. Noemi apenas aceitou quando considerou a possibilidade que ao menos teria o corpo dele durante a viagem de algumas horas para aliviar as suas tensões quando precisasse.
Joel tranquilizava Medeia. Ele tinha aquele poder especial. Bastava que ele estive junto a ela para que Medeia toda a calmaria e segurança do mundo inteiro. Naquele momento, Joel abraçava. Medeia pressionava o seu nariz contra o pescoço dele para sentir todo o seu natural aroma másculo do qual ela nunca se cansava. Logo, Joel passava a sua mão devagar pela cintura dela, guiando até a sua bunda. Antes que percebesse, Medeia já roubava um beijo, já era tomada pela necessidade de levar a boca até ao peitoral dele. Em um piscar de olhos, ele já a levantava com seus braços poderosos e ela se encaixava no colo dele, coxas cruzadas em sua cintura. Medeia agarrou o cabelo dele. Estavam entregues ao prazer. Intensamente. Mais uma vez.
Foi quando Medeia acordou naquela desconfortável banqueta de concreto frio dentro da cela escura. Tudo foi um sonho. Ela permanecia atrás das grades. Só acordou (com muita dor nas costas por estar tão grávida e ser obrigada a deitar naquela superfície cruelmente dura) porque a policial soprou o apito e abriu a cela. Porque era a hora única do dia quando podiam sair para pegar a luz do sol no pátio lá fora.
Mas Medeia se recusou a ir e foi a única restante na cela. Sentada ali, ela encarava os cantos encardidos do pequeno cômodo, viu ratos correndo de um canto a outro e baratas escalando as quinas das paredes e teve vontade de chorar, até que a dor a atingiu em cheio. Medeia levou a mão até a sua grande barriga. Sabia o que significava. O seu bebê estava nascendo.
Nem por um segundo ela considerou gritar por socorro. Medeia simplesmente arrancou o vestido que usava, ficou apenas com sutiã e forrou a banqueta com a peça. Ela se deitou. Ela fez força sozinha. Ela levou a sua sandália até a boca para morder, para suportar a dor e então o seu bebê ia saindo de dentro dela. No final, ela puxou o seu bebê para fora sozinha. Finalmente descobriu (já que preferiu ter a surpresa na hora). Era uma menina.
Nesse instante, policiais chegaram ao corredor e observaram a cena dentro da cela com grandes olhos apavorados e arregalados. Um bebê recém-nascido sobre a banqueta forrada com o vestido, Medeia deitada de pernas abertas ali, muito sangue.
- Consigam uma tesoura limpa, desinfetada, para que eu corte o cordão umbilical. Eu só peço isso – foi tudo o que Medeia disse.
Mais tarde, no horário das visitas, no pátio Medeia tinha o seu bebê no colo e sentados ao seu lado estavam Joel e Noemi.
- Minha filha, minha filha – Joel ficava repetindo, hipnotizado, e a pequena precisava usar sua mão inteira para segurar um único grande dedo dele.
- Como irão chamá-la? – Noemi perguntou.
- Anna Bianca – Medeia respondeu.
- E qual é o plano definido para evitar que ela seja uma nova Isadora nas suas vidas? Vão observá-la de perto e se ela demonstrar os primeiros traços de psicopatia irão jogá-la na fogueira, cortando o mal pela raiz?
Joel e Medeia então apenas observaram Noemi em silêncio.
- Ah, pelo amor de Deus. Foi uma piada. Se depois de todo esse tempo, vocês ainda não compreendem o meu senso de humor, eu realmente não sei se são mentalmente lerdos ou o quê.
- Anna Bianca será perfeita – Medeia se resumiu a dizer olhando para ela.
- E no entanto ela teve que nascer aqui, dentro dessa prisão, desse inferno. Eu nunca irei me conformar com isso – Joel disse revoltado.
- Medeia continuará aqui por pouquíssimo. Acabei de conseguir um julgamento para você já ao fim dessa semana – Noemi anunciou.
- Já? Como? O que fez para conseguir.
- Tony conseguiu. Ele molhou a mão de alguns policiais com alguns bolinhos de notas de R$100, ele fez sexo oral na delegada daqui. Até que foi fácil.
- Tony? Quem diabos é Tony?
- O meu novo caso. Ele é assim. Ele ama subornar, ama chupar vaginas e diz que me ama, fazendo qualquer coisa por mim e para os meus melhores amigos. Quer melhor do que isso?
O julgamento realmente aconteceu quando prometido. Todos estavam no tribunal naquela tarde. Medeia, Joel que tinha Anna Bianca nos seus braços, Noemi que tinha o menino Ulisses em seu colo e Tony que estava próximo ao advogado muito caro e de fama internacional que havia custeado para defender Medeia.
O juiz ouviu os pontos da acusação pública que pedia uma pena de 15 anos de prisão para Medeia e ouviu a gravação da ligação onde Isadora se fazia de vítima prestes a ser assassinada pela própria mãe. Ele também ouviu os pontos da defesa, que sustentavam o caso de legítima defesa e ouviu os depoimentos de Joel e Noemi. Mas não existia qualquer certeza quanto a sentença. A única coisa (preocupante) que sabiam era que aquele juiz tinha um histórico de nunca dar a vitória para mulheres nos casos que julgava.
- Já cheguei a um veredito – o juiz começou – Medeia Ferraz Santana, eu a considero...
Inocente? Culpada? O coração de Medeia que esperava corria acelerado.
NA PRÓXIMA POSTAGEM... O ÚLTIMO CAPÍTULO.
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O Jardineiro Amado
RomanceIMPRÓPRIO PARA MENORES DE 18 ANOS - LINGUAGEM OBSCENA, CENAS SEXUAIS E VIOLÊNCIA. Uma nova vida na zona rural da cidade com o seu marido desinteressante e sua problemática filha adolescente é o ponto de partida que a dona de casa Medeia precisava p...