6. Noite entre famílias.

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Kali

Ele morreu na manhã seguinte. Todos já estavam esperando, mas mesmo assim, foi horrível. Minha mãe ficou deitada do seu lado até os médicos leva-lo para o necrotério. O funeral foi no dia seguinte e depois disso ninguém mais se falou. Dani ficou distante, Anthony resolveu que ele precisava de um tempo fora de Greenville, então ele pegou Nadia e as crianças e logo viajaram. Chase nem sequer apareceu. E foi essa guerra de silêncio por quase uma semana.

O relógio marca 4h da manhã, e mesmo assim eu não consigo dormir. Me pego sentada na cama, olhando para parede pensando e repensando tudo que nós poderíamos ter feito por ele antes da doença se agravar totalmente. Fecho os olhos e respiro fundo. Sinto uma respiração perto do meu pescoço e logo um beijo no meu ombro.

— Você está bem? — pergunta Leona fazendo uma massagem nos meus ombros.

— Sim. — solto um pequeno sorriso — Só não estou conseguindo dormir.

— Você precisa tentar. — diz ela voltando a se deitar — Hoje é o grande jogo da Rose. Os investidores vão estar lá e ela pode até ganhar uma bolsa em uma das melhores faculdades do mundo, você vai ter um dia cheio. Precisa descansar um pouco.

Respiro fundo e deito ao seu lado colocando minha cabeça sobre o seu peito.

— Você acha que devo convidar o Ethan?

— Ele é pai dela, Kali.

— Mas depois de tudo que ele me disse... eu...

— Ele é pai dela! — repete novamente com um tom de voz mais firme — Ele estava com medo, isso é normal. Ninguém vem com um manual de instruções de como ser o pai perfeito.

— Falando nisso, como estão as coisas com a Sarah? — a encaro.

Leona desvia o olhar para o outro lado, bem pensativa.

— Está indo. — diz com certa dificuldade — Só que é muito difícil. Eu não a conheço, Kali. Não sei nada sobre ela. Não sei o que ela gosta e o que ela não gosta, não sei quem foi a primeira pessoa que ela gostou na vida. Não sei qual professora ela amava mais e qual ela odiava. Eu olho pra ela e sei que ela é minha filha, mas tudo que eu consigo pensar e sentir é que eu não conheço e nunca vou conhece-la completamente.

— Não fala assim.

— É a verdade. Eu não sei nem o que Olivia falava pra ela. — bufa — Isso é frustrante.

Viro o rosto dela pra mim e a encaro com um sorriso no canto dos lábios. Passo meus polegar lentamente pelo seu queixo.

— Logo as coisas se ajeitam, você vai ver. E ela vai ver como a mãe dela é maravilhosa.

— A mãe dela é maravilhosa? — Leona ri e arqueia sua sobrancelha.

Nós rimos.

— Muito.— inclino meu corpo pra frente e sussurro em seu ouvido — E muito gostosa também.

Ela riu novamente e me beijou. Ah, meu Deus! Eu sou completamente apaixonada por essa mulher.


Sarah

Eu já estou quase pronta. Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo e coloco uma das roupas que Kali havia comprado pra mim. Até que não está tão ruim assim. Eles estão programando de todos nós irmos almoçar no clube pra comemorar o grande jogo da Rose e deseja-la boa sorte. Parece que esse jogo é bem importante pra ela. Sento na poltrona e volto a ler meu livro esperando todas acabarem de se arrumar.

Rose volta para o quarto toda molhada e com uma toalha enrolada em seu corpo, seu cabelo estava molhado e um pouco bagunçado. Ela está atrasada, sai abrindo todas as gavetas e as portas do seu closet. Sem tirar o livro da minha frente, desvio o olhar pra ela. Ela estava reclamando sobre alguma coisa que eu não faço a mínima ideia do que seja. Ela está tão nervosa que sua bochecha estava completamente vermelha. Ela fica na frente do espelho por quase dois minutos tentando colocar seu colar. Levanto e vou até ela.

Não ouse me entender | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora