21. Não se atreva a me deixar.

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Leona

Eu estava desesperada. Não aguento ficar nem mais um segundo naquele lugar. As horas parecem não passar. Eu não sei se já é noite ou ainda continua sendo dia. Isso está me enlouquecendo, eu estou exausta. Minha perna estava queimando tanto, que parecia que alguém colocou fogo nela. É horrível essa sensação.

Depois de tanto chorar, Sarah finalmente conseguiu cochilar um pouco. Eu preciso molhar o rosto. Com muito sacrifício, consigo me arrastar até o banheiro, mas a corrente a qual eu estava presa, não ia muito longe. Vou me escorando na parede até conseguir ficar de pé, me sustentando apenas na perna que está boa. Tem um pequeno espelho na parede por cima da pia. Olho meu reflexo no espelho por alguns segundos. O que eu estou fazendo? Eu precisava de bolar alguma plano que tire nós duas logo daqui. Tudo em minha volta começa a rodar, tenho a sensação de que vou cair a qualquer momento.

— Você está bem? — pergunta Sarah me segurando pelo braço.

Respiro fundo e sacudo a cabeça em sinal de sim.

— Você não pode ficar andando. Vem, eu te ajudo a voltar. — diz ela, colocando meu braço em volta do seu pescoço. 

Sarah quase se embola na corrente. Ela me ajuda a deitar no colchonete que está perto da parede. Minha cabeça parecia que vai explodir a qualquer momento. Eu estou com mais frio do que o normal. Ela me cobre com um manto velho que estava em cima do outro colchonete, e se senta ao meu lado. Ficamos assim por bastante tempo, sem falar nada. Sarah fica olhando para a parede, bastante pensativa, como se tivesse com o pensamento em qualquer outra lugar, menos aqui.

— Está pensando no que? — pergunto baixo.

— Em como te tirar daqui. — ela me olha — Você está piorando.

— Dizem que vaso ruim não quebra. — brinco, mas ela não ri.

— Como você consegue brincar com algo sério acontecendo? — pergunta brava — Você não liga como a vida das pessoas ao seu redor vão ficar se você morrer? Já pensou como a Kali se sentiria? A Rose? Isso tudo só está acontecendo porque eu te coloquei no meio disso. Então, por favor, se puder parar de fazer piadas e me ajudar a pensar em alguma coisa.

Ela tem razão. Se não encontrássemos um jeito de sair daqui agora, eu posso morrer a qualquer momento. Já perdi muito sangue. Levo a mão na minha perna, e o sangue já encharcou a minha calça jeans. Olho para o banheiro por alguns segundos e uma ideia brilhante vem na minha cabeça.

— Eu tenho uma ideia. — aviso — Mas você vai ter que fazer exatamente o que eu estou te falando, então escuta com atenção.


Rose

Acho que nunca corri tanto na minha vida. Tentei ligar pra minha mãe varias vezes, mas nada dela atender. Quando Lucas e eu chegamos em casa, tinha quatro viaturas da policia paradas na rua. A porta de casa estava aberta e minha mãe estava acompanhando os policiais até o lado de fora. Tio Tony vem em nossa direção com uma cara não muito boa.

— Alguma noticia? — pergunto preocupada.

— Ainda não. Os policiais estão colocando anúncios. Vão olhar as câmeras de segurança da loja para verem em qual direção eles foram. — ele me olha sério — Estou tentando manter as esperanças de sua mãe lá em cima. Mas, os policiais disseram que se o Sebastian não entrar em contato para tentar negociar nas próximas horas, isso não é um sequestro. Pode ser que...

— Ele já tenha matado elas. — completo.

— Eu sinto muito, mas não tem mais nada que nós possamos fazer.  

Não ouse me entender | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora