3. Leve-me ao passado.

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Sarah

Sinto o cheiro de comida passear pela casa e logo chegar até a sala de estar, onde estou folheando uma biografia super chata de um zé-ninguém super chato. Eu estou com muita fome, muita mesmo. Fico a manhã toda pensando nas coisas que falei pra Kali, e talvez eu tenha sido um pouco grossa com ela. Tanto faz. Eu não vou me desculpar, não mesmo. Andando até a cozinha e pego uma maçã na fruteira que está em cima da mesa. Kali permanece calada, cozinhando e não move um músculo sequer quando me escuta chegar. Ela está picando algumas coisas e volta e meia ela mexe na panela.

— O cheiro está bom. — falo quebrando o silencio.

— Risoto de camarão. Você gosta? — pergunta sem me olhar.

— Meu preferido.

Ela me olha e dá um pequeno sorriso e volta sua atenção para a cebola que está cortando.

— Quer ajuda? — pergunto.

— Só se você souber fazer um risoto de camarão.

— Espera, você está cozinhando algo que não sabe fazer? — solto uma risada.

— Eu não sou muito boa na cozinha. E o Google me ajuda bastante. — ela ri mostrando seu celular.

— Vou fazer o melhor risoto de camarão que você já comeu.

— A cozinha é toda sua, Chefe. — ela dá uma ênfase em chefe — Mas tenho uma condição.

— Diz.

— Posso te chamar de Sarah?

Respiro fundo e a encaro. Não adianta nada eu ficar lutando contra isso e talvez não tivesse nada de mal em aceitar ser essa tal Sarah por alguns meses.

— Tudo bem. — respondo com um pequeno sorriso.

— Então, mãos a obra.

Pra falar a verdade eu também não fazia a menor ideia do que estava fazendo, mas o Google ajudou muito, eu confesso. Obrigada, tecnologia. Demorou mais tempo do que o esperado, mas nós conseguimos fazer o risoto e ficou muito bom, pelo menos para um primeiro risoto de camarão. Quando acabamos, Kali e eu ficamos conversando na cozinha esperando Rose chegar da escola. Ela me conta praticamente a vida da Rose toda e ela tem bastante história pra contar, é uma mais engraçada do que a outra. Conto pra ela algumas das boas histórias que eu ainda tenho pra contar de Oregon. Nós rimos tanto que não escutamos quando Rose chegou, mas pelo visto ela já estava parada nos olhando da por há alguns minutos.

— Alguém andou cozinhando, o cheiro está ótimo. — elogia entrando na cozinha.

— Meu amor, eu não ouvi você chegando. — Kali levanta para cumprimenta-la.

— É, parece que vocês estavam realmente se divertindo aqui. — indaga Rose com um tom de ironia.

— Ah, ela está com ciúmes! — afirma Kali apertando suas bochechas.

Dou uma risa e Rose revira os olhos.

— Eu não estou com ciúmes. — murmura.

— Ela está com ciúmes. — afirmo rindo.

— Ela é como o nosso risoto.

— Como assim? — pergunta Rose.

Nós rimos.

— É uma piada nossa. Vamos almoçar, estávamos te esperando senhorita ciumenta. — diz Kali arrumando a mesa.

— Não vamos esperar Leona para almoçar?

Não ouse me entender | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora