16. Sangue do meu sangue.

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Rose

A aula parecia não acabar nunca mais. Eu não aguentava mais ficar sentada ali. Na minha cabeça passava mil coisas. Eu ainda não tive coragem de contar para Sarah sobre o Sebastian e toda vez que ela demorava cinco minutos para chegar do trabalho, eu já ficava inquieta. Leona quase nunca estava em casa, e minha mãe quando estava, ficava em ligações pelos cantos da casa, pensando que eu não sei o que está realmente acontecendo.

Eu estava colocando meus livros no armário, quando Lola chegou me dando um puta susto. Dou um pulo e todos os livros acabam caindo no chão.

— Vejo que alguém está bem distraída hoje. — diz ela se escorando no armário ao lado do meu.

— Não, é que..

— Já contou pra ela? — seu tom de voz é sugestivo, como se eu soubesse de quem ela tá falando. E eu sei muito bem. — Já contou sobre o bastardo do padastro?

— Ainda não. — respondo rapidamente.

— Você precisa contar pra ela.

Lola paralisa. Ela olha pra alguém que está em pé atrás de mim. Olho pra trás e lá está Connor, parado nos olhando. Ele está diferente, com um novo corte de cabelo. Ele parecia um pouco mais velho, por mais que só tenha se passado algumas semanas. Como uma pessoa pode mudar tanto em tão pouco tempo?

— Connor! — falo surpresa.

— Ei, Rosy!

Ele me abraça e Lola continua parada, olhando para ele sem saber como reagir. Ele logo me solta e vai abraça-la. Lola quase começa a chorar, mas ela é durona demais pra chorar no meio do corredor da escola.

— Quando você chegou? Ah meu Deus, os papais já sabem que você está aqui? Como foi? Espera, o seu intercambio não acabou, por que você voltou? — Lola o bombardeia de perguntas.

— São muitas perguntas. — diz ele rindo — Escuta, tem como você ligar para o pai? Meu celular descarregou quando eu estava vindo pra cá. Prometo que te conto tudo no caminho pra casa.

— Claro, meu celular está no meu armário, já volto.  

— Vamos te esperar lá fora. — avisa.

Lola assente com a cabeça e vai andando até seu armário, enquanto Connor e eu fomos para a entrada da escola. Ele coloca as mãos no bolso e vai andando calado.

— Como foi Londres? — pergunto puxando conversa.

— Foi bom. A cidade é maravilhosa... e as pessoas lá.. são ótimas.

— E encontrou seus pais biológicos?

Connor fica em silencio e me olha com um sorriso sem graça.

— É complicado. Eu desisti. — resmunga.

— Você não desiste só porque as coisas estão difíceis. 

— Meu pai biológico estava preso, por homicídio. Voltei na primeira semana que soube. — confessa — Eu me encontrei com ele e nós somos exatamente iguais... na aparência. Ele me disse que a mulher que me deu a luz está internada em uma clinica há algumas horas daqui. Eu passei esse último mês lá na cidade dela e...

— Ai meu Deus, Connor. Eu sinto muito. — o interrompo colocando a mão sobre o ombro dele.

— Está tudo bem. Eu só não quero vê-los nunca mais. — respira fundo — Posso te pedir uma coisa?

— Qualquer coisa.

— Não conta nada para a Lola, não quero que ela saiba disso. Não quero que ela se decepcione.

Não ouse me entender | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora