Não ouse me entender | lésbico

8. Eu sou o caôs.

✧ Rose

Vou andando pra casa tão distraída, que por um momento quase sou atropelada. Tudo está confuso demais dentro da minha cabeça. Tudo que Sarah me contou... imaginar ela naquela situação faz meu coração partir em um milhão de pedaços. Quando chego em casa, vejo uma pessoa sentada na escada e de cabeça baixa. Na medida que me aproximo, pude notar que é Connor. Eu estou exausta, não quero ver ninguém e nem falar com ninguém no momento, mas ele não viria até aqui se não fosse algo importante.

— Ei. — falo sentando ao seu lado.

— Ei... Rosy.

— Por que está aqui fora? Não está sentindo frio? Minha mãe não abriu a porta pra você? — pergunto.

Ele parece nervoso, toda hora fica mexendo o pé e mal conseguia me encarar. Ele discorda com a cabeça.

— Na verdade, eu não toquei a campainha. — murmura Connor.

— Eu não estou entendendo mais nada.

— Eu precisava falar com você, e não podia esperar ate amanhã. Se eu fizesse isso, então minha coragem ia desaparecer e eu preciso colocar tudo pra fora.

— Do que você está falando, Connor? — pergunto totalmente confusa.

Ele respira fundo e me olha com uma cara de quem tinha mil coisas pra me dizer, só não sabe como começar.

— Eu.. vou ir embora — conta com certa dificuldade.

Arregalo os olhos e fico completamente muda e imovel.

— Embora? Como assim? — pergunto confusa.

— Eu vou pra Inglaterra esse final de semana. Vou fazer intercambio por alguns meses e também eu vou procurar meus pais biologicos. — responde  ainda sem me olhar.

— É isso que você quer?

Connor respira fundo e continua calado. Olho pra frente sem dizer nada. Mil coisas se passam pela minha cabeça e eu ainda não sei o que dizer. Depois de longos minutos calados, ele decide finalmente quebrar esse silencio.

— A não ser que você consiga me dar um motivo para ficar.

Eu o olho séria.

— Lembra quando você e a Lola chegaram? — pergunto desviando meu olhar para as folhas que estão caídas no chão — Você mal conversava, pois tinha medo de que nós não iamos gostar de você ou aceitar vocês na familia.

— Onde você quer chegar com isso? — pergunta.

— Antes de vocês chegarem, tudo parecia normal. Parecia que a familia já estava completa e não sobrava espaço pra ninguém mais. Só que no segundo que vocês colocaram os pés na casa do tio Dani, eu soube. — faço uma pausa e o encaro — Vocês são nossa familia, Connor. Sabe os pássaros, quando eles nascem são livres? O maior erro dos seres humanos é prender eles na jaula. — pego sua mão e ergo meus olhos deixando-os fixados nos seus — Não quero ser esse ser humano que vai te prender na jaula. Você significa o mundo pra mim. Mas, eu não posso te pedir pra ficar pelo motivo que você quer que eu peça. Somos primos, somos uma familia.

— Rosy, eu am..

— Não, Connor. — eu o interrompo — Vá pra Inglaterra, viva todas as experiencias possiveis lá, e quando voltar, estaremos esperando por você aqui.

Antes que ele pudesse responder qualquer coisa, minha mãe abre a porta de casa e nos olha.

— Rose, eu pensei mesmo que tinha escutado sua voz. — diz ela vindo até nós.