Prison Love || Temporada 1

Solitária

POV STILES
🎞FLASHBACK 🎞
Duas Semanas Antes
-Porque esse cheiro de fumaça no banheiro? —a voz de um Guarda pergunta alto

Eu e Theo olhamos um para o outro assustados e ele toma a primeira iniciativa de se arrastar por debaixo das divisórias plásticas dos boxes até chegar à saída. Apesar de entender o plano, meu cérebro e meu corpo ainda estavam grogues demais para realizar tantas ações específicas, então assim que me movo acabo esbarrando acidentalmente no instrumento plástico e fazendo um barulho alto. Theo olha para mim já dois boxes à frente e quando escuto os passos do Guarda, me levanto imediatamente para salvar a pele de Theo:

-Ok, ok. Você me pegou, eu me rendo. Mas não me prenda por favor. —digo sarcástico erguendo as mãos para o alto e encostando na parede do chuveiro

Enquanto o Guarda chegava, vejo Theo já de pé e ao lado da saída me olhando desacreditado. Lanço um sorriso despreocupado para vê-lo ir embora rapidamente.

-Sério, Stilinski? Já foi mais esperto do que fumar crack tão exposto assim.
-O que posso dizer? As drogas estão queimando meus neurônios. —respondo sarcástico
-Vai poder recuperar eles na solitária. Vam'bora, seu nóia.

POV NARRADOR
Theo segue seu caminho rapidamente até o cubículo de Stiles e Scott, para encontrar o mesmo sentado em sua cama com o caderno aberto em mãos. A indignação cresce no peito do quimera quando sente mágoa em seus sinais-químicos porque sério, ele estava realmente aqui se lamentando enquanto Stiles tinha uma lâmina no pulso?

-Você realmente tá aí convenientemente com sua bunda sentada na cama?
-Sai fora daqui, Theo. —Scott ruge de presas à mostra e olhos brilhando

-Sabe de uma coisa, Scott? Eu sei que fui um monstro e sei que ainda tenho atitudes monstruosas. Mas eu sei a pessoa que eu sou e não me escondo atrás de olhos vermelhos a cada vez que alguém me encurrala.

-Puta que pariu, como você é insuportável pra uma pessoa que fala tão pouco! –Scott suspira— O acontece entre nós não é problema seu, Theo, eu pensei que já tivesse superado isso.

-Que bom que eu cuido dos seus problemas então, porque enquanto você fica aqui lamentando a cada merda que acontece o seu problema tava com uma lâmina no pulso.

Os olhos de Scott se arregalam e seu coração acelera ao escutar o final da frase. Sentiu seu coração cair no estômago e apenas o olhava em choque tentando assimilar o que tinha acabado de ouvir.

-Sentiu o toque de consciência? —Theo pergunta irritado e irônico
-Cadê ele? —levantou rapidamente da cama

-Esqueci de contar que ele também fumava crack antes disso. —Theo responde no mesmo tom— Foi pego pelo Guarda e tá na solitária.

-Puta merda... —Scott suspira
-Acha que eu não gosto da relação de vocês só por ciúme? —Theo pergunta acusatório— Ele tem um problema. Você não pode dizer o que quer e deixar ele por aí.

-Eu não consigo ter uma conversa normal com ele. —ele diz perdido

Theo o olha incrédulo mais uma vez chocado com a falta de noção do Alfa, antes de acerta-lo com força no rosto:

-Ele tem um problema! Consegue entender isso? Você não consegue ter uma conversa normal com ele porque continua agindo como se tudo fosse normal! E não é! Acorda pra realidade, McCall, você não pode dizer o que bem sente pra alguém que não tem capacidade de filtrar as coisas.

E com isso, Theo vai embora irritado. Scott agarra seu rosto machucado e se deita no maldito ferro da cama tentando não chorar de frustração com o mundo à sua volta.

🎞 FIM DO FLASHBACK 🎞

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POV STILES
Devo ter tentado pela milésima vez comer a comida da solitária só para acabar desistindo no meio do caminho, ou vomitando antes. Não é como se a qualidade da comida lá em cima fosse alta mas a comida aqui embaixo eram os restos dos restos: mofo, vermes e o que você imaginar vinham no prato. E ficar 24 horas trancado nessa cela minúscula sem janelas e sem cor, a não ser pelo forte vermelho da grande porta de ferro trancada, me fazia me sentir doente. Mas talvez seja bom para mim passar esse tempo sozinho, sem drogas e com nenhum som além dos xingamentos de outros detentos trancados nas celas vizinhas. O que mais tirava minha paz era o pensamento constante do Scott. Me dava ódio pensar nele, um ódio do caralho, mas ainda assim sentia sua falta. Não é um sentimento saudável e tenho a completa noção disso.

Mas a cada vez que ele aparecia nos meus pensamentos as lembranças ruins embaralhavam-se com as boas me fazendo sentir o amor e a raiva conjuntas. E talvez eu seja narcisista o suficiente para me sentir feliz em imaginar uma cena dele me pedindo desculpas e me sentir enfurecido por saber que nunca teremos esse tipo de conversa saudável sem que eu leve as coisas para o pessoal como um otário e ele me ataque tentando resolver. Somos tão imaturos que chega a ser patético.

-Anda, Stilinski, se tiver sorte ainda consegue o café-da-manhã. —um Guarda surge abrindo a porta da cela

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POV NARRADOR
Theo estava distraído sozinho na fila do café da manhã quando super-sentiu o cheiro de Stiles, vendo-o atrás dele na fila. Antes de dizer algo ele percebe a aparência magra e ainda mais pálida do ex-amante, encostado na parede ao lado provavelmente pela fraqueza do corpo:

-Jesus, Stiles...
-Radiante como um raio-de-sol? —Stiles pergunta irônico e sem-expressão

-É bom te ver fora daquele buraco. —Theo suspira— Como você tá fora a desnutrição e a falta de vitamina D?
-A solitária me reabilitou para a convivência em sociedade, sou um novo eu. Tentando ser saudável e menos rancoroso. —Stiles diz em sarcasmo revirando os olhos

-Até comigo? —Theo pergunta
-Um dia de cada vez, Theo. Preciso de mais três solitárias pra acabar meu rancor por você.