Capítulo XXXVI

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  Olá, Nova Iorc. Enquanto o táxi circulava pelas ruas lembrei-me da minha antiga vida, quando eu levantava cedo, ia ao Central Park correr, ia para a editora, chegava em casa e ligava a televisão em qualquer canal e estava passando algo sobre o Calle e eu reclamava dele. Parece que isso foi há tanto tempo, ou que simplesmente não existiu. O mais estranho foi quando passei pela portaria do prédio em que eu moro.

- Boa tarde, senhorita White quanto tempo não nos vemos! - disse o mesmo porteiro que me interfonou dizendo que tinha uma encomenda para mim, que logo depois descobri que era o meu teste de gravidez.

  Apenas acenei.

  Quando a Rachel abriu a porta senti o cheiro de baunilha que o nosso apartamento cheirava. Era estranho. Parecia que aqui não era mais a minha casa.

- Bem vinda ao lar, Isa. - Rachel diz.

  Eu ia para o meu quarto quando vi algo. O quarto de hóspedes tinha sido transformado em um quarto para o Henrique. As paredes eram cinza e uma delas tinha um papel de parede com listras verticais nas cores branco, verde água, dourado e prata, Um berço, a cômoda, o armário e uma poltrona.

- Essa era a surpresa que eu tinha lhe falado. - ela coloca a mão em meu ombro.

  E eu a abracei. E choramos juntas.
  Aquele quarto faltava algo. Foi aí que eu tirei da minha mala a caixinha que o Calle dera e quando o abri ouvi o coração do meu pequeno Henrique.

- Eu vou preparar algo para a gente comer. - ela se afasta.

   Sentei-me no chão abraçada com a caixinha.

" - Mamãe, por que sempre a bruxa tem que vencer em alguma parte da história? - digo.

  Até os meus dez anos, todas as noites mamãe lia para mim e a Kayla, minha irmã mais velha.

- As coisas ruins devem acontecer para que as boas surjam, Isabela. - ela diz - Agora durmam bem, amanhã vocês têm um longo dia."

  Eu sempre acreditei nessa frase, que as coisas ruins sempre tiveram um propósito mas, dessa vez  não conseguia me conformar com isso. Será que era muito pedir para ter meu filho de volta? Inclinei minha cabeça na parede e relembrei tudo o que vivi nesses noves meses enquanto as lágrimas escorriam pelo canto do olho.

°°°°°°°°

   Eu tinha acabado de tomar um banho quente e estava desembaraçando meu cabelo quando vejo Rachel na porta do quarto.

- Acho que você vai querer saber quem está ali na sala.

  Será que era o Calle?
  Quando entrei na sala vi três pessoas que eu jamais na face da Terra esperava que viessem na minha casa.

- Olá, Isabela. - diz minha mãe.

- Por favor vão embora, eu não estou em clima de briga, está bem? - digo me sentando no sofá.

  Até que a minha irmã me abraça. Éramos muito unidas até ela ir para a faculdade e eu ser expulsa de casa, depois disso paramos de nos falar.

- Eu sinto muito. - ela susurra.

- Nós ficamos sabendo do que aconteceu... - meu pai diz sem graça.

- Nós sentimos muito. - minha mãe fala olhando para seus pés.

- Sentem muito? A Isa me contou que você queria que o Henrique morresse e depois que isso aconteceu você vem dar uma de arrependida e dizer que sente muito? - Rachel grita.

  Eu fiquei calada. Queria que tudo isso fosse um pesadelo.

- Eu sei que eu disse isso mas, foi no calor do momento! Eu realmente sinto muito, Isabela. - ela me olha - Eu sei como é perder um filho.

  Sim, minha mãe perdeu seu primeiro filho quando ela estava com oito meses de gravidez.
  E ela fez algo que há quase 15 anos não fazia: me abraçou.

- Eu sei o que você sente. - ela chorava comigo.

- Isabela, nós temos uma proposta para você. - meu pai senta-se ao meu lado - Venha morar conosco em Boston por um tempo, aí quando você quiser voltar estará livre para fazer o que quiser.

- Você está brincando, não é? - digo surpresa com a proposta dele - Eu tenho uma vida aqui em Nova Iorc! Tenho um apartamento, um emprego, uma amiga que é uma das pessoas mais importantes para mim...

- Mas você nem pensou sobre o que eu te disse!

- Já pensei sim, e a minha resposta é não! Eu não vou jogar tudo para o alto e ir morar em Boston!

- Pense direito, Isabela. Pode ser uma ótima oportunidade para você ver novas pessoas, respirar novos ares...

- Eu já disse e vou repitir, não! Respeitem minha opinião!

- Se você quer assim. Agora precisamos ir. Adeus, Isabela! - os três saíram.

- Isa, você tem certeza disso? - diz a Rachel.

- Tenho, eu preciso seguir em frente e o meu lugar é aqui. Obrigada por estar comigo em todos os momentos. - digo a abraçando.

- Eu te amo, Isabela.

- Eu também te amo, Rachel.

  E naquele momento eu percebi que poderia seguir em frente sim, porque eu tinha uma pessoa que era muito mais do que uma amiga, era uma irmã, era uma mãe e eu sei que ela estaria comigo em todos os momentos, ela já me provou isso e não foram uma nem duas vezes foi a vida inteira. Eu te amo, minha eterna amiga!

Grávida de um Super StarOnde histórias criam vida. Descubra agora