Capítulo XII

12K 704 5
                                    

Eu estava na sala do senhor Wills. Aquele era o momento em que eu diria: "Senhor Wills, estou pedindo as contas. Por quê? Bem, estou grávida de um pop star famoso e idiota e estou sendo ameaçada que isso saia na imprensa, e o pior é que estou indo morar com aquele estranho." Era a verdade, era o que tinha de ser dito.

- Senhor Wills... - e contei... Contei uma mentira.
- Mas como assim, senhorita White? Mas essa tendinite no seu ombro é tão grave que o tratamento dura um ano? - Na noite anterior havíamos combinado essa desculpa.
- Sim, foi por isso que eu...
- Não, você não vai pedir as contas! Vamos fazer assim, enquanto você estiver fora alguém estará te substituindo, aí quando se passar um ano você volta normalmente.
   Será? Será que eu devia aceitar? Sim, eu devia... Pelo menos eu já tenho um emprego garantido para sustentar meu filho.
- Então... Você aceita? - diz estendendo a mão em minha direção.
- Sim! Eu aceito! - estendi a minha para ele.
Depois de assinar um contrato confirmando a proposta, meus colegas de trabalho vieram se despedir. Era tão estranho, ainda não havia caído a ficha de que eu estava grávida, de que eu estava mentindo para todos por causa da ameaça, do idiota, da gravidez. Nessas últimas semanas tem acontecido tanta coisa de uma vez só, que eu estava começando a acreditar que tudo aquilo não passava de uma simples pegadinha e que a qualquer momento alguém diria: "Sorria, você participou de uma pegadinha!" Mas infelizmente tudo aquilo era real.
- Adeus, gente! - digo acenando e concluindo que durante muito tempo eu não os veria.

...

Às vezes olhar para o nada era uma boa opção. Desde que eu decidi me mudar para Nova York, o Central Park era o meu lugar favorito - sabe aquele lugar que você considera seu? Pois é, um banquinho embaixo de uma grande árvore que tinha vista para o pôr do sol era o meu lugar, sempre que eu queria parar e refletir sobre tudo é aqui que sempre venho.
Quando eu era mais nova minha mãe sempre me dizia: "Se algo ruim aconteceu é porque coisas boas virão." Era tão difícil acreditar naquelas palavras em um momento como este, mas talvez ela estivesse certa, coisas boas virão, pelo menos nisso ela estava certa.
Meus pensamentos foram interrompidos por gotas de chuva caindo sobre minha pele, o céu estava cinza com nuvens pesadas e bem escuras - era hora de ir para casa.

...

Pela primeira vez (na verdade, não), quando liguei a televisão não estavam falando sobre o magnífico Bryan Calle, o que era um motivo para surgir um sorriso em meu rosto.
- Dessa vez não estão falando sobre ele. - diz Rachel colocando uma colher considerável de sorvete em sua boca.
- Eu estava pensando nisso agora. Ainda bem. - tentei forçar um sorriso amarelo
- Ei, você não está sozinha! - diz segurando minha mão.
- Eu sei, obrigada... Por tudo! - e sorri.
- Vamos pedir algo diferente para comer? Porque eu já estou cansada de pedir comida japonesa.
- Duas! Vamos pedir uma pizza?
- Com muito queijo?
- Com certeza! - digo rindo
- Alô? Eu queria pedir uma pizza... - diz no telefone

...

Depois de uma meia hora mais ou menos a pizza chegou. Eu é quem fui até a portaria buscar a maravilhosa comida criada pelos deuses.
- Finalmente, Isa! - diz Rachel.
Quando íamos abrir a caixa, o telefone toca.
- Será que é ela? - digo.

... Alô?...
... Senhorita White?...
... Sim!...
... Aqui é o senhor Alfeu, da portaria, tem dois senhores aqui em baixo querendo falar com a senhora, um deles se diz chamar por Bane...
... Ah, sim. Pode deixar que eles subam, por favor...
- Rachel, é o senhor Bane e o maravilhoso - digo fazendo aspas com os dedos - Bryan Calle, eles estão subindo.
- O quê? Rápido, vamos trocar de roupa!
Foi aí que eu me toquei que estávamos de pijama. Corri para o quarto e coloquei a primeira roupa que vi pela frente.
... Toc, toc, toc...
- Posso abrir? - diz enquanto saía do meu quarto.
- Pode. - digo
O senhor Bane e o Calle entraram, o empresário com a expressão séria e fria de sempre e o magnífico com a cara de... De sempre.
- Sentem- se! - diz Rachel - Querem pizza? Isa e eu íamos jantar agora!
Quando ela abriu a caixa o cheiro da pizza incendiou a sala do apartamento, e, de repente, eu me via no banheiro vomitando, o que era uma pena gigantesca, já que pizza de queijo era a minha favorita. Será que as outras coisas de que eu gosto também me farão vomitar?

- Você está bem? - perguntou Rachel enquanto me sentava ao seu lado.
- Estou sim. Mas qual o motivo da sua maravilhosa visita? - digo mais ironicamente que eu consegui.
- Pois bem, amanhã eu e o Bryan estaremos voltando para Los Angeles e depois de amanhã que você irá. Ninguém deve nos ver juntos, está entendendo?
- Sim, mas à essa hora algum paparazzi já viu que você ainda não foi embora de Nova York.
- Já cuidamos disso, senhorita White. - diz Calle.
- Finalmente abriu a boca, não é mesmo Calle? - diz Rachel
Ri.
- Sua passagem chegará amanhã a noite, e quando estiver no aeroporto de Los Angeles, meu motorista irá te buscar.
- E a mulher Anna? O que fizeram dela? - Rachel diz
- Ela não vai abrir a boca não tão cedo. - diz Calle com um sorriso malicioso.
- O que fizeram? - insisto
- Gente como você não entende.
- Como assim gente como eu? Você vem na minha casa e me insulta? - digo aumentando meu tom de voz.
- Você é bem estressadinha, não é mesmo? - diz Calle rindo
- Então está tudo resolvido? - diz minha amiga.
- Só mais uma coisa, enquanto você estiver hospedada na mansão, sua amiga não poderá visitá-lá.
- O quê?!
- É mais seguro assim, acredite em mim. E sua família? Eles sabem disso?
- Não, nem nunca vão saber.

   Minha família. Era um assunto bastante delicado para mim.
- Melhor assim! Ninguém pode ficar sabendo disso, senhorita White! - diz o senhor Bane, levantando-se. Bom, já deu a minha hora, até depois de amanhã, senhorita White. Adeus, senhorita Smith.
- Adeus, senhorita Smith. Tchau, Isabela!
- Ei, para você é senhorita White! - digo brava enquanto ele sai rindo.
Que cara chato!
- Bem, amiga, parece que a pizza de queijo vai ficar para outra hora. - diz Rachel colocando a caixa na geladeira.
- Me dá um abraço?
Eu iria sentir muita falta dela, minha amiga, minha melhor amiga.
- Vamos dormir? Porque amanhã é dia de aproveitarmos o nosso último momento juntas, só nós duas, quero dizer, porque depois vai ter uma pessoinha entre nós.
- Uma pessoinha.

   Uma pessoinha? Sim, uma pessoinha.

Grávida de um Super StarOnde histórias criam vida. Descubra agora