Capítulo 2

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Tudo nele havia mudado, o homem estava um chato de galocha, nunca sorria e mal falava com a Tininha que ficava muito triste, minha vontade era lhe dar uns bons tapas para tomar jeito na vida e cuidar da filha.
__ Oh Dinda, eu não quero ir. _ela se cobriu com o lençol e eu puxei.
__ Pode levantar esse traseiro da cama mocinha, já faz um mês que não vai à aula. _respondi abrindo as cortinas do quarto.
__ Mas meu pai não se importa que eu vá!
__ Mas eu sim, vamos logo e mexe essa bunzanfa! _ela me encarou e deu uma gargalhada.
__ Dinda você fala engraçado!
__ É eu falo, agora levanta menina!

Fiz ela tomar um banho e vesti o uniforme da escola, a senhora que trabalhava lá ainda não gostava da minha presença, então ignorei a dela, dei o café da menor e fui deixá-la na escola para conversar com o diretor.

Claro que houve várias repreensões sobre a falta dela, mas usando o jeitinho brasileiro amansei a fera, Tininha voltou para suas aulas e para junto de seus amigos, já em casa a coisa era outra.

Jong-dae saiu muito cedo para não ter que olhar na minha cara, não seria nada fácil nossa convivência, o homem se tornou insuportável e amargo, ele era tão meigo e gentil, seu sorriso encantava a todos, muito diferente do homem que vi ao chegar ali.

Tirei esses pensamentos e fui limpar a casa já que a empregada era uma senhora de idade que mal podia se abaixar, então ela ficou apenas na cozinha com a comida, vesti um short de tecido, camiseta e fui colocar a mão na massa ou sujeira.

Até aquele dado momento ainda não tinha visto Jong-dae, ele ficava o dia no escritório e nunca comia em casa, quando deu a hora de buscar a Tininha, troquei a roupa e segui caminho.
__ Você é alguma parente da Tininha? _uma mulher segurando a mão de um menino da mesma idade que Tininha me parou na calçada da escola.
__ Sou tia dela! _respondi com um sorriso pequeno.
__ Você se parece muito com a falecida.
__ Obrigada! _respondi sincera, adorava quando me diziam que eu parecia com minha irmã.
__ Como está o Dae? _virei encarando a mulher que tinha um olhar meio malicioso.

O que ela quer dizer com isso?

__ Está bem! _respondi sem dar importância.
__ Sabe, um homem tão jovem e bonito como ele, é uma pena já ser viúvo. _franzi o cenho com o rumo que aquela conversa estava indo.
__ DINDA!!! _Tininha gritou correndo e me abraçou.

Saí dali antes que aquela mulher me fizesse mais perguntas sobre Chen, seu tom de voz era muito malicioso para uma mulher casada, sim, vi a aliança no dedo dela, enquanto Tininha tomava banho para jantar, a senhora Oh acabou me contando que as mulheres do bairro morriam de amores pelo viúvo, até as casadas ficavam espreitando como feras encima da carne.

Seu charme e beleza acabaram chamando atenção dos olhos das mulheres e por ser viúvo se tornou ainda mais cobiçado, houve mulheres que cometeram as maiores loucuras por ele, isso incluía até deixar os maridos, claro que Jong-dae nunca correspondia, mas não deixava de ser um problema para outros homens.

Ouvi atentamente aquela história que me deixou horrorizada, muita nóia daquelas mulheres, certo que Chen era bastante bonito, mas não era para tanto, a senhora Oh garantiu que em poucos dias eu estaria apaixonada por ele e isso me causou uma risada histérica.

Após o jantar pus a pequena para dormir e fui fazer o mesmo, Jong-dae ainda não havia voltado, não sabia que advogados na Coréia trabalhavam até tarde, vesti meu pijama e deitei para ler um pouco até o sono chegar.

Estava imersa na leitura quando um barulho vindo de fora me chamou atenção, olhei pela janela e vi um carro sendo estacionado, logo ouvi o barulho da porta sendo aberta, levantei e desci as escadas para ver quem era, pois pareciam risadas de mais uma pessoa.

Na sala não havia ninguém, então caminhei até a cozinha e meus olhos se arregalaram, Jong-dae estava aos beijos com uma mulher que estava sentada encima da mesa com as pernas abertas e ele entre elas, pela situação os dois beberam e muito.
__ Jong-dae?! _chamei e ele soltou os lábios da mulher me encarando em total espanto.
__ S/N? O que faz aqui? _não podia dizer que fui espiar, então o jeito foi mentir.
__ Vim beber água, mas não sabia que estava rolando uma festinha aqui. _cruzei os braços.
__ Volte para seu quarto! _ele disse rudemente.
__ Quem é essa Chenchen? _a mulher perguntou manhosa, ou ela achou que foi.
__ Papai?? _virei com os olhos arregalados para uma figura atrás de mim.

Tininha estava parada no corredor confusa, Jong-dae ficou branco por ter sido flagrado daquela maneira por sua filha, vi ele engolindo em seco e saindo de perto da mulher para ir na direção da menina, mas não permiti.
__ Livre-se da mulher e do cheiro de álcool, aí pode falar com ela. _disse séria e fui até Tininha. __ Vamos pequena!
__ Mas o papai...
__ Já ele fala com você! _subi com ela para o quarto.

A pobre menina já havia flagrado antes seu pai com mulheres e isso só me deixou mais furiosa com ele, conversei com a pequena e lhe expliquei que quando visse o papai chegar, não fosse vê-lo logo, claro que foi difícil de convencê-la.

Minutos depois Jong-dae apareceu usando uma calça moletom e camiseta, os cabelos estavam molhados indicando que tomou banho para tirar o fedor do álcool, deixei os dois sozinhos e desci até a cozinha tomar água.

Minha cabeça estava dando voltas, aquela cena ridícula ainda invadia meus pensamentos, não acreditei que o Chen que conhecia simplesmente sumiu, ou melhor, morreu junto com minha irmã, se deixou levar pelo luto e acabou afastando a única que deveria ser o centro do seu universo.
__ S/N?! _despertei dos devaneios com sua presença na porta da cozinha, então levantei da cadeira e caminhei para a saída, mas ele segurou meu braço. __ Quero falar com você! _respirei fundo e lhe encarei.
__ Não tenho nada para falar com você Jong-dae. _respondi ríspida e tentei soltar meu braço.
__ Não preciso de você aqui, então vá embora. _abri a boca incrédula.
__ Quem disse que estou aqui por você? Estou aqui pela Tininha!
__ Ela também não precisa de você! _dei uma risada forçada.
__ Já se ouviu Dae? É patético!
__ Não quero você aqui, vá embora! _dessa vez consegui puxar meu braço.
__ Não vou a lugar nenhum! Não vou deixar mais Tininha sozinha com você! Cuidarei dela até o dia que não precisar mais.
__ VOCÊ NÃO É A MÃE DELA! _ele gritou me fazendo recusar um pouco, mas fechei as mãos em punho e respirei fundo.
__ Não, eu não sou, mas tenho certeza que minha irmã jamais ficaria feliz sabendo que sua filha está sofrendo e se pudesse pedir ajuda alguém, pediria a mim. Você não é o único que sofreu com a morte dela, então não venha bancar o pobre coitado pra cima de mim, pode iludir essas pobres mulheres, mas a mim não passam de palavras vazias. _Jong-dae parecia tenso, então aproveitei para sair dali batendo em seu ombro, mas parei na escada. __ Se continuar agindo assim, terei o prazer de tirar Tininha de você!

The Widower (Imagine Chen) 8ª Temporada. Onde histórias criam vida. Descubra agora