Capítulo 10 - Alma de passarinho

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Não me confunda com pedras paradas; 

     Presas e frias nas encostas

Não me veja como árvore sem folhas e flores

     Sem ninhos e poleiros de passarinhos.



Não me perceba como tronco seco

     Esperando quedar-se ao vento.

Não me tenha como espantalho, sozinho no milharal;

     Esfarrapado, espantando passarinhos.


Não me veja como fantasma nas águas fundas

     A passarem sem rastros.

Não sou apenas sonhos, ou fantasma, ou relances;

Sou presença silenciosa e marcante

Estou nas coisas e nos invisíveis

     Nas vidas e nas sobrevidas, nos cantos dospassarinhos. 



Sou vastas alternativas, percepções.

     E posso estar em energia radiante

     Em cristais coloridos e pensamentos novos.

E posso estar em sentimentos e bons pressentimentos;

     Ou parado, procurando a paz dos passarinhos.


Sou alma, sou portal vital: dos sonhos, das alegrias

     Das aflições do ser e existir.

Sou alma que diferencia: que existencializa. 




[Do meu livro: Coração de Búfalo]

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