Apenas um olhar e pah! É amor

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ATENÇÃO: O CAPÍTULO À SEGUIR PODE CAUSAR DESILUSÕES

     Eu estou tentando. Eu juro. Mas enquanto eu estou escrevendo isso eu estou rindo muito desse clichê que todo mundo sabe que não existe. Sabe, a gente até pode se enganar, mas essa história de amor à primeira vista é mais falso que nota de três reais. Falo por experiência própria. Passar isso pra nossos personagens pode ser bom se você souber como levar ou pode ser mancada se você não tiver a menor noção do que está fazendo. Não é melhor deixar as coisas correrem naturalmente? Sempre é melhor. Fazer aqueles seus dois personagens adolescentes trocarem olhares por dias durante as aulas ou um cara misterioso que manda flores anonimamente para uma mulher pode ser interessante. É importante ter em mente que, assim como na nossa vida, às vezes as coisas dão errado. Mas não precisa ser tão errado assim, minha gente! Parece que todos os autores de romance gostam daquela coisa dos três dramas:  Sequestro//Quase morte//Traição. Às vezes um casal não precisa de uma ajudinha externa pra fazer merda é encher o saco um do outro. E encher o saco é diferente de terminar o amor. Às vezes minha cadela me enche o saco e eu não deixo de amá-la. Ok, usar minha cachorrinha como comparação é meio pombo, mas vou tentar falar isso de um jeito melhor.

     Leitores gostam de fantasia. Gostam de ver o impossível nos livros,  o amor à primeira vista, todo aquele frufru e enfeite na fantástica terra do mundo cor-de-rosa. Mas tem horas que dá na paciência e a gente só quer um personagem que tenha aquele gostinho de "Eu existo". Por exemplo, essa foi uma das coisas que eu gostei na história " Os doze signos de Valentina"( Antes de alguém pensar, eu não conheço a autora nem tô fazendo propaganda, mas o livro tem esse gostinho diferente incrível). Os personagens cometem erros do tipo que a gente comete. Não é algo tão surreal e maquiado. E sabe o que é que dá esse ar de realidade nos personagens? Os detalhes. E é aí que está o grande foco da nossa questão. Os detalhes contam, mas os detalhes são difíceis pra caramba. É a cicatriz do personagem. É o problema familiar leve. É o choro sem motivo. O medo. É o programa de televisão que assiste. É o que ele faz quando não tem o que fazer. É fazer merda, mas aquela merda mais sutil. É a risada esquisita, o chulé, a olheira, o óculos torto, a monocelha, o cabelo bagunçado... Acho que entenderam a ideia. E onde isso tem a ver com o amor a primeira vista? Bem... Essa é aquela coisa que todos nós sabemos que não existe. E como eu falei lá em cima, posso provar compartilhando algumas experiências amorosas frustradas. Sim, dessa vez a história não é um exemplo imaginário kkkk

     Uma vez eu tive um namorado que eu conheci numa viagem. Nada muito anormal. A não ser pelo fato de nossa história ter começado exatamente como um desses romances que tem de sobra por aí. Não acreditam em mim? Vocês vão ver. É importante ter em mente que eu naquele tempo era meio retardada e vocês já vão entender o porquê de eu estar dizendo isso. Tudo começou com um halls e uma piada merda. Até aí nada romântico. Estávamos indo passar alguns dias em outro estado por causa de uma evento, então tínhamos que comer. Mas a gênia- que era eu- e meu novo amigo- o garoto da piada merda- acabaram fazendo a proeza de se perder na praça de alimentação. E no meio da multidão veio aquela de andar de mãos dadas para não se perder( garotos, não aprendam com essa atitude. Meninas, abram o olho). Isso resultou em duas pessoas andando de mãos dadas até o fim da viagem- e depois- e muita dor de cabeça. Afinal, no terceiro dia de viagem, três dias depois de se conhecerem, o casalzinho sem noção achou que era amor verdadeiro e pra a vida toda e começou a namorar sério. Vocês já devem imaginar que, se fosse num livro, eu e ele ainda estaríamos juntos, mas já dando um spoiler a vocês, minha vida nunca foi como num livro. Acontece que a senhora realidade nos esperava na nossa cidade, e os problemas do mais novo relacionamento também. É aquela coisa de não perceber a roubada que está entrando até não poder mais sair. Durou dois meses e ainda digo que foi muito. Digamos que a ilusão de que era amor foi tão forte que até o nome dos filhos foi escolhido (não disse que eu era sem noção? Hoje em dia tenho vontade de vomitar quando lembro disso). Mas como não nos conhecíamos de fato, a razão resolveu aparecer e acabou com tudo aquilo- pelo menos posso dizer que a razão foi por minha conta kkk.

      A questão é que, a não ser que sua história seja uma fanfic de Once Upon a Time, essa de amor a primeira vista e casal de primeira vista perfeito não existe. Só a Branca de neve e o Encantado podem, galera. Nós, meros mortais, não. E, no caso de querermos que nossos personagens pareçam ser reais, eles também não podem. Mas se vocês souberem como levar isso, pode até rolar. Se seu casal é assim, amo a primeira vista, duas pessoas se encontraram, derrubam os livros e quando apanham do chão dão aquele choque nas mãos, mas vocês querem que eles tenham esse jeito humano e real, ainda tem um jeito. Ele é o vilão mais cruel do nosso mundinho, meus leitores: A distância. Não precisa ser um oceano. Pode ser que eles tenham personalidades conflitantes. Podem querer coisas diferentes para o futuro. Ou, se vocês preferirem, podem morar em lugares diferentes. O amor deles pode até ser perfeito, mas eles, não. É uma boa tirada. E foi por isso que eu expliquei mais em cima sobre o que deixa os personagens mais realistas. Agora, se me permitem, vou ali deitar e recordar de tempos em que meu cérebro era retardado. Mas talvez eu pague a língua- muito improvável- e se isso acontecer, vocês vão ficar sabendo. Quem sabe eu até não escreva uma história com meu próprio clichê? Kkkkkkk

  

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