Capítulo 5

1.7K 267 64
                                    

(Lucas)

Como eu tinha inventado um jantar surpresa, decidi surpreender ainda mais. Marquei horário com uma depiladora para surpreender Nataly como nunca fiz antes. Eu sempre cuidei muito do meu corpo, inclusive da minha parte principal (meu Bráulio. Coloquei esse nome depois de velho), então como eu sempre me mantive limpo, depilado e cuidado, decidi inovar e fazer algo diferente em mim pelo menos uma vez. Sendo um pouco ignorante sobre o assunto, me assustei quando a depiladora colocou o catálogo de cortes nas minhas mãos. Achando que só existiam três tipos de depilação, fiquei chocado ao ver o quanto os homens eram malucos com esse assunto. Conforme eu ia folehando as paginas do catalogo, minha risada queria sair como um berro, mas me forcei a não rir em um salão cheio de homens prestes a serem depilados.

A primeira depilação do catalogo se chamava: MATA SELVAGEM. Onde os pelos ficavam onde estavam, sem tirar nem por, sendo assim o Bráulio ficava inteiro peludo. Acho que isso não era uma depilação, mas achei melhor ficar com a duvida para mim.

A segunda depilação se chamava: GRAMA APARADA. Era caracterizada pelo corte do comprimento dos pelos.

A terceira era chamada de DEPILAÇÃO KEN. Significava tirar todos os pelos do Bráulio e de seu saco. Sendo assim ficava inteiro sem pelo algum.

A quarta opção se chamava: GRAMA APARADA TRUQUEIRA, onde os pelos eram retirados a dois centímetros do Bráulio dando a impressão de que ele era maior que o normal.

Quando passei para a folha seguinte quase engasguei com a criatividade do ser humano e fechei o catalogo antes de sair correndo de lá. Na verdade foi o que tentei fazer, mas fui impedido pela recepcionista que chamou meu nome bem alta e todos ao redor viram que eu tentava fugir.

-Senhor Lucas, o senhor pode ir para a sala quatro que já vai ser atendido.

As pessoas me olhavam esperando minha reação então eu sorri e fiz o que a cretina da recepcionista fez. Caminhei em passos de tartaruga para a sala quatro e fiz o que o aviso na porta dizia. Tirei minha roupa e vesti o avental branco que estava pendurado lá. Deitei na cama com cuidado e fiquei me perguntando que diabos eu estava fazendo lá. Quando decidi ir embora, uma mulher que aparentava ter aproximadamente uns 60 anos entrou na sala e sorriu para mim.

-Boa tarde senhor Lucas, o senhor já escolheu a depilação desejada?

-Eu... eu.. sim..acho. Ken?! - respondi em dúvida.

-Essa é a sua primeira vez?

-Sim.. aqui sim..

-Bom, o senhor vai ver que vai ser bem tranqüilo! Dizem que tenho mãos de fadas!

No mundo onde eu vim, ter mãos de fadas significa algo totalmente diferente do que ela queria dizer, mas achei melhor esperar para ver. A mulher que se chamava Rosalinda (pelo menos era o que estava escrito em seu avental) se aproximou com um carrinho cheio de apetrechos e sorriu.

-Está pronto?

Neguei rapidamente com a cabeça e ela sorriu ainda mais.

-Vou passar um quentinho em você.

Quentinho? Que porra era um quentinho?

Ela veio com um palito de sorvete e espalhou uma meleca quente no Bráulio que era até que agradável. Em seguida pegou uma espécie de papel branco e colocou em cima da meleca quente acariciando por uns segundos. O Bráulio começou a ficar animado com aquele toque que era novo então foquei em imaginar minha mãe pelada para que Bráulio dormisse de vez. Antes que eu pudesse ver a cena mais assustadora, Rosa que não tinha nada de linda puxou o papel com a força de trezentos homens fazendo minha alma sair do corpo por uns segundos. A sensação agradável foi trocada por um FILHA DA PUTA quase que soletrado letra por letra aos berros. Levantei a cabeça desesperado á procura do meu pau que provavelmente estava colado na porra do papel.

-A primeira sempre dói bastante!

A filha duma mãe ainda sorria com o meu sofrimento. Antes que eu pudesse me recompor, ela voltou com a meleca quente e dessa vez nos meus ovos. O desespero que eu sentia fazia com que meu corpo suasse frio. Por instinto, gritei antes que ela puxasse aquele papel desgraçado e quando ela puxou, meu fôlego havia ido todo embora ficando apenas uma lufada asmática. A Malditalinda aproximou o rosto dos meus ovos e sorriu.

-Ainda tem uns pelinhos, vou ter que passar de novo!

Me joguei para fora da cama antes que ela viesse com aquela meleca assassina. Segurei o ovo um e o ovo dois em minhas mãos e me refugiei no fundo da sala.

-A senhora não vai encostar mais aqui entendeu?

-Mas eu ainda não terminei e...

-E nem vai terminar!

Corri para onde estava a minha roupa e por causa da dor que eu sentia fui embora sem cueca mesmo. De forma alguma eu colocaria cueca de novo por pelo menos uma semana. Rosamaldita assentiu e saiu da sala para que eu pudesse me vestir. Coloquei a roupa de qualquer jeito, paguei pela sessão de tortura e corri de lá sem olhar para trás.

●●●

Cheguei em casa e fui direto para o banho. Eu precisava jogar água gelada nas minhas bolas antes que elas caíssem do meu corpo. Abri o chuveiro e entrei embaixo do jato de água fria como se fosse um caranguejo. Minha pelve estava inclinada para a frente e o tronco para trás para não desviar nenhuma gota do jato gelado que diminuía minha dor. Eu sentia meu coração bater nos ovos e suspeitei que a dor havia feito meu coração sair do lugar e cair ali.

Quando senti que a dor havia diminuído, saí do chuveiro e me sequei com cuidado para não sentir mais dor. Me olhei no espelho e ri ao ver que somente uma bola minha estava depilada corretamente. Avistei meu creme refrescante pós barba e tive a brilhante idéia de passa-lo em minhas bolas já que na embalagem dizia ser "relaxante". A brilhante idéia havia se tornado a idéia mais estúpida de todas. Parecia que eu havia jogado pimenta no meu saco. A dor e o ardor eram tantos que a única coisa que consegui fazer foi abrir a torneira da pia e jogar a água em meus ovos antes que eles virassem ovos cozidos.

Depois de passar por mais essa tortura, meus ovinhos estavam finalmente calmos. Olhei para o meu Bráulio e me desculpei por ter feito isso a ele. Antes, ele estava todo animado e agora parecia a salsicha em conserva que Aline tanto falava.

Voltei a me secar e fui para o quarto ligando o ventilador de pé e deitando de pernas para cima para poder sentir o vento refrescante nos meus ovinhos esfolados.


Marido Aposentado -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora