Marido Aposentado - Livro 2

Capítulo 15

(Lucas)
Eu estava a caminho da casa dos meus pais quando Nataly me ligou. Saber que Giovanni estava perto dela me deixou desesperado. Eu sei que ele não seria capaz de fazer nada para machuca–la, mas dadas as circunstancias, eu não o conhecia mais. Não depois de tanto tempo.
Sem imaginar para onde ele poderia ter ido, pedi para o taxista encostar o carro para que eu pudesse clarear minha mente.
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Sem saber o que fazer, voltei para casa e ao ir para o quarto, vi a cama uma bagunça. Algumas roupas de Nataly não estavam no guarda roupas e naquele momento eu percebi que estava prestes a perder o amor da minha vida mais uma vez por causa de Giovanni. Decidido a não cometer o mesmo erro do passado, coloquei meu casamento na frente das loucuras de Giovanni e fui atrás de Nataly antes que fosse tarde demais.
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(Nataly)
Eu estava deitada no quarto vazio de Anne quando escutei a campainha tocando. Eu já sabia que era Lucas, então tranquei a porta e me deitei novamente. Algum tempo depois, Aline bateu na porta do quarto e me chamou.
–Lucas que falar com você.
–Diga que estou dormindo! – rosnei.
–De todos os seus defeitos, ser sonâmbula não é um deles!
Lucas falou do lado de fora da porta me fazendo rir, mesmo estando furiosa com ele. Permaneci em silêncio, mas me aproximei da porta me sentando de frente para ela. Pude ouvir o suspiro de Lucas que provavelmente havia se sentado também, pois sua voz estava muito próxima a mim.
–Eu não acredito que estou fazendo isso mais uma vez, mas por você eu faço tudo Ná!
Lucas empurrou por baixo da porta um anel de brilhante com uma pedra enorme em cima. Peguei o pequeno objeto em minhas mãos e sorri por ele não ter esquecido aquele dia.
–Minha braveza Nataly. Aqui estou eu, dezoito anos depois pedindo perdão atrás de uma porta. Eu te amo desde que você me contratou. Eu amo você quando acorda, amo você quando come igual uma criança desnutrida da África, amo quando seu cabelo está preso e amo quando me dá bronca por deixar a tampa da privada levantada. Acho que me apaixono por você cada dia que passa e tenho certeza que esse amor nunca irá acabar. Eu sei que fiz algumas coisas estranhas e suspeitas, mas eu te juro que nunca seria capaz de me envolver com outra pessoa além de você. Você é, e sempre vai ser o amor da minha vida!
Lágrimas escorriam em meu rosto e se tornaram risos quando Lucas começou a passar algumas pétalas de rosas vermelhas por baixo da porta.
–A rosa não passou inteira, então era o único jeito que encontrei de te entregar a flor. Junta tudo e finge que é uma rosa linda e cheirosa Na!
Ri ainda mais e juntei as pétalas formando o desenho de uma quase rosa no chão. Sequei as lágrimas que escorriam em meu rosto quando Lucas voltou a falar.
–Eu sei que já somos casados e que não pode ainda renovar os votos, porque tem que completar cinqüenta ou sessenta anos de casado ou sei lá o que, mas eu quero se torne mais uma vez a mulher da minha vida na frente dos nossos filhos que tanto amamos.
–Rurum. – Aline pigarreou do lado de fora,
–E da Aline também. – Lucas falou sério tentando segurar o riso.
Comecei a rir sem parar e me levantei para abrir a porta para o amor da minha vida. Ao destrancar a porta e abri–la, Lucas se levantou sorrindo vindo em minha direção para me abraçar quando seu celular que estava no chão começou a tocar e na tela apareceu o nome de uma mulher: Ágata. Olhei para Lucas furiosa por não fazer a mínima idéia de quem seria aquela mulher e bati a porta em sua cara antes que eu tivesse um surto psicótico e decidisse decorar a casa de Aline com sangue. 
–Ná! Abre a porta, por favor! Me deixe explicar essa história de uma vez por todas!
–Explique para as paredes, eu não quero saber de mais nada Lucas! Como ousa me pedir em casamento mais uma vez enquanto mantém contato com uma vagabunda?
Escutei barulho de alguma coisa batendo e Lucas começou a reclamar. Aline o xingava e pelo barulho repetido que eu ouvia, provavelmente ela o batia
–Aline, para com isso! Vitor! Segura essa louca!
Escutei a risada alta de Vitor e o silêncio predominou do lado de fora do quarto.
–Ná! Vamos conversar, por favor. Quero te contar tudo, e se você não acreditar, eu vou embora e damos entrada no divórcio!
Engoli em seco só de imaginar a tortura que seria me divorciar de Lucas, então abri a porta e o deixei entrar.
–Você tem cinco minutos. 
Lucas assentiu e me seguiu até a cama de Anne e se sentou ao meu lado.
–Ágata não é minha amante.
–Existe outro nome hoje em dia?
–Sim, sobrinha!
–Uau! As vagabundas agora são chamadas de sobrinhas? Antigamente eram chamadas de primas! – alfinetei fazendo Lucas rir.
–Não, ela é filha de Giovanni!
–Filha?? Mas ele é uma criança! Eu sou avó??– falei desesperada sem raciocinar o que Lucas estava me contando..
–Não, ela é minha sobrinha, filha de Giovanni!! – ele falou mais uma vez.
–Giovanni? Seu irmão? – perguntei espantada.
–Sim, foi um choque para mim também.
–Mas ele morreu!!
–Eu achei que ele havia morrido. Na verdade, ele enganou a todos!
–Como você soube.. como? – eu estava sem palavras.
–Jaqueline a esposa de Giovanni descobriu o endereço da loja. Ela disse que Giovanni estava sumido há mais de um mês e que ela achou uns papéis com meu nome nas coisas dele. Me contou que tenho uma sobrinha e para minha surpresa, ela me trouxe um exame que foi feito anos depois de Giovanni falecer. Inclusive ela trouxe uma foto deles dois juntos brincando.
–Por que não me contou?? – perguntei me sentindo completamente chateada.
–Eu não sabia o que fazer... eu fiquei com medo de ser uma golpista. Fiquei com medo de ser alguma cilada e fiquei ainda mias com medo de colocar você nessa história. O passado de Giovanni nunca nos trouxe nada de bom, então fiquei com medo de acontecer alguma coisa que me tirasse você. Para ele estar desaparecido, é porque alguém descobriu sua existência e está a sua procura. E quando ele apareceu em casa, eu sabia que ele seria capaz de qualquer coisa para se aproximar.
Lucas me olhava com tristeza nos olhos e aquilo me deixou ainda mais chateada.
–Lucas. Nós estamos casados há tanto tempo e você ainda não aprendeu que casamento é cumplicidade, é segurança. Você deveria me contado a verdade e não permitido que eu deixasse de confiar em você.
–Eu sei disso Ná, eu fiquei apavorado. Eu relembrei tudo o que passei para juntar dinheiro e quitar a divida de Giovanni, para no final das contas ele estar vivo por ai. Eu fique sem rumo. Eu só queria proteger todos vocês!
Fiquei em silêncio quando Lucas segurou minha mão. Por um lado eu entendia o porquê ele havia feito aquilo, mas por outro eu me sentia traída da mesma maneira, mas era hora de colocar minha frustração de lado e ficar ao lado do meu marido que precisava muito de mim.
–Como ela é? – ele franziu a sobrancelha – Sua sobrinha. Como ela é?
–Ela é a cópia de Giovanni, só que mulher. Tem os olhos dele, o sorriso dele.
Lucas falava sorrindo e era possível ver a saudade em seus olhos. Meu coração se apertou só de pensar na saudade que ele sentia de Giovanni.
–Você sente muita a falta dele né?
–Nossa! – ele passou as mãos nos cabelos – Eu evito pensar nele sabe? Era ruim demais lembrar que ele não está mais aqui, mas agora sabendo que ele está por ai, correndo perigo ou sendo um perigo, me deixa ainda mais angustiado.
–Você acha que ele se meteu em confusão?
–Tenho certeza disso! Giovanni deixou muitos inimigos por aí.
–Sinto muito! – apoiei a cabeça em seu ombro.
Lucas passou o braço ao redor da minha cintura e beijou minha bochecha.
–Você me desculpa por ter escondido de você?
Olhei em seus olhos azuis suplicantes e respondi o que estava dentro do meu coração.
–Não! Eu não te desculpo Lucas. Dói demais ser a ultima a saber das coisas que acontecem na sua vida, mas eu entendo e vou estar ao seu lado para te ajudar no que for necessário. Se ele está perdido por ai, nós iremos encontrá–lo.
–Você acredita mesmo nisso?
–Sim, eu acredito!
–Eu não sei se quero encontra–lo.
–VOCÊ vai saber na hora certa o que deve fazer.
O rosto de Lucas suavizou com minha resposta. Pra ser sincera, aquilo tudo estava me deixando completamente maluca, mas eu não tinha tempo para isso agora. Eu precisava acalmar as coisas e colaborar o máximo que puder. Lucas me olhou exasperado em silêncio.
–Acho que ela deveria ir jantar em casa hoje! – Lucas me olhou surpreso. – Sua sobrinha. 
–Tem certeza? Não quero te forçar a nada e..
–Você não vai! Ela é sua família, então é minha família também.
Lucas segurou minha mão e a beijou em seguida.
–Eu nem sei o que dizer!
–Que tal obrigado, você é a mulher mais maravilhosa desse mundo?
Dei um beijo carinhoso em Lucas e ele colocou o anel que estava em minhas mãos em meu dedo anelar.
–Eu te amo Ná! Eu sinto muito que eu tenha feito você duvidar disso.
Assenti para mostrar que estava tudo bem e que eu havia errado em ter desconfiado dele daquela maneira.
–Vamos para casa! Latifa já deve estar morrendo de saudade do tapete novo.
Lucas falou rindo e me estendeu a mão nos levando para casa.

Para a nossa casa!