Marido Aposentado - Livro 2

Capítulo 14

(Lucas)
Eu acordei com muita dor e ao chamar Nataly, lembrei que ela havia ido embora. Todos os últimos acontecimentos passaram em minha mente e o que eu mais queria era encontrar Giovanni e acabar com sua vida de uma vez por todas.
Jaqueline havia passado em casa para me mostrar uma mensagem que havia recebido em seu celular. Era uma possível mensagem de Giovanni dizendo que viria me encontrar, mas isso havia acontecido há três dias e ele na tinha aparecido desde então. Por mais que eu não quisesse me envolver nessa historia, eu já estava preso nela até o pescoço.
Me sentei com dificuldade na cama e liguei para o meu advogado que também era um detetive de mão cheia.
–Charles, preciso de uma posição sua cara! – falei apressado.
–Não tenho nada pra você! É como se ele não existisse Lucas!
–Ele avisou Jaqueline que viria até mim, mas não apareceu!
–Você acha que a policia o encontrou?
–Eu acho que algo pior aconteceu!
Charles ficou em silêncio sabendo o que eu queria dizer.
–Se souber de alguma coisa, me avise!
–Pode deixar!
Encerrei a ligação e me arrastei na cama até o local onde Nataly havia deixado meus comprimidos. Tomei uns dois para dor e me forcei a levantar e resolver essa história antes que alguém se machucasse pra valer.
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Chamei um táxi para me levar até a loja e assim que entrei nela, Aline já veio furiosa pra cima de mim.
–É muita cara de pau aparecer aqui depois do que você fez!! – ela gritava e me peitava na porta chamando a atenção de todos.
–Aqui é o meu lugar de trabalho e você não tem absolutamente nada a ver com a minha vida, então saia da minha frente agora!
Aline permaneceu parada na minha frente sem transparecer que havia entendido o que eu havia dito. Tentei passar, mas ela entrou na minha frente mais uma vez.
–SAI DA FRENTE!!!!
Gritei o mais alto que pude e vi seus olhos arregalarem. Vitor apareceu de repente e chamou minha atenção para ele.
–Tire ela da minha frente AGORA!
Aline mal se moveu, mas Vitor a pegou pelo braço e a puxou para o lado abrindo espaço no caminho à minha frente.
–Vitor! – ela chamou sua atenção.
–Isso não é seu problema Aline! – ele a repreendeu. 
–Mas, é Nataly, então é meu assunto sim!
Aline se soltou de seu aperto e veio em minha direção ainda mais furiosa.
–Eu acho que você deve sair daqui antes que eu chame a porra da polícia seu traidor de merda!
–Chame a polícia e aí sim você vai ter motivos para eles estarem aqui!
–Você está me ameaçando?
–Estou falando pra você sair da porra DA MINHA FRENTE AGORA!!
Aline piscou rápido, mas respondeu prontamente.
–Não!
Respirei fundo para não cometer uma loucura.
–Eu já perdi Nataly por causa dessa merda, então não me faça perder vocês também! – Aline me olhou confusa, mas ainda não saiu da frente. – Giovanni está vivo! Agora saia da minha frente de uma vez por todas para que eu possa evitar que o pior aconteça aqui!
Ela e Vitor me olharam de olhos arregalados então aproveitei a surpresa deles para passar e ir para o meu consultório.
Assim que e me sentei, pude sentir meu pé doendo como se uma navalha estivesse fincada nele, mas eu não poderia me distrair. Tinha que pensar em como encontrar Giovanni antes que ele chegasse até mim.
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(Nataly)
Eu estava deitada na cama do quarto de hospedes da casa de Aline completamente sem rumo. Eu não sabia o que fazer ou como agir depois de tudo o que havia acontecido. Gabriela havia me ligado avisando que ela e Giovanni viriam passar o fim de semana com a gente, mas inventei que iríamos viajar adiando a vinda deles para casa. Eu não queria ter que explicar que Lucas havia me traído embaixo do nosso teto.
Respirei fundo para controlar as lágrimas e decidi que colocaria Lucas no passado assim que me sentisse melhor. Puxei as cobertas até meus ombros e chorei até pegar no sono ao ficar pensando em todas as possibilidades para que Lucas tivesse motivos para me trair daquela maneira.
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(Lucas)
Vasculhei minha mente procurando uma forma de encontrar Giovanni. Pensei em todos os lugares que ele poderia estar escondido e o único que eu não queria procurar persistiu em minha cabeça: a casa dos meus pais.
Assim que me chamei um táxi, Aline entrou como um foguete em minha sala.
–Que história é essa de Giovanni?
Por mais que ela tentasse não demonstrar, era nítido o quanto aquilo a assustava também.
–Você não vai contar uma única palavra para Nataly.
–Mas ela precisa saber!
–E serei eu que vou contar, não você!
–Ela está pensando que você a traiu, que você tem outra Lucas!
–Não tenho culpa que ela não confie em mim! – respondi cansado.
–Como que ela confie se você não é honesto com ela? Ela precisa saber o que está acontecendo! Ela tem que saber a verdade!
–E vai, só que ainda é muito cedo pra isso! Nem você deveria saber disso!
–Mas Lucas..
–Mas nada Aline! Você não entende o quanto isso é perigoso? O quanto todos vocês estão correndo risco com Giovanni desaparecido? Ele está por aí e por estar se escondendo é porque alguma coisa muita ruim vai acontecer! – Aline me olhou de olhos arregalados sem saber o que dizer. –Giovanni se envolveu com pessoas muito ruins antes de morrer. E se ele está desaparecido, é porque essas pessoas descobriram que ele está vivo! Então todo cuidado é pouco agora. Vá para casa e fique com Nataly. Por favor!
Aline concordou com a cabeça e saiu da minha sala depressa me deixando perdido nos piores pensamentos.

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(Nataly)

Me sentindo entediada na casa de Aline, decidi voltar pra casa e começar a arrumar minhas coisas. Se Lucas havia escolhido ficar com outra, não seria eu que iria implorar para que ele ficasse comigo. Por mais que eu soubesse que ele estava machucado, eu sabia que ele não estaria e casa, mas chegaria logo,  então tive que me apressar. Conforme eu ia tirando as roupas do guarda roupas, ouvi a campainha tocar. Olhei pela fresta da janela e vi um homem parado de frente para a casa. Desci as escadas correndo e abri a porta sem entender quem aquele homem era.
–Posso ajudar?
O homem de olhos azuis me fitava com semblante cansado. Ela tinha alguns ferimentos em seu rosto e mãos.
–Essa é a casa do Lucas?
–Sim... – respondi com receio.
–Ele está aqui? – o homem parecia ansioso.
–Não.
Ele concordou com a cabeça e respirou fundo olhando para os lados.
–Ele vai demorar?
Por mais que eu não soubesse quem era aquele homem, eu sentia que precisava ajuda–lo, nem que fosse com um curativo.
–Eu... eu não sei... você quer entrar?
Ele concordou levemente com a cabeça e passou por mim entrando em casa. Apontei o sofá da sala para ele que se sentou depressa nitidamente exausto. Me aproximei do homem desconhecido e notei que ele lembrava muito Lucas.
–Você é parente de Lucas?
O homem sorriu um pouco.
–Posso dizer que sim. – concordei e fiquei em silêncio. – Você é a esposa dele?
–Sim.. sou... era.. – respondi confusa.
O homem estreitou os olhos ao me olhar e a semelhança entre os dois era surreal.
–Nataly certo?
Ok! Aquilo estava começando a me assustar.
–Sim, como você sabe?
O homem sorriu e não respondeu minha pergunta me deixando ainda mais preocupada.
–Eu vou fazer um café! Você bebe café? – ele assentiu e permaneceu me fitando com seus olhos azuis.
Sorri receosa e fui para a cozinha já tirando o celular do bolso da calça. Liguei para Lucas que atendeu no segundo toque.
–Tem um homem aqui em casa perguntando de você. – cochichei.
–Um o que?
–Um homem.. te esperando.
–Onde você está?
–Na cozinha.
–Vá para o quarto agora e tranque a porta.
–Mas..
–Faca o que estou pedindo Nataly! Agora!
–Ok.
Coloquei o celular no bolso da calça e saí da cozinha procurando o homem com os olhos. Ao chegar na sala pude ver que ele não estava mais lá. Olhei ao redor e vi a porta aberta indicando que ele havia ido embora. Respirei fundo para manter a calma e peguei o celular mais uma vez. Lucas aguardava na linha.
–Ele foi embora.
–Droga!!!! – Lucas amaldiçoou.
–O que está acontecendo Lucas?
Eu já estava ficando ainda mais aflita com tudo.
–Volte para a casa de Aline e não saia de lá até que eu vá te buscar entendeu?
–Não, eu não entendi! Por que você não me fala o que está acontecendo?
–Porquê ainda não é o momento.
Dei uma risada nervosa por ele ainda esconder o que estava acontecendo.
–Quer saber? Eu vou para a casa de Aline, mas não se dê ao trabalho de ir me buscar, pois o nosso casamento acaba aqui!
Encerrei a ligação e joguei o celular no chão. Sentindo as lágrimas queimarem meus olhos, corri para o quarto e terminei de separar algumas coisas para que eu pudesse passar um tempo longe daquela casa.
Ao sair do quarto, parei na porta e olhei o tapete fofinho no chão. Um simples objeto que sempre fez parte de nossas vidas, estava ali mais uma vez, só que dessa vez presenciando o pior dia da minha vida.