Capítulo 17

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Giovanni andava tão rápido, que parecia que estava fugindo de alguma coisa enquanto eu corri esbaforida atrás dele.
–Espere!! – pedi alto para que ele me ouvisse.
Ele olhou para trás completamente surpreso parou o passo no meio esperando que eu me aproximasse. Minha respiração estava forçada e ofegante, já que aquele teria sido o único exercício que eu fiz em anos.
–Ele não agüentaria te perder de novo.. ele.. só não pode te perder de novo. – falei com a respiração entrecortada.
Giovanni suspirou e passou a mão em seus cabelos grisalhos.
–Ele me odeia. – Giovanni falou com tristeza nos olhos.
–Ele não te odeia. Ele odeia o fato de que sofreu pela sua ausência por anos sem imaginar que você estava vivo!
Giovanni me olhava sem expressão e muito confuso sobre o que dizer ou fazer.
–Eu não queria que nada disso tivesse acontecido.. eu.. se eu pudesse voltar no tempo, eu faria tudo diferente.. eu... eu não queria que ele corresse perigo.
–Mas você não pode. – o interrompi. – Você não pode voltar no tempo, mas pode fazer diferente dessa vez. Lucas te ama muito e não vai ser fácil passar por cima disso tudo, mas vocês não podem desistir! Essa é uma segunda chance que vocês tiveram de ficarem juntos pra sempre.
Giovanni levantou uma sobrancelha e deu risada.
–Isso não é uma historia romântica Nataly! – ele brincou me fazendo rir.
–Eu sei... estou sentimental esses dias. – respondi ainda rindo.
Giovanni riu comigo e olhou para a minha casa com tristeza no olhar.
–Não é justo que você apareça aqui e decida ir embora mais uma vez. – falei séria.
–Eu não quero estragar a vida do Luka mais uma vez!
–Você vai estragar se decidir ir embora de novo!
Giovanni passou as mãos novamente em seus cabelos e suspirou.
–Eu não sei o que fazer! Eu não quero me intrometer na vida de vocês! Não quero obrigar Lucas a me aceitar mais uma vez! O que eu fiz foi imperdoável! Eu não perdoaria. Eu não me perdoaria!  Eu não deveria ter vindo!
Giovanni começou a caminhar na direção o oposta e vai uma vez fui atrás dele.
–Vamos pra casa. Lá é o seu lugar e não na rua correndo risco.
–Eu não posso arriscar a segurança de vocês assim.
–Acho que isso não depende mais de você! Somos uma família! Vamos!
–Mas o Lucas...
–Não vai ser fácil pra nenhum de vocês, mas acho que agora vocês devem ficar unidos. Não como um casal – brinquei – e sim como os irmãos que sempre foram.
Giovanni sorriu nervosamente e respirou fundo.
–Lucas teve sorte de encontrar.
–Na verdade se não fosse por você, Lucas e eu jamais teríamos nos encontrado. – Giovanni franziu a sobrancelha e me olhou curioso. –Essa é uma longa história que um dia você vai saber... mas não hoje.
Giovanni sorriu.
–Vamos!
–Eu não sei...
–Mas eu sim, vamos!
Fiz sinal com mão para que ele me acompanhasse. Giovanni parecia pensar muito e apenas assentiu ao meu chamado. Comecei a andar em direção à nossa casa e ele caminhou atrás de mim em silêncio. Pelo menos nisso ele e Lucas eram completamente diferentes. O tanto que Giovanni ficava em silêncio era o quanto Lucas falava igual a uma matraca velha.
Quando entramos em casa, Lucas me olhou com expectativa tentando decifrar minha expressão e ao ver que Giovanni estava atrás de mim, suspirou aliviado. Giovanni caminhou até Lucas que se levantou com cuidado do sofá e o puxou para um abraço que eu tive certeza que ele esperou todos esses anos para dar. Giovanni surpreso com a atitude de Lucas o abraçou em resposta pouco tempo depois. Eles permaneceram abraçados por um tempo e eu decidi ir para o quarto para dar privacidade para os dois que tinham muito o que conversar.
●●●
Acordei e o quarto estava completamente escuro. Assustada ao pensar que eu havia tido um pesadelo, me levantei de pressa e desci as escadas rapidamente à procura de Lucas, mas para minha surpresa encontrei Giovanni caído no chão da sala com o nariz sangrando. Eu senti o sangue evaporar de meu corpo me deixando paralisada. O medo de alguém ter pego Lucas para alguma maldade, fazia com que minhas pernas tremessem sem parar. Com dificuldade corri até Giovanni que estava inconsciente no chão.
–Giovanni! Acorda!
Eu cochichava com medo de ter alguém na casa, então agarrei seus ombros e comecei a puxa–lo para perto da porta da sala, caso precisássemos fugir.
Por mais que eu tenha feito um esforço enorme, quase não consegui tirar Giovanni do lugar e quando movi seu corpo uns dois centímetros, ele foi voltando os sentidos aos poucos.
–O que aconteceu? Cadê Lucas? Quem fez isso com você?
Giovanni se sentou com lentidão e me olhou com seus olhos roxos.
–Lucas... – ele falou baixo.
–Eu sei.. Lucas não está aqui. Eu acho que alguém levou ele. – falei apavorada.
Giovanni negou com a cabeça e respirou fundo para tomar fôlego.
–Lucas... fez... isso... – ele apontou para o seu rosto.
–Lucas o quê?!
–Isso! – ele apontou ara o seu rosto machucado. –Ele me bateu.
–Por quê??
–Ele foi atrás do pen drive.
–Sozinho??? – eu parecia uma louca berrando.
–Sim. Eu tentei ir juntos, mas ele me nocauteou.
–Te nocauteou???
Aquilo estava cada vez mais estranho.
Giovanni me olhou sem entender o que estava acontecendo comigo.
–Sim! – ele respondeu irritado.
–Me desculpa, é que... Lucas não é assim!
–Eu sei...
Giovanni suspirou e gemeu ao tocar seu olho. O ajudei a levantar e o sentei no sofá o olhando sem acreditar que aquilo estava acontecendo.
–Eu não deveria ter vindo. Me desculpe.
Giovanni falou tão chateado que foi impossível ficar brava com ele.
–Você só estava tentando proteger sua família.
–Sim, mas Lucas também era a minha família que eu o destruí.
Olhei para ele entendendo o dilema que ele havia se metido, então respirei fundo e decidi colocar esse mal entendido de lado e tentar focar em seus ferimentos que não eram poucos. Fui até o quarto e peguei soro e algodão para limpar seus machucados e ao voltar para a sala, Giovanni andava de um lado para o outro extremamente ansioso.
–Você acha que alguma coisa ruim vai acontecer com ele? – perguntei com receio.
–Não. Eu acho que não. Ninguém sabia do pen–drive além de mim.
–Certo!
Giovanni foi passar a mão em seu rosto e gemeu de dor quando encostou no corte em sua sobrancelha.
–Senta, preciso limpar seus ferimentos.
–Eu estou bem.
–Não está não! Sente! – falei alto e Giovanni fez o que pedi imediatamente.
Molhei o algodão com soro e conforme eu limpava p sangue em sua pele, era possível ver ainda mais a semelhança entre os dois. Era uma pena que tudo havia acontecido daquela maneira e os dois tenham se separados daquela forma.
–Ele vai ficar bem. –afirmei mais para mim mesma.
–Você acha? – Giovanni perguntou desesperado.
–Sim. Lucas é forte e não faria algo que não fosse capaz de lidar.
–Você acha? – ele perguntou mais uma vez.
–Eu tenho que acreditar nisso e você também.
Giovanni assentiu e ficou em silêncio para que eu terminasse de fazer seu curativo.

Marido Aposentado -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora