Marido Aposentado - Livro 2

Capítulo 25

Em menos de uma semana, Giovanni começou a ser acompanhado por um fisioterapeuta que o ajudou a levantar da cama e dar pequenos passos mesmo anda engessado. Ele sentia dor na perna, mas o pouco movimento que ele conseguia fazer, já era um progresso e tanto. O Fisioterapeuta explicou que por Giovanni ter ficado tanto tempo acamado, seus músculos perderam a força, portanto ele teria um longo caminho pela frente e que ele precisaria de todo o nosso apoio em sua recuperação.

Lucas e eu Íamos visitá–lo todos os dias e ele sempre nos recebia com muita festa. Giovanni era uma pessoa encantadora. Porque mesmo estando em uma situação extremamente complicada, ele permanecia bem humorado apesar de sua cara de poucos amigos. Giovanni e Lucas eram muito parecidos. Tanto no gênio, quanto aparência e no jeito. As vezes eu ficava confusa ao estar ao lado dos dois, pois um completava a frase do outro como se fosse a coisa mais natural do mundo e eu ficava no meio dos dois completamente fascinada pela beleza e pela interação que os dois tinham.

Pudemos participar de algumas sessões de fisioterapia e Lucas que não é bobo e nem nada, aproveitava a situação para tirar sarro de seu irmão.

–Está parecendo um bebezinho aprendendo a andar! Acho que eu sou o mais velho afinal de contas. – ele falava rindo e Giovanni se esforçava para não rir também.

–Espere eu ficar bem! Você ta fudido na minha mão!

–Bebezinho!

–Menininha chorona! – Giovanni iria se lembrar de Lucas chorando pelo resto de sua vida.

Os riam sem parar e continuavam com as ofensas carinhosas até a hora que precisávamos ir embora.

Era gratificante ver que eles conseguiram deixar tudo o que houve no passado para trás e focarem apenas que no estava para ir. Toda essa experiência nos obrigou a ter maturidade para escolhermos as batalhas certas a se lutar, e por sorte, eles escolheram lutar lado a lado.   

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(Duas semanas depois)

Quando chegamos para visitar Giovanni pela milésima vez, a enfermeira do andar pediu que passássemos no consultório do Médico do andar, pois ele gostaria de conversar com os responsáveis por Giovanni, Vulgo Miguel. Assim que entramos em sua sala, um Médico grisalho se apresentou prontamente.

–Boa tarde, eu sou o Dr James e também fiz o acompanhamento de Miguel no andar e devo dizer que ele teve muita sorte. Uma pessoa com o quadro como dele, infelizmente não conseguiria reverter de tal forma que ficasse sem seqüela alguma. Ele é um cara de sorte!

Lucas olhou para mim sorrindo e apertou minha mão.

–Bem, como ele esteve estável nessas ultimas semanas, sem grandes queixas de dor ou mal estar, e com os exames bons, devo dizer que ele poderá terminar seu tratamento e casa.

–Sério? Quando?:– Lucas perguntou eufórico.

–Hoje mesmo!

Lucas sorriu abertamente e passou as mãos nos cabelos, nitidamente ansioso.

–Vou fazer a papelada da alta dele. Não é vantajoso que ele fique no hospital correndo risco de pegar nossas infecções. Acredito que em casa ele se recupere melhor. Claro que ele vai ter que ter cautela! Não abusar ao tentar andar mais do que o corpo dele agüenta, tomar as medicações certas, fazer fisioterapia e claro bastante repouso.

–Pode deixar que iremos supervisionar para que ele faça tudo corretamente. – Lucas falou animado.

–Ele tem sorte de tê–los como amigos! Muitos pacientes aqui não tem ninguém para ajudar ou apoiar!

Lucas eu assentimos ao pensar em quantas pessoas passavam por situações parecidas e não tinham ninguém com quem contar. A vida às vezes era injusta de algumas formas, mas teríamos que agradecer sempre por Giovanni não sair do hospital em uma cadeira de rodas, ou até mesmo ficar lá dentro até sua hora chegar.  

O Doutor explicou mais algumas coisas sobre como deverá ser a rotina de Giovanni em casa e Lucas prestou atenção em cada detalhe para que não houvesse nenhum erro de ambas as partes.

Quando saímos de seu consultório, Lucas me abraçou forte e suspirou aliviado.

–Eu mal consigo acreditar que ele finalmente vai sair desse lugar.

–Eu sei meu amor, mas agora vai ficar tudo bem e logo seremos uma família enorme mais uma vez!

Lucas sorriu com alivio em seu olhar e segurou minha mão me puxando em direção ao quarto de Giovanni que já nos aguardava. 

–Adivinha quem vai embora desse lugar horroroso? – Lucas entrou no quarto falando animado.

–Você? – Giovanni respondeu sorrindo.

–Eu mesmo! – Lucas respondeu rindo a toa.

–Ele está bem? Ou usou alguma droga? – Giovanni perguntou para mim e recebeu um soco de Lucas no braço bom.

–Hey! – Giovanni resmungou e Lucas tornou a sorrir.

–Você que vai pra casa seu palhaço!

–Eu? – Giovanni perguntou surpreso.

–Isso mesmo! Dr James acredita que você já está bem para ir pra casa!

–Sério? – ele perguntou com receio.

–Claro cara! Se tratar em casa vai ser a melhor coisa pra você!

Giovanni sorriu forçado e suspirou incomodado.

–Você está com dor? Sentindo alguma coisa? Quer que eu chame um Médico? – Lucas o questionou desesperado.

–Eu estou bem Luka... só estou preocupado de como as coisas vão ser quando eu sair daqui. Mas isso é um problema meu e não de vocês. Vocês já fizeram demais por mim!

Lucas suspirou e me olhou com os olhos do gato do Shrek. Eu já sabia o que ele queria e eu iria propor antes mesmo dele me olhar com cara de coitado.

–Bom, até que você se recupere e que possa fazer suas coisas sozinho, eu acho que você deveria ficar na nossa casa. Ela é grande o suficiente para todos nós.

Lucas me olhou admirado e Giovanni arregalou os olhos.

–De forma alguma! – ele negou prontamente.

–Eu acho que não fiz um pedido. Eu afirmei! – respondi sorrindo.

–Eu.. eu não posso aceitar isso. Vocês já fizeram muito por mim. – ele tornou a falar.

–E iremos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance. Não ir para a nossa casa, não é uma opção. Já conversei com Jaqueline e disse que ela e Ágata podem ficar lá também o tempo que for necessário. Você precisa de um lugar tranqüilo e perto de nós. Então não existe melhor opção. É só nos organizarmos e tudo fica bem!

–Isso é loucura! – Giovanni respondeu com os olhos marejados.

–Isso é família! – afirmei satisfeita.

Giovanni olhou para Lucas que sorria em silêncio.

–Ela é louca irmão! – Giovanni falou para Lucas que riu alto.

–É.. ela é sim! Por isso me casei com ela! – Lucas respondeu me abraçando.

–Está decidido! Você vai para a nossa casa até ficar bem. Depois disso vemos o que conseguimos fazer!

–Decidido então! –Lucas afirmou sorrindo e Giovanni riu.

–Decidido! – ele afirmou nos deixando aliviados. 

–Bom! Agora vamos organizar suas coisas, pois boatos dizem que você irá para casa ainda hoje!

Falei rindo ao começar a juntas as coisas de Giovanni que estavam espalhadas pelo quarto.