Capítulo 20

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Eu já estava acordada assim que o dia clareou. O ronco/motor/britadeira/serra elétrica de Lucas me manteve quase a noite toda acordada, mas fiquei com dó de deixa–lo sozinho em uma noite tão difícil somente para poder dormir em outro quarto, então cada vez que o motor roncava, eu apertava o travesseiro contra seu rosto para o som diminuir nem que fosse por um segundo e assim foi durante toda a madrugada.

Eu estava deitada olhando para o teto quando Lucas roncou tão alto, mas tão altoque acabou engasgando e acordando de repente com o travesseiro  ainda em seu rosto. Ele jogou o travesseiro longe e quando seus olhos encontraram os meus uma gargalhada alta, mas muito alta saltou da minha boca me causando dores na barriga de tanto rir. Lucas me olhava com cara de paisagem esperando o meu surto passar. Conforme o ritmo do meu riso foi ficando mais ameno, Lucas suspirou e tentou controlar o seu mau humor.

–Tem algum palhaço aqui? – ele perguntou baixo.

–Não, mas você assustou com o seu ronco e foi muito engraçado. – respondi tentando segurar o riso. 

–Eu não ronco. – ele falou simplesmente.

–Claro que não Lucas! Você fica em stand by enquanto o seu motor interno trabalha por você!

Ele me olhou furioso e a única coisa que consegui fazer foi liberar o riso que estava entalado em minha garganta.

–Não vejo graça alguma! – Uau. Ele estava mesmo mal humorado.

–Bom Lucas, se quer ficar com essa cara de quem comeu e não gostou o problema é apenas seu. Eu passei a noite toda em claro por causa do seu ronco então agradeça por eu estar de bom humor!

Ele suspirou e passou as mãos em seu rosto sonolento.

–Que horas são? – ele questionou ignorando o meu discurso.

–6h30.

–Que horas é a visita?

–9h30.

–Droga! Preciso tomar banho.

–Eu te ajudo!

Ele me olhou como se eu tivesse feito a maior proposta indecente e respondeu rabugento.

–Eu sei tomar banho sozinho Nataly.

–Tenho certeza disso Lucas, mas você está com a porcaria de um gesso no pé!

Respondi no mesmo tom de voz que Lucas e ele me olhou de canto de olho.

–Certo. Eu esqueci dessa merda!

Revirei os olhos e me levantei indo em direção ao banheiro. Peguei um saco de lixo que havia no armário e assim que Lucas entrou no banheiro, o ajudei a embrulhar seu pé no plástico para evitar que molhasse. Passei fita crepe em toda a beirada do plástico e grudei em sua pele para que a água não ultrapassasse.

–Mal vejo a hora de tirar essa porcaria!

–Imagine eu então!

Lucas me olhou surpreso e naquele momento percebi que o seu mau humor era contagioso e havia me contaminado, pois eu estava soltando fogo pelas orelhas.

–O quê? Só você pode soltar farpas por ai?

Lucas entrou no boxe me olhando de rabo de olho e eu aguardei sentada no vaso sanitário.

–Você deveria tomar banho comigo. – Lucas falou tentando consertar o que havia feito.

–E eu acho que você tem capacidade de tomar banho sozinho! – rebati.

Marido Aposentado -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora