Capítulo 19

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Horas depois vieram nos dar notícias de Giovanni. Seus exames haviam ficado prontos e sua tomografia acusou hemorragia abdominal. Seu caso era grave e o risco de morte era alto. Lucas parecia que ia desmoronar, enquanto eu tentava impedir que isso acontecesse.
Um Médico mais novo se apresentou a nós.
–Boa noite, eu sou o Doutor Samuel e irei realizar a cirurgia de Miguel. Ele está com um foco de hemorragia abdominal e não sabemos de onde está vindo esse sangramento. Teremos que abrir a barriga para vermos o que tem lá dentro. Essas cirurgias demoram de media de quatro horas, então aconselho vocês descansarem um pouco ou chamarem alguém da família.
–Ele não tem nenhuma família por aqui. – Lucas falou com receio.
–Certo, então converso com vocês quando a cirurgia acabar.
–Quais são os riscos da cirurgia? – perguntei preocupada.
–Toda cirurgia tem risco, mas o caso dele é grave e iremos torcer para que tudo corra bem. Ele sofreu diversos traumas e seu corpo está muito debilitado, então tudo vai depender da recuperação dele.
Lucas e eu concordamos com a cabeça com medo do pior.
–Quando vamos poder vê–lo?
–Ele vai pra UTI assim que sair da cirurgia, mas dependendo da estabilidade dele, tento liberar uma visita para um de vocês dois.
Lucas e eu concordamos novamente e o Médico se afastou indo em direção ao centro cirúrgico. Olhei para os olhos azuis de Lucas que estavam apagados de tanta tristeza.
–Devemos avisar Jaqueline? – perguntei.
–Acho que é melhor esperarmos ele sair da cirurgia. Não sabemos exatamente como ele está, e isso só ira deixar as duas preocupadas!
–Certo...
Concordei com Lucas e procurei uma cadeira para que ele pudesse se sentar e descansar seu pé engessado.
–Se alguém me dissesse que isso tudo ia acontecer, eu teria internado essa pessoa na hora.
–Se alguém dissesse que eu seria mãe de dois filhos eu me internaria antes disso virar verdade!
Falei brincando e Lucas começou a rir.
–Obrigado por estar aqui comigo. Eu jamais conseguiria passar por tudo isso sozinho.
–Eu te amo Lucas e vou ficar com você sempre que precisar.
–Eu te amo também.
Dei um beijo em sua boca macia e afaguei seus cabelos na tentativa de me acalmar e acalmar o homem da minha vida.
●●●
Cinco horas depois Dr Samuel veio conversar com a gente.
–Correu tudo bem na cirurgia. Conseguimos achar o foco da hemorragia e infelizmente tivemos que retirar seu baço que não parava de sangrar. Conseguimos estabilizar a fratura das costelas e ele está estável. Ele teve pressão baixa em alguns momentos da cirurgia, mas isso é normal quando se tem sangramento excessivo. As próximas horas serão crucias para a recuperação dele.
–Ele pode morrer?
–Infelizmente o caso dele ainda é muito grave. O traumatismo craniano dele foi grave, então temos que esperar seu corpo reagir.
–Nós vamos poder vê–lo? – Lucas perguntou aflito.
–Eu conversei com o Médico plantonista da UTI e ele liberou apenas cinco minutos de visita para uma pessoa. Então peço que vocês s dirijam para a recepção da UTI, e assim que ele estiver acomodado alguém chama um de vocês para vê–lo.
–Muito obrigado Doutor! – Lucas falou emocionado.
Doutor Samuel assentiu e voltou para o centro cirúrgico nos deixando um pouco mais aliviados.   
Nós dois fomos para a UTI depressa e a espera era devastadora. Era como se o tempo não passasse e ficasse parado naquele mesmo segundo de agonia e aflição.
–Eu estou enlouquecendo aqui. – Lucas resmungou encarando a porta da UTI.
–Você precisa ficar calmo Lucas. Giovanni precisa de você bem agora. Ele precisa de você!
–Eu nunca vou me perdoar se ele morrer.
–Não é sua culpa Lucas!
–Não é, mas eu poderia ter ido junto e evitado isso tudo.
–Evitado? Agora vocês seriam dois mortos e eu estaria sozinha sem fazer a mínima idéia do que aconteceu com você!
Lucas escutou minhas palavras e percebeu que o desespero estava atrapalhando seu juízo.
–Me desculpe, Ná. Eu só estou desesperado!
–Eu sei disso, mas temos que manter pensamento positivo e acreditar que ele vai sair dessa.
Lucas concordou e quando abriu a boca para responder, uma enfermeira da UTI abriu a porta.  
–Qual dos dois irá vê–lo? – ela questionou e eu apontei para Lucas que caminhou depressa em sua direção. A porta foi fechada e eu fiquei do lado de fora torcendo para que Giovanni resistisse e fizesse parte de nossa família de uma vez por todas.
Pouco tempo depois Lucas saiu da UTI com lágrimas nos olhos.
–Ele está muito machucado. Seu rosto está deformado e cheio de hematomas. Eu não sei se ele vai sair dessa! Ele está inteiro engessado. Foi horrível ver aquilo tudo e não poder fazer nada para ajudar.
Lucas passava a mão no rosto em desespero e eu me sentia mal por não poder fazer nada para aliviar sua dor.
–Ele vai ficar bem!
–Você acha mesmo?
–Tenho certeza! Ele tem que ficar.
Lucas suspirou aliviado por perceber que eu realmente acreditava que Giovanni ficaria bem.
–Tomara. – ele falou baixo e uma lágrima escorreu em seu rosto.
–Vamos para casa. Temos que descansar, para voltarmos aqui amanha e recebermos boas notícias.
Eu dei um passo e Lucas segurou minha mão.
–Você acha mesmo que ele vai ficar bom? Sem seqüelas... bem?
–Eu tenho que acreditar nisso Lucas. Deus jamais te daria uma segunda chance como essa se não fosse para você poder viver o resto da sua vida com seu irmão ao seu lado.
Lucas concordou com a cabeça e beijou minha testa.
–Vamos para casa meu amor....
Ele segurou minha mão e fomos caminhando em direção a saída do hospital sentindo como se o mundo estivesse em nossos ombros.
Voltamos para casa aflitos e
em silêncio. Nenhum de nós sabia como seria daqui pra frente e não saber se Giovanni sobreviveria nos deixava ainda mais amedrontados. Saber que o bem estar de Giovanni Fugia de nosso controle era demais para suportar.
Assim que colocamos os pés dentro de casa o telefone tocou. Lucas me olhou com os olhos arregalados e eu atendi depressa com medo de ser do hospital.
–Alô?!
–Eu te liguei o dia todo! O que aconteceu????? – Aline falou furiosa.
–Ah amiga, é uma longa história.   
–Eu pensei que tinha acontecido alguma coisa! Está tudo bem? Você está bem? Lucas? As crianças?
–Estamos todos bem Aline.
–Você não está nada bem! – ela insistiu.
–Eu estou cansada, posso te ligar amanha? Prometo que te explico tudo depois.
–Ta bem! Mas se precisar de alguma coisa é só me ligar.
–Obrigada.
–Tchau.
Coloquei o telefone no gancho e ajudei Lucas a subir as escadas. Assim que entramos no quarto, nos jogamos na cama completamente exaustos. Nos abraçamos e quando eu estava pegando no sono escutei um barulho alto como se fosse uma moto serra dentro de casa. Me sentei depressa e assustada e a raiva tomou conta de mim quando descobri que a moto serra era apenas Lucas roncando como um motor enguiçado ao meu lado. Com a pouca delicadeza que faz parte de mim, peguei meu travesseiro e coloquei em cima do rosto de Lucas, fazendo uma pequena pressão para que abafasse o som ao menos um pouco. Quando achei que o som havia diminuído consideravelmente, me deitei novamente e finalmente embarquei no meu sono de beleza.



Marido Aposentado -  Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora