Stereotype

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   Jung Hoseok, híbrido de cachorro vira lata, estava animado. Uma escola que abriga todos? Sem chance! Que ótimo! As vagas para sua antiga escola, além de disputadas, ficava muito longe. Essa é um pouco mais perto e com vagas de sobra.

    Sua mãe por outro lado estava receosa, com medo das amizades que o filho poderia ter. E se por acaso se envolvesse com um traficante? Um ladrão? Um estuprador?

     “Sei me virar, mamãe. A senhora pode ficar tranquila”. Garantia o seu filhotinho, mas uma mãe que se preze tem que ser paranoica. 

     Mesmo com um aperto no coração mandou o filho ir trocar de camisa pois estava muito amassada. Vendo seu tesouro voltar, deu-lhe um beijo na bochecha seguido de uma lambida.

      - Cuide-se. Lembre-se do  que digo. E por favor... sei que você é muito sociável, querido, mas desconfie pelo menos um pouco com quem fala.   -Disse a senhora Jung arrumando o cabelo alaranjado do seu eterno filhote.

     -Eu sei mãe, eu sei. Sabe que fujo quando me encontro encrencado. Nós cães cheiramos o perigo, lembra?. 

     Seus olhos brilharam quando a mais velha rio, fazendo as ruguinhas fofas que tinha ao lado dos olhos aparecerem junto com seu sorriso. Hobi amava aquele riso.

    -Ora menino. Já lhe disse, cheiramos o medo não o perigo!.

    -Tentarei me lembrar na próxima. Omma, tenho que ir agora ou vou me atrasar. Saranghae.  -Falou dando-lhe um beijo na testa. Pegando a bolsa pronta que estava esperando, toda largada, ao lado da porta já aberta.

     Na verdade Hoseok sabia que cachorros não cheiravam o perigo, sempre soube, só queria ver o lindo sorriso da Jung.

     Sorrisos, era isso que ele mais gostava de observar nas pessoas. Enquanto outros viviam para verem closets ou guardas roupas cheios de marcas famosas, estantes com os mais caros perfumes franceses, armários e geladeiras lotadas de comidas refinadas, ele vivia para colecionar felicidade e amizades. Coisas que valem a pena, verdadeiros tesouros.

     Enquanto isso no próximo bairro, ao longe de onde nosso querido otimista marchava rumo ao novo instituto de ensino, Yoongi andava de nariz empinado. O pai estava ocupado demais para levá-lo á escola com a limousine da família, a mãe estava tratando dos negócios no Brasil. 

     Sabe as pessoas que preferem ter a casa lotadas de objetos metidos á besta? A família de Min Yoongi é assim, ele mesmo não é diferente! Até mesmo o deixavam usar as roupas femininas que tanto amava (de grife, lógico). Claro que ia na cabeleireira mais cara da cidade e usava Chanel n° 5, quem nunca não é?.  

    O que um serzinho de vida tão boa, capaz de ir de jatinho para a escola particular mais cara para felinos de toda a Coreia do Sul faria logo na mais barata particular? Logo perto de casa? Com um monte daqueles caninos e roedores nojentos? Simples! E responderei a pergunta junto com outra: os pais de Yoongi são sócios da Peace and Fraternity, antes mesmo da mesma se instalar na Coreia, por isso todo o dinheiro. Ah... ainda não respondi porque o gatinho está lá, bem tudo não passa de uma jogada de marketing combinada com corte de gastos. “O filho de uma das famílias mais ricas da Coreia estudando lá? Deve ser boa mesmo!” era a estratégia.  

     O Min torceu o nariz quando se viu obrigado á atravessar um pouco um dos bairros de classe média. “Cachorros” já pensou.

    E como se o universo tirasse uma com sua cara, um deles tromba com ele. Mas não era qualquer cachorro, era Jung Hoseok.

    Os dois caem, o ruivo por cima do moreno de cabelos compridos para um cara. Percebendo que estava em cima de alguém, tratou de corar e se levantar o mais rápido possível. Enquanto o branquelo se tornava vermelho de raiva.

    - D-Desculpa...   -Disse estendendo a mão. Até que seus olhos pousaram no caído. Seus lábios finos enfeitados com um gloss brilhante... as orelhinhas brancas que davam contraste com o cabelo preto alinhado, até sua feição extremamente estressada era linda.

    Tudo que recebeu da criaturinha bonita, foi um tapa na mão.

   -Consigo me levantar sozinho, obrigado.  -E assim o fez, arrumando a saia xadrez. Bufando de forma bem audível.

    Começou a andar, a cauda felpuda varrendo o chão por onde passava, as orelhinhas deitadas na cabeça.

-Desculpe mesmo... não foi minha intenção.  -Passou á andar lado a lado do outro.

-Já entendi! Pode cuidar da sua vida agora...  

     O ruivo estava nem aí se o felino ao seu lado queria espaço, paz ou estava apenas tendo um dia ruim...ou se seu temperamento era assim mesmo. Apenas queria o ver tranquilo, não aguentaria dormir de noite e pensar que poderia ter estragado o dia de alguém.

-Onde estuda?.  -Perguntou, notando a mochila nas costas do seu novo “companheiro”.

      O gato suspirou, com certeza tardaria para o cãozinho pidão o deixar em paz. De qualquer modo teria que aprender á lidar com aquele tipinho e causar uma boa impressão, ser taxado de chato no primeiro dia de aula? Seria o ó!.

-Estou indo começar meu primeiro dia na escola nova...sabe aquela, que parece um zoológico todo abarrotado de...qualquer tipo.   -Respondeu tentando reunir paciência.

-Jura? Eu também!.  -Sorria, mas Yoongi não via. Ocupado demais andando de nariz empinado.

      “Era o que me faltava o encontrar sempre que ir pra escola á pé”  pensou.

-Qual o seu nome?.   -Perguntou de novo, para quebrar o silêncio.

-Nunca me viu nos jornais?.   -Perguntou com um sorriso amarelo, jogando os cabelos para o lado.

-Por que eu deveria? 

    Ouch, direto no orgulho felino.

-Porque eu sou Min Yoongi. Filho de uma das famílias mais ricas da Coreia...

-Família Min? Nunca ouvi falar.  -Deu de ombros.

     Ouch, de novo.

-Claro que não, você é um cão.   -Prosseguiu.

     Yoongi só era chato desse modo porque na verdade, era muito inseguro e precisava rebaixar os outros para se sentir superior (como maioria das pessoas que praticam bullying).

     Mas o ruivinho não se importava. Ele até entendia, infelizmente algumas pessoas simplesmente não conseguem acreditar em si mesmas. 

-Por que...?.  -Sussurrou um pouco alto demais, por conta disso o alvo de análise escutou.

- Por que o que?.  

-Por que tão amargo? Poxa, qual a necessidade de colocar os outros para baixo apenas para sentir, só sentir, ser superior?.

     Já não bastava seu psicólogo lhe dizer coisas parecidas, ainda tinha de lidar com um estranho que não sabia nada de sua vida lhe dizendo coisas assim.

-Como se você soubesse de alguma coisa, cachorro. Você é burro, assim como todos os outros da sua categoria. 

-Ai ai, malditos estereótipos. Entrei pra essa escola com uma bolsa de estudos, fui o melhor aluno de exatas e um dos melhores de humanas e biológicas da minha antiga escola. Usa esse seu dinheiro aí, ou simplesmente vai na recepção e pede pela minha ficha pra dar uma olhada; isso tudo se vossa alteza suportar ficar no meio de plebeus nojentos por muito tempo. 

      O menorzinho não deveria, seu falso orgulho impedia mas mesmo assim se sentiu atingido. Porém, admirou o vira lata por se demonstrar sábio e conhecedor do poder das palavras.

     Vagaram ambos juntos, com uma distância razoável entre eles que parecia ainda maior combinado com o silêncio. Ao chegar perto dos portões da escola, Hoseok falou:

-Mesmo com essa sua doçura de espírito, foi um prazer conhecer você! Aliás, meu nome é Jung Hoseok.   -Acenou discretamente para a quem acabara de ter uma pequena discussão e saiu dali.

   “Foi legal te conhecer também, Hoseok”. Pensou o gatuno enquanto caçava pela multidão utilizando seus olhos sagazes de predador, alguém notável o suficiente para ser seu amigo.




      Continua...





Bem gente, foi isso. Os capítulos vão ter cerca de 1000 palavras por que fica mais fácil de escrever (e atualizar mais rápido) além de ficar mais organizadinho e dinâmico para leitura.
Gostaram? Esse cap é meio pombo mesmo mas é porque está no início.

Oh Gosh, Catboy! ◇Yoonseok!AU◇Onde histórias criam vida. Descubra agora