Quando o sinal tocou anunciando o final do segundo dia, os alunos irromperam de suas salas formando um intenso mar composto por adolescentes na puberdade, obviamente o fedor de cecê era bem aparente, nesta idade alguns esquecem do desodorante ao pularem cedo da cama, sem querer perder hora. O burburinho e gritaria dos corredores já aumentara em comparação ao primeiro dia.
Os humanos podem ter mudado bastante nestas últimas décadas, porém eles continuam a serem seres sociais. Eles precisam de amizades, alguém para serem seus confidentes, qualquer um serviria pro cargo, de preferência aqueles com gostos parecidos e frustrações semelhantes... Não é assim que funciona afinal?. Os atributos animalescos dos híbridos deixaram essa necessidade no patamar das essenciais, ter amigos era tão importante quando comer ou ter água potável, afinal todos ali precisavam de suas respectivas matilhas ou alcateias. Preciso nem mencionar o fato de serem todos adolescentes ali, querendo serem aceitos, achar seu lugar no mundo.
Mas tem alguns, ah esses alguns, tão infames e comuns. São aqueles que precisam se sentir donos de tudo e todos. Algo em seu âmago profundo os fazem naturalmente sangue frios, donos de uma capacidade sobrenatural em esmagar egos, partir corações, foder sanidades... Não é? Todos conhecemos alguém assim.
Todavia esquecemos um detalhe: todos nós nascemos maus, nojentos mas também puros, bondosos e obviamente inocentes. Alguns seres perdem sua pureza e felicidade mais cedo que outros, normalmente por causa desses outros, formando desta forma uma corrente asquerosa de péssimas ações; enforcando e destruindo todos os atingidos. Pois é. Tudo isto funciona como um gatilho, até porque, quando sua melhor parte é destruída, tudo que lhe resta é sua pior. E você fica com inveja dos outros, de seus sorrisos principalmente e assim começa uma jornada impiedosa para conseguir todos em sua posse para logo em seguida esmagar.
É a seleção natural, afinal. Presa ou predador, você escolhe.
Min Yoongi era uma dessas pessoas. Seu sorriso doce transbordava veneno, seu interior era tão podre que os vilões do cinema sentiriam inveja, seu ódio era equivalente a ira dos quatro cavaleiros do apocalipse. Seu sangue era estupidamente frio, os pulsares de seu coração deveriam ser considerados milagres por conta disso.
—Jinnie. Vai na minha festa nesse final de semana né? —Nosso felino (talvez) favorito pula nas costas do unicórnio de cabelos rosa.
—Ah... Não sei Yoongi. Vou ver se meus pais deixam. —Estava falando sério, aqueles dois eram super protetores.
—Mas não se esquece tá? Aqui seu convite. —Correu para parar na frente do menino, fazendo o mesmo estacar no chão quase provocando um trombamento atrás de si. O estudante atrás de si resistiu no impulso de xingar aqueles dois quando desviou.
—O-Obrigado Yoongi! —Abraçou o gato, o mesmo quase arranhou a cara do amigo por conta do susto que lhe deu aquele gesto repentino. Ele nem retribuiu o abraço, não gostava muito de ser tocado.
—De...nada né? Hehe —Riu sem graça. Pensando bem, qual fora a última vez que demonstraram carinho por si de forma tão espontânea e autêntica? Com isso em mente resolveu corresponder ao gesto, ainda surpreso, com tapinhas nas costas do colega enquanto mexia a cauda, embaraçosamente.
—Espero muito que eles deixem... Vai ter muita gente? —De repente seu coração começa a palpitar. Raios, deveria ser o único adolescente do mundo que nunca fora em uma festa sem ser a dos aniversários de seus primos.
—Estimo cerca de 200. Tudo da escola, e uns amigos meus. —Jin quase morreu ali mesmo. —E estou pensando em convidar o seu crush! E os amigos deles, pra não pegar mal.
—O-O que?! —Sua garganta seca, seus órgãos internos estavam prestes a explodir, suas mãos estavam mais molhadas que as calcinhas das meninas quando o professor Kai entrou na sala. —Que história é essa de crush, tenho nenhum não menino tá louco.
Yoongi queria fazer a maior cara de bosta já conhecida e soltar uns daqueles seus comentários ácidos e sarcásticos. Mas se conteve, a máscara não poderia cair tão cedo.
—Ah, Seokjin. —Abriu um sorrisinho falso. —Essa sua reação só me confirma o quanto tu gosta do cara. Relaxa, sabe que pode confiar em mim né? —Disse docemente. —Não vou negar que ele é bem bonitinho, sorte sua que não faz meu tipo, prefiro os gatos se é que me entende... Qual o nome mesmo? Kim Nambum?
—Kim Namjoon. —Corrigiu levemente, notando o som bonito daquele nome.
—Ah sim. Kim Namjoon. Vocês tem até o mesmo sobrenome, imagina que lindo seus convites de casamento? “Kim & Kim” —Terminou a frase passando o braço pela cintura do outro (seria nos ombros, mas não alcançava) e fez um arco com o livre. Como se demonstrasse graficamente o quão lindo seria.
—Tá, talvez eu tenha uma... Quedinha por ele. —Disse em baixo tom, para apenas ser ouvido por ele. Suas bochechas corando no processo.
—Talvez seja um abismo. Isso só resolveremos com conversa e... —Parou a fala para olhar no relógio caro em seu pulso. — Meu chofer vai chegar logo logo.
—Ah sim, pode ir na frente. Não quero que se atrase por minha causa.
—Nos vemos depois querido. Salvou meu número? —Deu beijinhos apressados em ambas as bochechas do colorido.
—Sim. Algum problema se eu te chamar de tarde? Tenho nada pra fazer.
—Somos dois. Talvez hoje mesmo eu fale com o DJ da festa pra fechar logo a playlist que vai tocar... Poxa, preciso decidir o cardápio hoje também... Mas enfim, pode me chamar sim. Normalmente esses meus “compromissos” duram pouco.
—Ah, claro que sim. Então até amanhã!
—Até... Ah mais uma coisinha, proteja esse convite com a tua vida meu querido. Sem ele, não entra. —Afastou-se acenando, deixando um certo Jin meio sozinho.
Estava mentindo, claro, entretanto era uma mentirinha branca. Havia confirmado o significado das olhadelas programadas que seu amigo dava para aquele nerd meio trevoso da sala, tinha de agir o mais rápido possível, aquele garoto inocente precisava ser introduzido ao mundo real, nada que uma desilusão amorosa não resolva.
Fora fácil acha-los, apenas seguiu o caminho da biblioteca e os achou ali, estavam quase entrando na mesma para talvez se debruçarem sobre os livros ou algo do tipo (um fato curioso dessa escola, é que ela fica aberta e os alunos podem usufruir dela fora de seu período letivo) quando os parou, segurando no ombro esquerdo de Namjoon.
—Olá, é você o Namjoon né? —Viu o mesmo concordar com a cabeça, uma das sobrancelhas arqueada em surpresa. —Isto é pra ti.
Estendeu o convite para ele, com as duas mãos tal como indicava o costume coreano. Estava tudo bem até notar a presença daquele cão de cabelo laranja, o mesmo do primeiro dia. Estava relutante em o convidar também, mas como pensado anteriormente: pegaria mal não o fazer. Por isso pegou o envelope extra guardado no bolso de seu moletom e o deu para o cachorro que o segurou sem olhar em seus olhos.
—Se forem mesmo não esqueçam os convites. Do contrário serão barrados na entrada. Au revoir!
Afastou-se com sua típica pose de inalcançável, quase se desfazendo ao sentir ser secado por um daqueles deixados para trás. Não entendia porque, pelo menos não agora, o motivo de se sentir tão frágil naquela hora.Continua...
Desculpa a demora para atualizar, eu tô com um bloqueio quando se trata dessa fic. Mas quero aproveitar minhas férias para atualizar bastante ambas as que escrevo. Falando em ambas, se estiverem gostando da minha escrita,, jurinho que dem uma passada nas minhas outras obras (que foi? Tenho que me auto promover também UE!)
Até loguinho, assim espero... Amo vocês e até a próxima s2
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Oh Gosh, Catboy! ◇Yoonseok!AU◇
FanfictionHíbridos. A raça humana fora extinta e tudo que restou foram os fofos híbridos de animais diversos. Com isso, barreiras e preconceitos foram quebrados...e estereótipos, reforçados. Mas um grupo incomum na realidade atual poderá mostrar...