Tomorrow We'll Be Alright

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O ódio tomou conta de Yoongi. Sentiu aquela coisa massiva em seu peito se propagar para as outras partes do corpo, sabia que fervia e possivelmente estava vermelho. Conseguia ouvir sua pulsação extremamente fora do prumo enquanto apertava Louis ainda mais em seu abraço.

—Por favor... Diga que isso é só uma brincadeira.   —Ele olhava atentamente para a frente, enquanto tudo parecia borrar. Estava prendendo suas lágrimas de fúria.

O outro menino abriu a boca para dizer alguma coisa, porém não conseguiu. Estava com a voz por um fio e nenhum copo d'agua estava ali dando sopa. Ao invés disso apenas balançou a cabeça negativamente. O Min não entendia como podiam fazer isso com um ser tão maravilhoso quanto ele. 

—Não tem problema.   —Falou, quando percebeu o choro do amigo se tornar mais fraco. Se separou dele apenas para conseguir ver seu rosto, olhando para o chão.   —Pode ficar comigo o quanto precisar. 

—Eu acho... —Deu uma tossida e limpou suas lágrimas, percebendo o tamanho da cena que causou naquela noite. Estava tudo bem, até ele chegar ali... Bem, era assim. Sempre estragando tudo.   —Que não é justo.

—Só essa noite então, Lou. Está tarde. —Envolveu os ombros do amigo ao perceber que ele tremia. Estava friozinho lá fora, o que com certeza não era nada agradável para quem andou muito usando apenas uma regata escura.    —Venha. Pela amanhã ficaremos bem.

O pantera iria relutar, bater o pé ou simplesmente ir atrás de abrigo embaixo se uma ponte ou algo do tipo. Entretanto o serviçal que o atendera acabara de fechar a porta por conta do vento. Além do mais não havia para onde correr e sua autopreservação sabia muito bem o quanto aquela ajuda seria boa. 

—Pode usar o banheiro do segundo andar, nas duas últimas gavetas tem toalhas e roupões para convidados, respectivamente então não se acanhe de pegar algum. Infelizmente não tenho produtos para cabelo cacheado se quiser lavar agora. Vou separar algumas roupas para você.

Lou foi para o banheiro, arrastando sua cauda preta no chão. Enquanto tomava banho e sentia todo o suor grudado em seus poros e seus pecados serem devidamente lavados, tudo isso enquanto tentava se recompor do choque de uma hora antes.  Esfregava o sabonete em seus braços e sentia as finas cicatrizes de seu passado tenebroso, se perguntando se fosse um estranho ou algum amigo qualquer de Yoongi, o mesmo seria assim tão gentil; será que ele ainda era apaixonado por si?

Usou a toalha para secar os cabelos e se enrolou nela, tentando não olhar para seu corpo extremamente magro e seios (mesmo que bem pequenos). Merda, porque não conseguia simplesmente voltar a comer, á ter fome? Se odiou ainda mais... Já não bastava simplesmente concordar com o corpo que tinha, tinha que ter um psicológico fodido. Caminhou para o quarto do hospedeiro tentando não chorar. 

—Esse pijama é velho e está meio apertado em mim mas acho que cabe em você.   —Ouviu a voz do gato saindo de uma porta aberta. Em seguida, da mesma direção, começou á soar um piano e ele sabia muito bem que música era.

—Come up to meet you, tell you I'm sorry.You don't know how lovely you are.   —Cantarolou com sua voz naturalmente aguda. Simplesmente amava essa música e a banda. Ele não sabia, mas o Min sempre se lembrava dele ao escutar essa música pois expressava muito seus sentimentos antigamente quando pisava muito na bola e se reforçava para ser... Bem, suportável.

Ao terminar a música, ouviu os passos do gatuno e logo ele estava sorrindo gengival ao seu lado.

—Vamos jantar?   —Perguntou docemente. Tinha plena consciência dos problemas do amigo com alimentação e precisava, agora que o mesmo estava sob seu teto, cuidar direitinho dele. 

—Suga... Eu acho que não...

—Nah nah nah. Sem essa. Vai comer e vai comer bem!    —Envolveu a mão dele na sua.  —Por favorzinho... Vem comigo.

—Suga... E-eu não tô com fome.   —E ao dizer isso, viu o sorriso do garoto vacilar.

—A questão não é essa, Lo. Você nunca tem fome e sabe muito bem o porque.

—Eu sei...   —E tombou a cabeça derrotado.  —Venceste, majestade! 

O dono da casa basicamente arrastou seu visitante até a mesa do jantar, onde se acomodaram e a sopa de batata com salmão. Era algo simples para os padrões comuns das refeições dos Min, porém os cozinheiros sempre faziam sopa de alguma coisa quando esfriava.

Louis comeu uma colher, depois outra. Não sentia gosto de nada e quando tentou se concentrar em seu paladar teve que conter sua vontade de vomitar. Decidiu esperar um pouquinho e, ao mesmo tempo em que mexia sua colher na substância amarelada e grossa, decidiu puxar conversa.

—Seus pais vão deixar?  

Yoon parou de comer no ato. Sabia que seus pais não ligariam se ele ficasse ali um dia ou dois, mas sabia que este não seria o caso. Era necessário a permissão dos donos da casa embora eles mal colocassem os pés nos arredores da residência, desde sempre fora criado por babás negligentes ou firmes demais.

—Isso eu resolvo depois.    —E voltou a comer, tentando bolar algum plano. Desta forma, a sala se afundou novamente em silêncio.

—Yoongi-ah...   —Ele levantou  a cabeça de imediato, Louis nunca o tratava de modo tão formal.     —Você... Ainda me ama? Tipo, naquele sentido.

O gato branco quase engasgou. O que ele fez pra merecer uma pergunta difícil daquelas no meio do jantar? Ah... É, muita coisa, mas mesmo assim! Piedade é trabalho do universo.

—Eu ainda te amo sim. Como um irmão.   —Demorou um pouco para responder, contudo não era hesitação. Ele simplesmente desconhecia seus reais sentimentos pelo pantera colombiano,  porém uma coisa era certa: não eram os mesmos de antes. Já havia superado aquela paixão inviável pelo amigo hétero á um tempinho... Talvez, a única faísca de amor que já sentira por alguém havia se perdido em alguma das várias bocas que já beijara por realmente tentando esquece-lo.    —Mas é aquele velho ditado se tu querer eu quero.

Ele soltou uma risada gostosa, distraindo-o por tempo suficiente para traçar meio prato de sopa. Depois de muita reluta para comer a outra metade, voltaram par ao quarto.

—LouLou... Não que você seja um incômodo, claro que não. Mas... Se eles não deixarem... Você tem para onde ir?

—Hehe... Sabe eu já considerava a possibilidade de ser expulso. Achei que eles não o fariam pois quando eu disse que era lésbica, foi a coisa mais normal... Entende? Agora quando eu disse que sou um garoto...   —Fungou, tentando expulsar o sentimento ruim que do nada começou a aflorar.   —Eu pesquisei sobre abrigos para LGBTS e só há um e eles não aceitam menores de idade. Nenhum amigo me aceitaria vivendo na casa deles e o resto da minha família está do outro lado do MUNDO na AMÉRICA LATINA!   —Gritou, socando o colchão.

Suga percebeu que ela estava tremendo de frio e foi fechar as janelas e pegar um cobertor. Como a temperatura caíra tão drasticamente?

—Merda de existência. Merda de vida! Além de preso nesse corpo de bosta.   —Agarrou o pano que ficava próximo aos seios e ficou puxando-o desesperadamente, como se quisesse arranca-lo.    —Estou preso nesse país e na minha própria MENTE!

Não sabia como conforta-lo, então só sentou ao seu lado. E quando ele parou, o abraçou por trás e por cima dos ombros, puxando-o para deitar consigo. A luz detectava movimento então logo apagou, fazendo desaparecer o quarto e o cobertor felpudo e lilás.

—Vai ficar tudo bem. Amanhã, estaremos bem, ok? Eu prometo.    —Sussurrou enquanto acariciava os cabelos cancheados do outro, parando apenas quando o ronronar cessou junto com os fungares.



Continua...



DESCULPA a demora pra atualizar, final de ano tá foda mano. As provas começam quarta e eu não sei a nota que tirei da maioria das provas que fiz umas semanas atrás mano eu tô com muito medo de ficar de recuperação em alguma matéria com cálculo. Aaaaaaaa

Enfim, até.


 




Oh Gosh, Catboy! ◇Yoonseok!AU◇Onde histórias criam vida. Descubra agora