04- Caitlin

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O sol brilhava intensamente lá fora  quando Caitlin foi acordada por um par de mãozinhas que apertavam suas bochechas, abriu os olhos encarando Natali que sorria alegremente.
-Bom dia mamãe.
-Bom dia meu anjo, acordo agora? - indagou se sentando e puxando - a para seu colo, Natali assentiu. - Ótimo,  o que você vai querer para o café então?
-Mas o papai já está fazendo o café mamãe. - ela falou, Caitlin a encarou um pouco confusa. Estava pronta para perguntar o que Natali queria dizer com aquilo quando a porta se abriu e Barry entrou carregando uma bandeja.
-Bom dia. - ele desejou sorrindo, Natali pulou animada em seu colo, Barry se aproximou e deixou a bandeja aos pés da cama.
-Devo contar isso como invasão? - indagou puxando o coberto contra o peito um pouco envergonhada.
-Não, Natali abriu pra mim. -Barry falou coçando a nuca meio sem jeito como se só agora tivesse percebido que estava em um quarto com uma mulher seminua. - Na verdade ela ligou para mim um pouco mais cedo.
-Natali!
-Eu estava com fome mamãe e você é uma péssima cozinheira. - Natali disse em sua defesa, então se afastou para pegar um dos biscoitos que estavam na bandeja.
-Não podemos discordar disso Cait. Todos sabemos que você é uma ótima médica, mas um cozinheira medíocre. - ele falou se sentando na cama.
Ela bufou diante de tal argumento e olhou para a bandeja que continha uma quantidade absurda de comida para três pessoas, mas se lembrou que resvala lidando com dois velocistas, sendo que um ainda estava em fase de crescimento.
-Você fez isso tudo?
- Sim, é um dos meus dons. - Barry falou piscando para elas, Natali riu, mas Caitlin apenas sorriu a contragosto. - Olha, eu comprei até aquela torta de damasco que você gosta. - ele então lhe estendeu o prato onde estava a torta.
-Obrigada. - falou pegando o prato sem tirar os olhos dos dele.
-De nada. - ele disse sorrindo, Caitlin sentiu o estômago revirar, a sensação era a mesma de quando ela andava de montanha russa, um frio na barriga e tremor repentino nas pernas, como se não soubesse o que viria a seguir.
Comeu a torta me silêncio, evitando a todo o custo olhar para Barry, mas parecia que ele tinha outros planos.
-Você quer parar de olhar para mim, por favor.
-Desculpa. - ele murmurou, mas não deixou de encara-la, era como se procura-se algo, tentou ler seu rosto, o leve franzido em sua testa e os olhos inquietos, o conhecia muito bem para saber que algo o incomodava.
-Mamãe por que eu não posso ir ao laboratório? - Natali questionou e isso foi o suficiente para tirar a concentração de Barry e traze-lo de volta a realidade, Caitlin sorriu agradecida para a filha.
-Porque você é muito pequena e o laboratório é lugar para adultos. - explicou acariciando os cachos dela.
- Mas eu sempre vou pro laboratório, desde de bebê.
Natali cruzou os braços e fez bico, Barry riu e disse.
-Você ainda é um bebê Natali.
- Não sou não. - ela recrutou. - Já sou crescida papai, já tenho cinco anos.
-Claro que é crescida, olha o tanto de anos que você tem. - Barry zombou se aproximando dela, Caitlin se assustou quando ele pulou sobre a cama e atacou Natali fazendo cócegas nela. A pequenina gargalhou alto, enquanto Cait levantava o prato sobre a cabeça temendo que a torta caísse na cama.
-Para papai, para! - Natali pediu rindo. - Pala!
-Barry solta ela. - pediu deixando o prato com a torta sobre o criado mudo. -Ela ainda tem que banhar antes de Raíz chegar.
Barry riu, então puxou Natali para seus braços a envolvendo em um abraço de urso, Nat gargalhou alto. Existem certos momentos na vida que guardamos para sempre, aquele era um deles.
-Tá bem, já chega. - falou puxando Natali e empurrando para fora da cama. - Vai indo para o banheiro, te encontro lá.
Natali correu para fora do quarto, Caitlin então se virou para Barry, ele mantinha no rosto uma expressão indecifrável e um sorriso enigmático.
-No que você esta pensando? - indagou apoiando o queixo sobre a mão e se inclinando para frente.
-Na gente.
-Como assim?
-Sempre pensei que Íris era a mulher da minha vida, passei anos correndo atrás dela, então nunca havia parado para pensar que talvez a mulher certa para mim estava bem na minha frente  e eu apenas não vi por estar cego demais. - ele falou e suspirou, parecendo cansado. - Eu me sinto meio idiota por precisar de Natali para perceber isso. - ela riu e ele pegou sua mão entrelaçando os dedos nos dele. - Eu gosto de você, Cait. De verdade, percebo isso agora.
-Eu sei, mas agora está tudo tão complicado Bar. Antes de tomarmos qualquer decisão precipitada, primeiro temos que entender como isso afeta as nossas vidas a partir de agora em diante. - Barry a encarou confuso, Caitlin sorriu calmamente antes de continuar. - Faz muito pouco tempo que você terminou com Íris, sei que ainda está confuso, sei que os seus sentimentos por ela ainda são intensos, não podemos começar alguma coisa se antes não terminamos o que devíamos. As coisas entre mim e Julian também não estão as melhores possíveis, quando terminamos ele falou que eu nunca poderia ter um relacionamento sério se nunca entrasse de cabeça nisso.
-Você acha que ele está certo?
-Um pouco, temos que nos resolver com nossos fantasmas do passado para poder nos dar bem com o futuro.  Se você se acertar com Íris e eu me acertar com os meus fantasmas, talvez só assim poderemos ter algo real e concreto, mas por enquanto, acho melhor ficarmos assim.
Barry suspirou derrotado e apertou sua mão com força, um sorriso brincou em seus lábios antes dele levar as mãos dela até sua boca e beijar os nós dos dedos.
-Ok, você ganhou dra. Snow, deixarei minha declaração para outro dia. - ele falou sem tirar os olhos dos dela.
-Esperarei ansiosa para ouvi-la. - sussurrou sorrindo.
-Mamãe. -Natali chamou entrando no quarto, seus pés estavam molhados e deixava pegadas pelo piso, gemeu internamente sabendo que teria que limpar aquilo depois.
-O que foi Nat?
-Quando a gente mistura o shampoo com o sabonete e faz muita bolhas, isso é uma coisa boa ou ruim?
Caitlin fechou os olhos.
-Natali não me diga que você fez isso.
-Tem cheiro de lavanda. - Natali disse em sua defesa. -E é bom.

[...]

Caitlin poderia dizer que nunca havia se imaginado sendo mãe, mas estaria mentindo. Por um certo tempo ela deixou esse sonho de lado e focou somente na sua carreira, porém quando começou a namorar Ronnie sua mente as vezes viajava imaginando como seriam seus filhos, a cor dos olhos, dos cabelos, os nomes, os apelidos, os risos e choros. Em sua cabeça estava tudo perfeito, mas na vida real era diferente, quando Ronnie morreu, seus sonhos morreram junto com ele. E agora Natali estava ali, pronta para mostrar que alguns sonhos nunca morrem, talvez fosse um sinal, um enorme sinal luminoso em verde néon. Se vida está lhe ensinando alguma coisa, ela estava pronta para aprender.
-Novo meta-humano na área. - Cisco falou colocando o tablet em sua frente.
-O que ele faz?
-Telecinese. - ele disse com um quê de excitação na voz.
-E isso te animar por...
-Posso testar meus protótipos.
Cisco faltava pular de tanta animação, as vezes ele conseguia ser mais criança que Natali.
-Ah, ok. Já ligou pro Barry?
-Sim, ele está a caminho. - o sorriso dele parecia não caber no próprio rosto.
-O que está acontecendo Cisco?
-Nada Cait.
-Cisco eu te conheço, você não está animado apenas pelo meta, desembucha o que está havendo?
O engenheiro bufou irritado.
-Uma amiga está voltando para a cidade apenas isso.
-Tem certeza? - insistiu arqueando a sobrancelha.
-Claro.
-Está bem, mas se eu descobrir que algo está errado...
-Eu sei, você corta minha cabeça.
Ela sorriu.
- Ótimo, agora voltemos ao trabalho.

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