19- Barry

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Ele era um cara morto, mas pelo menos desta vez sabia o motivo. Quinze ligações, cinquenta mensagens, cinco idas até seu prédio apenas para saber se ela havia passado a noite em casa e apenas um bom dia sussurrado sem emoção em troca. Barry sabia que havia pisado na bola com Caitlin, havia beijado Íris na sua frente e isso não era uma coisa fácil de se perdoar, ele queria se desculpar, mas ela nem olhava direito para sua cara.

Cisco havia lhe dito que aquilo iria acontecer, a conversa da noite anterior ainda rodava em sua cabeça, seu amigo havia feito questão de enumerar treze vezes tudo o que ele havia feito de errado, desde de beijar sua ex-noiva na frente da sua futura esposa a tê-la deixo ir sem dar uma explicação plausível, embora ele realmente não tivesse uma explicação para aquilo tudo. Ele ainda tentava assimilar o que há vai acontecido na noite anterior, ele e Íris se beijaram e ela pediu para voltar, não que aquilo lhe fosse uma grande surpresa, conhecia a West muito bem para saber o que aconteceria a seguir. Eles viam seguindo aquele roteiro várias vezes nos últimos meses.

-Você tem que falar com ela. - Cisco falou pelo que pareceu ser a décima fez apenas naquela manhã.

-Eu sei. - afirmou novamente olhando para ela sentada em frente ao computador e digitando algo, Caitlin levou a mão até o rosto e pareceu limpar algo da bochecha, ele já a observava a um bom tempo para perceber que ela estava chorando, mesmo que o cabelo que ela havia estrategicamente jogado para o lado disfarça se, ele sabia que ela discretamente enxugava algumas lágrimas que insistiam em rolar, ela estava machucada e odiava vê-la assim, mas o que mais doía era saber que a culpa daquilo era dele. - Cait não vai falar comigo, ela ainda está irritada.

-Até eu estou irritado com você, Barry! - Cisco gritou e acabou chamando a atenção de Caitlin, ela levantou a cabeça e os encarou. Sentiu o coração parar de bater ao observa-la, o rosto abatido e as olheiras não combinavam com a Caitlin que ele conhecia. Ela rapidamente abaixou a cabeça ao notar que ele a encarava. -Peça desculpas.

-Eu adoraria, mas não sei por onde começar.

Cisco revirou os olhos cansado da situação, até parecia que era ele o envolvido na briga.

-Cara, eu assisti muitos filmes românticos para saber o que toda mulher gosta. Compre um buque de rosas para ela, simples.

-Simples. - repetiu sorrindo sarcasticamente. - Você acha que eu já não pensei mesmo nisso? Eu tentei entregar um hoje de manhã e sabe o que ela fez? Jogou no lixo.

-Aquelas rosas na entrada são suas?

-São.

-É, ela realmente está com raiva.

Bufou irritado e empurrou a cadeira com o pé fazendo-a rodar.

-Eu tenho um plano, mas vou precisar da sua ajuda. - disse, Cisco arqueou a sobrancelha interessado.

-Fale meu bom homem e eu pensarei no seu caso.

Olhou por cima do ombro, Caitlin ainda estava focada no computador e provavel ficaria assim pelo resto do dia.

-Preciso que vá comigo a um lugar.

-Agora?

-Não Cisco, amanhã.

-Sabe, um pouco de gentileza nesse caso também ajuda.

[...]

O sino na porta anunciou sua entrada, logo seu nariz foi invadido por vários aromas diferentes, Cisco espirrou e tossiu, nem passou pela sua cabeça perguntar se ele era alérgico a algum tipo de flor.

-Bom dia. Em que posso ajuda-los? - a senhora do outro lado do balcão perguntou, ela abaixou o regador, o colocando ao lado de um jarro com tulipas amarelas.

-Bom dia, estou precisando de flores, muitas flores.

-Então você veio ao lugar certo. Quais tipos você tem em mente?

-Não entendo muito de flores, o máximo que sei é diferenciar uma rosa de umas tulipa. - disse meio sem jeito, a senhora riu.

-Acredite meu bem, você não vai ser o primeiro nem o último homem que pensa assim, mas qual a ocasião especial? - ela indagou, ele passou a mão pela nuca.

-Ele pisou na bola com a namorada e agora precisa reconquista-la. - Cisco falou tomando a frente da situação. - Por isso precisamos de muitas flores, o plano é grandioso e será feito está noite.

-Entendo. - a senhora assentiu, como se lidasse com aquele tipo de situação diariamente. -Venham comigo, acho que tenho o que procuram.

A senhora contornou o balcão e seguiu até uma porta escondida por colagem de revistas, ela a empurrou e revelou uma outra porta, desta vez de vidro, que dava direto a uma estufa. Havia várias plantas sobre vasos de barro, alguns estavam vazios, outros tinham brotos ainda germinando, mas a maior parte já tinham plantas formadas com flores, a mistura de cores e aromas era peculiar, mas do modo bom.

-Grande parte das plantas vendidas na loja veio daqui, tomamos o maior cuidado de plantar apenas as espécimes mais bonitas e saudáveis, a flor que eu te mostrarei ainda não está à venda, é uma novidade. - ela dobrou entre duas roseiras e parou a frente de um arbusto com algumas flores amarelas. - Estas se chamam La Amores.

-São lindas. - admirou a tonalidade do amarelo do início das pétalas ir escurecendo até se tornar um vermelho no caule. - Quanto custam?

-Seiscentos dólares a dúzia.

-Seiscentos o que?! - arregalou os olhos em direção a mulher, ela apenas deu de ombros e sorriu.

-Não seja mão fechada agora Barry. Não é o melhor momento. - Cisco disse. - Vamos levar duas dúzias.

Olhou para o amigo um tanto incrédulo.

-Você está de brincadeira, não é?

-Mas também vamos precisar de pétalas de rosas. - Cisco falou o ignorando, a senhora que assentiu. - De várias cores, muitas pétalas.

-Já estou me arrependendo de ter te pedido ajuda. - murmurou já puxando o cartão da carteira.

-Não se preocupe Barry, Cait irá te perdoar, mas você primeiro precisa parar de ser mão de vaca. - Cisco colocou a mão sobre seu ombro e sorriu. - Até porque ainda falta algumas coisas para a decoração.

-Posso passar mais tarde para pegar as flores e as pétalas? - indagou.

-Claro, que horas?

-Por volta das oito da noite. 

A senhora assentiu. Respirou profundamente, só queria uma chance para explicar a Caitlin o que havia acontecido na noite anterior, mas para isso primeiro ele tinha que entender o que aconteceu na noite anterior. Sua cabeça rodava alternado entre memórias diferentes, como seu primeiro beijo com Íris ou o dia em que ele e Caitlin foram ao karaoke. Era estranho pensar que estava confuso entre duas mulheres mesmo sabendo quem ele futuramente escolheria, Íris havia sido seu grande amor desde de criança, e ele ainda sentia algo forte por ela, mas agora havia Caitlin, não sabia explicar muito bem o que sentia pela doutora, era uma mistura de sentimentos e emoções, ela era especial, sempre esteve ao seu lado nos piores e melhores momentos, embora se conhecessem a apenas quatro anos, podia sentir que a conhecia a vida inteira. 

Talvez fosse isso, talvez o amor fosse feito de falhas, acertos, coincidência e incoerência, ele não havia sido feito para ser fácil, nem comum, todos amam de sua maneira, seja intensamente ou com cuidado, seja rápido ou devagar. Em alguns momentos você pensa, em outros apenas se joga de cabeça. 

Mas essa era a verdade, seu relacionamento com Íris havia sido intenso e um tanto quanto rápido devido a todos os acontecimentos que os rodavam, porém Caitlin estava sendo diferente, porque embora aja uma forte afirmação de que eles ficariam juntos por bastante tempo, tudo estava indo com calma, como se tivessem medo de pisar em ovos, mas por mais estranho que pareça, ele gostava disso, da calma e tranquilidade que eles faziam o relacionamento dar certo.

Se Caitlin for mesmo a mulher com quem ele devia estar, então tudo o que está acontecendo é para o bem deles. Agora só precisava convence-la disso.

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