Eram duas da manhã e ao invés de estar dormindo ela estava sentada no chão perto do seu quarti com uma antiga blusa de Ronnie nas mãos e rosto banhado em lágrimas. Ninguém nunca havia lhe dito que seria fácil superar a morte de um ente querido, mas ela pensava que seria menos doloroso com o passar dos anos, porém não fora. Necessitou apenas de uma única lembrança para despertar toda aquela dor que ainda habitava nela.
Apertou a camisa com força, havia achado - a depois de vasculhar o armário em busca de um outro coberto por causa do tempo frio, mas acabou mexendo onde não devia e achado o que não queria.
Sentia tanta falta de Ronnie que as vezes chegava a ser inexplicável, havia amado - o de todas as formas possíveis e havia sofrido como ninguém, o perderá duas vezes e chorará pelas duas perdas, não sabia explicar muito bem como havia conseguido levantar da cama nos dias que se sucederam o seu enterro, sentia como se algo faltasse, como quando perdemos uma perna ou um braço, se lembrava de cada lágrima que soltará e de cada dor que sentirá tanto fisicamente como psicologicamente.
E agora tudo estava de volta, mas forte e doloroso. Fechou os olhos e se apoiou na parede. Natali dormia em sua cama e a única coisa que ela ouvia era sua respiração calma, queria poder dormir, mas sabia que se fechasse os olhos todas as lembranças voltariam como um tornado, a destruindo de fora para dentro. A noite era pior do que o dia, pelo menos quando estava no laboratório toda sua atenção estava voltada para algo prático, mas quando estava em casa sozinha seus pensamentos lhe torturavam, fazia meses que ela não pensava mais nisso, sentia falta de Ronnie sim, mas agora algo havia lhe lembrado dos seus piores momentos e o seu corpo em resposta deu-lhe uma sensação de agonia e desespero.
Se arrastou até cômoda e pegou o celular, digitou rapidamente o número já decorado, bastou apenas dois toques para a voz sonolenta atender.
-Barry? - sussurrou tão baixo que temeu que ele não ouvisse.
-Cait? - ele indagou, ela quase podia vê-lo se levantar da cama, esfregar os olhos e finalmente notar que horas eram. -O que houve? Por que está me ligando uma hora dessas? Aconteceu alguma coisa com Natali? Ou com você?
- Natali está bem, ela está dormindo, já eu...
-Você está bem?
-Não muito. - revelou com a voz embargada e usou o punho da camisa para limpar as lágrimas.
-Você está chorando?
-Um pouco.
-O que houve Cait?
-Achei algumas coisas de Ronnie no armário, pensei que estivesse bem, mas agora estou chorando como um bebê enquanto Natali está dormindo como um pedra. - falou e terminou rindo sarcasticamente. -Ah Deus, estou me sentido uma boba, desculpa por ter te ligado Barry, mas eu apenas não queira ficar sozinha.
-Primeiro, não se sinta boba, faz bem chorar as vezes. E segundo, você pode me ligar quando quiser, sou seu amigo Cait e nunca te deixarei sozinha. - ele falou, então de calou. O silêncio habitou entre eles por alguns minutos antes de Barry perguntar. - Você quer que eu vá aí te fazer companhia?
-Não precisa, esta tarde.
-Não se preocupe, chegou aí em um segundo. - ele falou e entao desligou, demos cerca de três segundos antes dela ouvir as batidas fracas na porta. Se levantou meio sem jeito e caminhou para fora do quarto, abriu a porta e sentiu os braços de Barry a envolverem, enterrou a cabeça na curva do pescoço dele e sentiu as lágrimas voltarem.
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Quartevois
FanfictionÀs vezes o destino age como uma ponte entre o possível e o impossível. Caitlin e Barry achavam que já haviam visto tudo o que a vida lhes reservava, porém com a chegada de uma pequena velocista ao laboratório S.T.A.R, eles percebem que às vezes a vi...