No quarto real.

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*Ariana

Eu estava tão exultante. Imagine só, aprender magia em uma academia só para isso.
Eu já havia me divertido tanto aprendendo poucas coisas com vovó Ka, imagine como seria legal aprender milhões de coisas novas, conhecer pessoas novas e um lugar diferente. Pensei maravilhada com as possibilidades.

Andrês fechou a porta atrás de mim.
- Seu pai disse alguma coisa? Perguntei voltando um pouco do meu mundo de sonhos.
- Nada demais. Só disse que gostaria de conversar melhor sobre o episódio do pó transformador. Contou se aproximando de mim.
- Desculpa Andrês. Acho que cometi uma indiscrição. Falei juntando as mãos em súplica.
- Tudo bem. Nós não fizemos nada demais mesmo. Respondeu ele me oferecendo o braço
- Vamos?
- Sim. Respondi segurando nele.
Meus guardas nos acompanhavam.
- Você acha que é contra a lei usar esse artifício? Questionei.
- Acho que se for pra burlar a segurança deve ser. Confirmou.
- Humm. Me desculpa mesmo. Pedi realmente arrependida com medo que ele fosse punido de algum modo.
- Esquece isso. Além disso, fizemos isso para salvar a princesa.
- É verdade. Concordei - Mas eu acho que Rose vai ficar brava comigo. Previ.
- Bom, aí eu já não sei. Disse ele.
- Andrês você está ansioso? Indaguei olhando para seu rosto.
- Ansioso com o quê?
- Para ir a tal academia.
- Ah! Um pouco. Confessou.
- Ai, eu estou muito ansiosa. Deve ser muito legal. Sera que é um lugar grande?
- Uma vez Linus me disse que a academia é uma espécie de castelo maior que este daqui. Contou olhando ao redor.
- Uau! Então deve ser grande mesmo. Falei admirada só de imaginar as dimensões do lugar.
- Né? Concordou.
Mordi os lábios ansiosa.
- Andrês, você está preparado para ser outra pessoa? Indaguei pensando nos papéis que eu carregava.
- Eu não diria que eu estou preparado, mas eu estou determinado. É a minha missão e eu vou dar tudo de mim. Disse ele convicto.
- Nossa, senti firmeza, fico até com vergonha por não ter a mesma convicção. Respondi olhando para o chão.
- Compreensível, Ana. Sua parte é muito mais difícil. Disse ele afagando meu braço.
- Você acha? Perguntei ainda incerta.
- Claro. Só de imaginar o trabalho que deve ser interpretar três papéis com diferentes personalidades já me deixa cansado. Confessou ele.
- É não é? Vai ser realmente difícil. Concordei mordendo o lábio.
- Queria poder te ajudar mais de algum jeito. As vezes me sinto muito inútil. Disse ele cabisbaixo.
Segurei em seu queixo e levantei seu rosto até que seu olhar alcançasse o meu.
- Não diga que é inútil. Você é muito importante para mim. Só a sua presença já me dá forças pra fazer qualquer coisa por mais difícil que seja. Falei com sinceridade.
Ele abriu um sorriso encantador que me deu até um friozinho na barriga.
- Se minha presença te dá força, quero sempre estar junto de você, meu amor. Disse ele a acariciando meu rosto com delicadeza enviando ondas de arrepio a minha espinha.
- Isso também é o que eu mais desejo. Respondi interrompendo os carinhos para depositar um beijo em sua mão.
Paramos em frente ao meu quarto.
- Nos vemos depois? Indagou ele sem desviar seu olhar dos meus olhos.
- Mais tarde eu tenho aulas com Mercúrio. Vê se consegue dar uma passada lá. Falei baixinho para que os guardas não ouvissem.
- Vou tentar. Respondeu com um sorriso conspirador.
Me aproximei e depositei um beijo em seu rosto. Era o máximo que eu podia chegar, já que estávamos acompanhados.
- Até logo. Respondi com uma mão na maçaneta da porta e a outra ainda acomodada na dele.
- Até. Disse ele soltando minhas mãos aos poucos.
Entrei e fechei a porta com o meu coração em frenesi por causa do meu amor. Parecia que todo o tempo que eu passava com ele era insuficiente. Eu estava cada vez mais sedenta de sua presença.
Suspirei já sentindo sua falta.
- Suspirando de novo menina. Disse Rose fechando a porta do armário.
Dei um giro no quarto até me aproximar dela.
- É que eu o amo. Falei a abraçando.
- E qual a novidade disso? Disse ela com um sorriso no rosto.
- A novidade é que eu o amo ainda mais. Quero sempre estar com ele, conversar com ele, be...
- Ok, ok, garota apaixonada, já compreendi a imensidão do seu amor, mas mudando de assunto... Sobre o que era a reunião com o senhor Dracon? Ele te repreendeu sobre a fuga noturna de ontem? Indagou.
A soltei do abraço.
- Claro que ele me deu um sermão e disse que ia fechar as passagens secretas, mas eu consegui que ele deixasse a rota do meu quarto ao jardim da rainha, para eu usar quando quisesse espairecer sozinha. Contei.
- Como você conseguiu essa proeza? Perguntou levemente impressionada.
- Eu usei minha posição de rainha. Falei que ao menos eu tinha que ter um lugar para ficar sozinha e ele concordou, contanto que o lugar ficasse protegido por uma barreira. Contei.
- Ah, agora entendi, mas vai ser mais difícil de Andrês e você se encontrarem. Expôs ela.
- A gente vai dar um jeito. Respondi convicta.
- Sei. Mas o que é isso nesse envelope? Perguntou curiosa.
- Você não sabe mesmo? Perguntei balançando o envelope na frente do rosto dela.
- Se eu soubesse não estava perguntando. Respondeu tentando surrupiar o envelope de minha mão, mas eu o escondi atrás de minhas costas.
- Se continuar sendo tão grossa, não vou te contar. Ameacei dando um passo para trás.
Ela suspirou.
- Ok. Desculpa pela minha grosseria. Disse ela fazendo uma reverência profunda.
- Tudo bem, eu te perdôo. Agora venha aqui que eu quero te mostrar uma coisa. Falei me sentando na cama e a puxando para se sentar ao meu lado.
- Toma. Falei lhe entregando o envelope pardo.
- O que tem dentro? Perguntou com o envelope na mão.
- Abra e você vai descobrir. Disse eu esfregando as mãos ansiosa.
Rose abriu e começou a ler as folhas.
- São fichas de pessoas, mas o que significa? Indagou confusa.
- Você não vai acreditar no que Dracon me disse. Falei excitada.
- O quê? Me conta. Pediu ansiosa.
- Segundo Dracon, minha mãe deixou escrito que era seu desejo que eu freqüentasse a academia de magia de Aurór. Contei entusiasmada.
- Sério?! E o senhor Dracon concordou?
- Sim e até convenceu o conselho real. Falei.
- Isso sim é surpreendente. E você concordou?
- Mas é claro que sim. Sair desse confinamento, conhecer várias coisas e pessoas novas e sabe do que mais? Andrês também vai. Contei contente.
- Vai ser bom pra você, mas o que essas fichas têm a ver com a história? Indagou confusa.
- Então. Seria um pouco difícil a rainha frequentar a escola, assim eu vou me disfarçar.
- Vai se disfarçar de alguma dessas garota? Perguntou observando as fotos das garotas.
- Na verdade eu serei as três, para poder aprender sobre os quatro elementos. Ah, uma delas tem dois elementos.
- Entendi! Você vai ter um grande trabalho pela frente. Disse ela guardando as fichas no envelope.
- Ah, Dracon disse que algumas guardas nos acompanharão. Talvez uma delas seja você. Opinei.
-  Não. Não acredito que seja.
- Por quê? Insisti.
- Eu sou a capitã de toda a guarda e tenho muito a fazer aqui. Se acaso eu tivesse que me incumbir dessa missão, eu já teria sido avisada para preparar tudo para minha ausência. Explicou.
- Ah... Entendi, que pena. Falei um pouco menos animada.
- Que foi? Vai sentir saudade?
- Mas é claro. Agora que eu posso ficar com você de novo, nós vamos ter que nos separar outra vez. Falei chorosa.
- Eu também vou sentir saudade. Mas eu prometo que vou te visitar. Disse Rose me presentiando com um abraço apertado.
- Não é a mesma coisa, mas já é um alívio. Falei lhe devolvendo o abraço.
Rose me entregou o envelope.
- Que método vocês vão usar para o disfarce? Pó transformador? Perguntou ela.
- É, mas em cápsulas. Expliquei.
- Ah, já ouvi sobre esse método. É bem mais prático. Garantiu ela deitando na cama e abraçando uma almofada.
Naquele momento eu me lembrei da minha indiscrição perante o senhor Dracon.
- Rose... Chamei.
- Sim.
- Sabe, eu acho que acidentalmente eu contei ao senhor Dracon que você e o Andrês usaram o pó transformador. Contei.
- Você o quê?! Perguntou ela se sentando.
- Desculpa. Eu não sabia que ele ia se ligar nesse detalhe. Falei arrependida.
- Ai Ariana! Justo quando eu tinha omitido esse detalhe deliberadamente. Disse ela cobrindo o rosto com as mãos enquanto balançava a cabeça.
- Mas é tão grave assim usar esse pó?
- Sim, quando se pega da sala real de encantos sem a devida autorização. Explicou tirando as mãos do rosto que estava emburrado.
Assim que ela terminou de falar, alguém bateu na porta.
- Quem será? Perguntou Rose.
- Entre! Gritei.
Amara entrou apressada.
- Com licença. Disse ela fechando a porta.
- Que foi Amara? Perguntou Rose levantando da cama.
- O senhor Dracon está chamando a senhorita. Disse Amara para Rose.
Rose arregalou os olhos para mim.
- Eu nem tive tempo de me preparar. Reclamou.
- Desculpa Rô. Eu sinto muito. Pedi me ajoelhando na cama.
- Tudo bem. Vou lá escutar a bronca do senhor Dracon e tentar enrola-lo um pouco. Disse Rose dando um chauzinho antes de sair.
- Majestade quer que traga vosso jantar ou vai descer? Perguntou Amara.
- Por favor Amara, hoje vou comer em meu quarto.
- Sim majestade. Disse ela se retirando.
Suspirei cansada.
" Espero que Rose e Andrês escapem dessa". Pensei sentando na cama.
Abri o envelope e comecei a ler. Se eu queria que isso desse certo eu teria que me esforçar e me dedicar.

O Filho Do Rei Das Sombras - Contos Dos Medium Fairy. Em PausaOnde histórias criam vida. Descubra agora