visita

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* Ariana

Chegamos a sala da torre esbaforidos. Amara arrumava o sofá e assustou-se com nossa chegada.
- Senhora? Indagou ainda surpresa.
- Amara, preciso de uma cápsula de Lorana, não tenho nenhuma comigo. Pedi.
- Aconteceu alguma coisa senhora? Disse ela em resposta, com semblante preocupado.
- Nada demais. Há uma visita para Lorana.
- Uma visita? Repetiu - Vou buscar uma pílula agora mesmo. Disse ela subindo as escadas em seguida.
- Quem  será que veio me visitar? Questionei mordendo os lábios.
- Será que meu pai esqueceu alguma coisa e mandou um mensageiro? Especulou Andrês.
- É possível. Confirmei pensativa.
Amara apareceu trazendo uma caixinha.
- Aqui está senhora. Disse ela me entregando uma pílula anuladora.
- Obrigada Amara. Agradeci colocando a cápsula na minha boca.
Por uns instantes voltei a ser eu, para em seguida, tomando outra cápsula, passar a ser Lorana.
- Pronto. Já estou pronta para ir. Falei ajeitando meu cabelo loiro.
- Quer que eu vá com você? Ofereceu Andrês.
- Não, você vai ficar aqui e descansar. Ordenei, enquanto pressionava seus ombros até que se sentasse.
- Mas pode ser perigoso você sair sem seu guardião ou uma de suas guardas. Insistiu ele.
- É só uma visita. Com certeza um mensageiro, como você disse. Além disso, ninguém mais sabe da minha presença aqui e a família de Lorana sabe de nossa missão. Por isso sossegue. Fica aqui e descanse, que eu já volto. Falei lhe dando um selinho.
- Tome cuidado. Pediu ele.
Dei um tchauzinho, enquanto descia as escadas.
Jà lá embaixo, abri a porta e encontrei a inspetora escostada na parede de braços cruzados.
- Que demora, hein mocinha. Disse assim que me viu.
- Desculpe senhora. Estava é... Me vestindo. Menti inventando uma desculpa.
- Você é Lorana? Questionou ela.
- Sou eu mesma. Afirmei.
- Vamos então. Sua visita já deve estar cansada de esperar.
- Sim senhora.
Caminhamos em silêncio por uns instantes.
- A senhora viu minha visita? questionei curiosa.
- Não. Respondeu me olhando rapidamente - Morgan é quem a recebeu, a pedido da diretora. Contou.
- Entendo. Respondi aliviada por não ser Morgan, quem foi me chamar.
- Aqui estamos. Disse a mulher parando em frente a uma grande porta de madeira com escritos em dourado.
- Obrigada. Agradeci enquanto ela abria a porta para a minha entrada e fechava após minha passagem.
La dentro havia uma mesa de madeira com cadeiras do mesmo material e mais ao fundo, um sofa azul marinho, onde uma figura encapuzada se encontrava com a cabeça abaixada.
Me aproximei a passos cautelosos.
- Olá. Cumprimentei para chamar a atenção.
A figura levantou a cabeça, mas ainda era impossível ver seu rosto.
Enquanto eu me aproximava, ela levantou as mãos e baixou o capuz revelando cabelos negros ondulados.
- Rose! Gritei reconhecendo minha amiga.
- Minha menina. Respondeu ela me acolhendo em um abraço caloroso.
- O quê faz aqui? E vestida assim? Perguntei sorrindo e apertando sua mão na minha.
- Vim te visitar, sua boba. Eu prometi que viria, não? O capuz é  para manter minha identidade em sigilo, já que sou a capitã da guarda da rainha.  Disse ela se sentando e me puxando para sentar ao seu lado.
- Que bom que você veio. Falei lhe dando mais um abraço
- Como está minha mãe? Emendei tendo a esperança de uma resposta positiva.
- Infelizmente ainda sem nenhuma mudança.
- Me pergunto se um dia ela vai acordar. Resmunguei um pouco mais desapontada.
- Tenho certeza que sim. Disse ela afagando minha mão.
- Mas, mudando de assunto. Como vão as coisas aqui? Está gostando das aulas? Perguntou Rose.
- As aulas são ótimas. O único problema é Rafin, um amigo de Lorana. Respondi sentindo um profundo amargor, só por dizer aquele nome.
- Dracon me falou algo por cima. Ele fez algo para você? O tal amigo de Lorana? Perguntou apreensiva.
- Não. Ele apenas me disse umas bobagens, mas hoje ele feriu Andrês, durante a aula de luta de espadas. Contei ainda profundamente aborrecida.
- Por Fyri! Foi grave? Disse ela com a mão no coração.
- Não. Foi um corte superficial. Os curandeiros trataram dele e já está melhor.
- Ainda bem, mas tomem cuidado. Pediu.
- Pode deixar. Falei lhe fazendo uma continência com a mão a testa.
- E as meninas? Estão trabalhando bem? Questionou Rose se referindo a minhas guardas.
- Sim, elas são ótimas. Tem me ajudado muito. Respondi me lembrando dos momentos que elas me auxiliaram.
- Fico satisfeita. Respondeu ela.
- E como estão as coisas no palácio? Indaguei.
- Dracon está cuidando de tudo. O conselho, apesar de reclamar, o está ajudando. Contou.
- Eu posso imaginar. Respondi lembrando das longas horas de reunião.
- Eu tenho que ir. Disse Rose.
- Mas já? Reclamei.
- Estou em missão. Estou acompanhando um embaixador para uma visita por Aurór Sul. E como a academia era um dos destinos, aproveitei a oportunidade de te ver, enquanto a diretora mostra as instalações para ele. Contou.
- Embaixador da onde? Perguntei curiosa.
- De Aurór Norte.
- Aurór Norte?! O povo que fez guerra com a gente e que não se dá com o nosso povo? Questionei surpresa.
- Sim. Temos que manter a diplomacia entre nossos povos. Respondeu evasiva.
- E ele não vai querer me ver? Digo, a rainha de Aurór Sul? Perguntei.
- Dissemos que você está viajando. Respondeu seca.
- Tem algo que eu deva saber sobre o motivo dessa visita? Perguntei desconfiada.
- O que eu posso te adiantar, é que eles vieram conversar a cerca de promessas do passado. Respondeu olhando fixo para a parede a nossa frente.
- Que promessa? Insisti me sentindo inquieta.
- Ah... Vamos ver. É algo relacionado com o motivo do fim da última guerra. Contou observando suas unhas.
- O quê? A guerra? Eu não estou entendendo. Me explica isso direito.
- Não posso. Estou presa a um juramento mágico. Respondeu ela com olhos tristes.
A olhei firme e vi sinceridade em seu olhar.
- V-vai ter outra guerra? Perguntei temerosa.
- Por Fyri, não! Se fosse algo tão grave, você seria a primeira a saber. Afinal, é a nossa lider. Respondeu apertando minha mão.
Respirei aliviada.
- Não se preocupe Ariana. Dracon dará conta de tudo. Disse ela tentando me distrair do assunto.
- Ok. Vamos deixar esse assunto de lado. Quando tiver oportunidade, perguntarei diretamente ao senhor Dracon. Resolvi.
- Assim é melhor. Concordou Rose com um sorriso aliviado.
- Mais uma coisa. Tem visto Sharona e Greta? Não as vejo já a um tempo. Perguntei me lembrando de minhas amigas.
- Elas estiveram no castelo esses dias. Pretendem servir no palácio.
- Verdade?! Que bom. Comemorei.
- Greta aproveitou para ver a prima.
- Que prima? Perguntei confusa.
- Iris. Quem mais? Respondeu como se fosse óbvio.
- Ela é prima da minha mãe? Indaguei surpresa.
- Sim. Acho que de terceiro grau, por aí. Pensei que Greta tivesse te contado.
- Não. Não chegamos a entrar no mérito família, mas fico feliz de ter mais uma parenta. Confessei com verdade.
- Que bom, mas agora eu tenho mesmo que ir. Disse ela se pondo em pé.
A imitei.
- Eu te acompanho até o hall de entrada. Falei.
Ela caminhou até a porta comigo atrás.
- Ariana...
- Sim?
- Aproveita bem seu tempo com o Andrês, enquanto estiver aqui. Disse ela com a mão na maçaneta sem olhar para mim.
- Por quê você está me falando isso agora? Perguntei sem entender.
Ela ficou alguns segundos gerando uma pedra de gelo em meu coração.
- Porque quando você voltar ao castelo, vai ter milhares de coisas para resolver, que ficaram paradas nesse tempo que permanecer aqui. Dai, você não terá muito tempo livre. Respondeu abrindo a porta.
Respirei aliviada, pela segunda vez naquele dia.
- Ah, era só isso?
- Sim. Por quê mais seria? Respondeu ela se virando para mim e colocando o capuz de volta.
Eu não sabia bem o por que, mas no fundo dos seus olhos, pareceu-me ver um pouco de tristeza e frustração.
O por quê desse sentimento dela, eu nem podia imaginar.

Caminhei ao seu lado em um silêncio pensativo. Quando adentramos o hall, vislumbrei a diretora conversando com um fae de pele claríssima, cabelos loiros, quase brancos e roupas de peles, como se esperasse um inverno rigoroso.
Imaginei que devia ser o embaixador de Aurór Norte.
- O meu convidado já está a espera. Disse Rose acompanhando meu olhar
- Tenho que ir, minha menina. Disse ela me abraçando e beijando meu rosto com carinho.
- Volte logo para me visitar Rô. Exigi a beijando na bochecha.
- O mais rápido possível. Prometeu se soltando de mim.
- Tchau. Disse ela se afastando, ainda olhando para mim.
Dei um tchauzinho com a mão, observando ela se juntar a diretora e o embaixador e sair com ele em seguida.
A visita de Rose me deixou muito feliz, mas também me deixou preocupada...

O Filho Do Rei Das Sombras - Contos Dos Medium Fairy. Em PausaOnde histórias criam vida. Descubra agora