Em sonhos

748 103 12
                                    

* Andrês

Já se havia passado alguns dias desde minha ida falha ao portal.
Minha mãe estava melhor e já se encontrava em casa. Todos os dias eu treinava com Linus. Queria estar forte e apto para ajudar Ariana. Isso também me ajudava a passar o tempo, enquanto meu pai não entrava em contato.

Deitado na cama eu brincava com uma bola de tênis, a fazendo flutuar perto do teto.
O tum tum tum na porta me chamou a atenção.
- Entre mãe. Falei sem tirar os olhos do brinquedo.
- Sou eu. Disse Linus abrindo a porta.
Com a surpresa, a bola despencou me acertando na testa.
- Aí. Reclamei esfregando o local.
- Tudo bem aí? Perguntou Linus em um tom de riso.
- Sim. Respondi jogando a bola para o lado, para depois me sentar na cama.
- O que o trás aqui Linus? Pensei que o nosso treino era amanhã.
- Sim de fato é amanhã. Vim hoje por outro motivo. Falou, enquanto olhava para a moldura onde estava a foto de Ana.
- Tem alguma novidade?
Linus se sentou na cama ao meu lado.
- Seu pai entrou em contato. Contou devagar.
Me retesei onde eu estava.
- O-o quê ele disse? Encontram ela? Encontram minha Ana? Questionei nervoso.
- Acalme-se. Pediu Linus segurando meu braço.
- Apenas me diga Linus, por favor. Implorei.
- Tudo bem. Eles ainda não a encontraram. Avisou.
Me pus em pé indignado.
- Como não? Você mesmo disse que meu pai só sairia de Aurór Norte após a encontrarem. O que é isso agora? Ele apenas partiu e a deixou para trás? Indaguei ironicamente.
- Não seja tolo. Esbravejou Linus se pondo em pé também - Lorde Dracon jamais faria tal coisa. Ele deixou Aurór Norte por um breve período, pelo bem do nosso reino. Ele teve que ir até as terras desoladas para falar com o rei das sombras e conseguir mais tempo para vossa majestade, já que a caravana da Rainha da Luz já deveria estar no território gelado. E ele ainda teve a consideração de falar comigo também para te manter informado.
Respirei fundo buscando a calma que me faltava.
- Ele conseguiu tempo? Quanto?
- Duas semanas. Contou em tom mais baixo.
- Duas semanas?
- Sim. Esse é todo o tempo que eles tem para achar nossa rainha e evitar a guerra.
Me sentei de volta na cama e enterrei minha cabeça nas mãos.
- Onde ela está? Será que está bem? Questionei ainda entre minhas mãos.
Linus colocou a mão em meu ombro me fazendo levantar a cabeça.
Em seguida ele tirou algo do bolso.
- Estenda a mão. Pediu.
Estiquei minha mão direita em palma aberta, Linus depositou algo.
Olhei curioso para o objeto; uma pedra rosada.
- O que é isso? Questionei sem saber realmente o que pensar.
- Essa é uma rosea lapis, uma pedra de Aurór. Foi me dada por uma querida amiga no passado e eu a uso como um amuleto de boa sorte. Contou olhando com carinho para objeto que reluzia em minha mão.
- Se é uma lembrança importante, por que está me dando?
Linus fechou minha mão sobre a pedra.
- Essa pedra já me deu toda sorte que poderia, agora eu a passo a você. Aliás, dizem que a rosea lapis tem o poder de abrir o caminho dos sonhos.
- Como assim?
- Dizem que se você tiver uma ligação muito forte com uma pessoa, vocês podem se encontrar em sonho, desde que um dos dois possua a rosea lapis. Conta-se que a muito tempo atrás, uma fada enfeitiçou a montanha de onde elas vieram, com um feitiço desconhecido, desde então a montanha se tornou rosada e seus pedaços, as roseas lapis, adquiriram poderes do sonho.
- Isso é verdade? Questionei.
- É uma história. Se é verdadeira ou não, eu não sei.
- Você nunca se encontrou com a pessoa que te deu? Indaguei segurando o ímpeto de perguntar quem era a tal pessoa.
- Não, mas talvez eu não tivesse uma ligação forte o suficiente com ela. Você por outro lado... Talvez tenha mais sorte.
- Obrigado Linus. Agradeci apertando a pedra.
- De nada. Agora tenho que ir. Nós vemos amanhã? Perguntou estendendo a mão.
- Com certeza. Confirmei apertando sua mão.

Naquela noite, antes de dormir, apertei a pedra em minha mão. Me sentia como uma criança acreditando no papai Noel, mas era a única esperança que eu tinha. Talvez aquilo não passasse de uma lenda inventada, mas se tivesse mesmo que um por cento de verdade, eu tinha que tentar.
Queria ver seu rosto mesmo que só em sonho.
Devido a ansiedade, foi difícil pegar no sono, mas depois de longos minutos de luta contra a minha consciência, finalmente adormeci e sonhei.

O Filho Do Rei Das Sombras - Contos Dos Medium Fairy. Em PausaOnde histórias criam vida. Descubra agora