Festa de abertura

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* Ariana

- Queridos alunos e alunas. Veteranos e novatos. Dou-lhes boas vindas a escola de magia e encantos Aurór do sul. Começou a discursar a diretora seguida de palmas dos alunos.
Dorothy esperou o salão voltar ao silêncio inicial.
- Para quem não me conhece eu sou a diretora dessa instituição, Dorothy Blackwood. Devo dizer que é um prazer te-los como alunos e me sinto grata por escolherem esse centro de ensino para fazer parte de sua formação como honrados cidadãos de nossa querida Aurór. As aulas serão iniciadas depois de amanhã, então usem esse tempo anterior ao início de seus estudos, para se registrarem nas aulas desejadas. Posso garantir a todos que os nossos professores são os melhores e os mais competentes. Se precisarem de ajuda em qualquer coisa, nossos funcionários da recepção e nossos zeladores estarão prontos a atender. Com relação as regras da escola; elas estão fixadas em cada corredor e hã ainda uma cópia no quarto de vocês no final do livro do aluno dado a cada estudante. Mas chega de falatório. Vou me calar para que possam se deliciar com a festa. Aproveitem! Clamou ela, batendo palma duas vezes o que fez os músicos voltarem a tocar e a cantora abrir a boca e preencher o ar com uma melodia ao mesmo tempo doce e animada.
- Ah! Está começando a me dar um friozinho na barriga. Comentei animada com Andrês.
- Por quê? Perguntou com um sorriso divertido.
- É que logo eu estarei tendo aulas de magia, meu sonho de infância. Quando lia contos de fadas, sempre imaginei poder usar magia. Quem pensaria que o meu desejo de criança iria virar realidade? Respondi sonhadora.
- Ué? Você já não usava magia todo este tempo que esteve em Aurór? Questionou.
- Sim, mas agora vai ser um pouco diferente. Eu vou poder aprender a usar magia de formas distintas, até nas pequenas coisas, e de quebra, vou aprender a controlar melhor meus elementos. Expliquei.
- Ah, entendi. Disse ele distraído.
- Ei, vamos nos sentar a mesa junto com as garotas. Disse Marri apontando para uma das mesas com oito lugares, na qual já se achavam sentadas Tydae e Daira.
- Mas Marri, você acha prudente, já que perante os olhos de todos, nós não somos amigas? Preocupou-se Sibely.
- Não acho que haverá qualquer problema, nós somos vizinhas de torre afinal. Não é? Disse Marri se virando para Andrês e eu.
- É. Acho que não têm problema. Confirmei.
Andrês também concordou.
- Então vamos. Disse Marri nos arrastando, já que ainda segurava o braço de Andrês.
- Olá meninas. Cumprimentou Marri se sentando ao lado de Daira.
- Olá. Responderam com um sorrizinho.
Sibely se sentou do outro lado da mesa seguida de Andrês e eu.
- Então já decidiu as aulas? Perguntou-me Daira.
- Não. Nem sei quais aulas são.
- Há um formulário no final do livro do aluno. Tem um exemplar em cada quarto. Contou.
- Com tudo o que aconteceu hoje, eu nem notei o tal livro. Confessei.
- Ah, só mesmo a Daira leu esse livro. Nossa CDF do grupo. Brincou Marri.
- Eu também dei uma olhada. Disse Sibely.
- Claro. As duas certinhas do grupo. Brincou Marri novamente.
Daira fez uma careta para a amiga.
- Voltando ao assunto. Disse Daira olhando feio para Marri que deu de ombros divertida - É óbvio que você terá que fazer três fichas distintas e tomar cuidado para não colocar as aulas de dois personagens no mesmo horário. Especulou ela me olhando.
- Já vi que vai dar trabalho preencher essas fichas. Falei desanimada.
- Quer que eu as faça? Perguntou Daira.
- Você faria isso? Ela concordou com um gesto - Obrigada. Agradeci segurando sua mão sobre a mesa.
- Aliás. Eu acho que eu devia preencher a de todos, assim eu posso coordenar nossos horários com os das personagens de Ariana. Opinou ela.
- Por mim tudo bem. Disse Marri.
- Ok. Concordou Tydae.
- Certo, mas eu queria te ajudar. Disse Sibely.
- Obrigada Sibely. Fico grata pela ajuda. Agradeceu Daira com um sorriso.
- Eu também concordo, mas quero ter aulas de esgrima e espada. Soube que os professores dessas matérias são realmente bons. Disse Andrês.
- Ok. Vou levar isso em consideração. Garantiu Daira.
- Eu também vou querer essas aulas. Avisei.
- É realmente necessário? Não é perigoso? Preocupo-se Sibely.
As garotas se entreolharam receosas.
Bufei indignada.
- Para informação de vocês, eu já tinha aulas de espadas com Mercúrio. Eu vou fazê-las aqui também e isso não é negociável. Decretei séria olhando em cada rosto em volta da mesa.
- Ok, mas temos que ver qual de suas personagens é adequada. A Lorana é uma nobre delicada, então, não seria legal. Disse Daira.
- Então será uma das camponesas. Disse Tydae.
- Kaelha ou Asha... Balbuciou Daira, tamborilando os dedos sobre o tampo da mesa.
- A gente deveria mesmo estar discutindo essas coisas durante uma festa? Disse Marri emburrada.
- Você têm razão Marri. Decidiremos isso amanhã. Disse Daira.
- Então vamos chamar o garçom. Curatio! Chamou Marri levantando a mão.
- O que ela disse? Cochichei com Tydae que estava sentada a minha frente.
- Curatio. Serviço em latim. É assim que chamamos o garçom. Explicou.
- Ah, certo.
O garçom chegou vestido de uma espécie de fraque azul claro, trazia uma bandeja com uma bebida que mudava de cor.
- Água de fada. Anunciou colocando os copos na mesa a nossa frente.
- Água de fada? Estranhei olhando o líquido mais de perto.
- Não se preocupe, é uma bebida de frutas. O que lhe dá esse nome, é o feitiço que muda as cores. Esclareceu Sibely.
Mais tranquila, provei do drinque doce e saboroso.
- Humm. Isso é bom. Aprovei.
Ao meu lado Andrês bebeu com gosto.
- Nos traga algo para comer. Pediu Marri ao garçom.
- Entradas? Perguntou ele.
- Sim, isso primeiro. Respondeu ela.
Com uma reverência ele se retirou. Depois disso nós comemos bastante e conversavamos, quando um casal se aproximou de nossa mesa. Ela uma fae loira de olhos cor de avelã, ele de cabelos negros e brilhantes olhos azuis.
- Olá, podemos nos sentar? Perguntou já tomando a cadeira ao meu lado. Sua companheira se apossou da cadeira perto de Tydae.
- Como vai? Falou ele se dirigindo a mim.
- Vou bem. Respondi estranhando a abordagem daquele desconhecido.
Em nenhum momento ele sequer olhou para qualquer um dos meus companheiros a não ser para mim.
- Por quê está me olhando com essa cara estranha Lorana? Não se lembra de mim? Questionou o estranho.
Meu coração deu um salto. O que eu mais temia aconteceu. Alguém que conhecia a pessoa real de quem eu tomara a imagem, apareceu.
- Claro que lembro é... O... Guaguejei.
- Rafin Magnor. Eu era seu vizinho. Eu sei que me mudei, mas não faz tanto tempo assim.
- Não, é que me deu um branco. Expliquei.
- Seu modo de falar está diferente. Disse ele com a testa franzida.
- Impressão sua. Mas faz quanto tempo que você se mudou mesmo? Desconversei nervosa.
- Ah, vai fazer dois anos. E como está sua família?
- Bem. Todos estão bem. Respondi torcendo para que ele não perguntasse individualmente sobre os familiares da família de Lorana
- E vocês? Perguntei seguindo a etiqueta.
- Estamos ótimos. A capital é realmente excitante! Disse Rafin abrindo um sorriso.
- Imagino que sim. Respondi nada tranquila.
- Mas você já veio a Ver lux a passeio. Estranhou ele.
- Ah... Mas visitar e morar é bem diferente. Respondi.
- Isso é...
- Vocês não querem comer? Interrompeu Marri cortando Rafin.
- Não obrigado. Já comemos. Disse ele dando uma breve olhada para Marri - Quem são esses? Perguntou-me se referindo a meus amigos.
- Ladhel, Sibely e Marri eu conheço a um ano e Daira e Tydae são minhas vizinhas de torre. Relatei repetindo o que eu havia ensaiado.
- Eles são da nossa terra? De que lugar especificamente? Insistiu ele.
- É... Balbuciei nervosa tentando lembrar os nomes que constavam no dossiê.
- Vamos dançar? Convidou Andrês se pondo em pé e estendendo a mão para mim.
- Lorana... Disse Rafin.
- Com licença. Segurei a mão de Andrês mais do que feliz em deixar aquela saia justa.

Segui para a centro do salão de braço dado com Andrês. Na pista tocava uma música lenta e agradável.
Coloquei uma mão sobre seu ombro e a outra presa em sua mão.
- Ai, Andrês eu não acredito! Como apareceu alguém que conhece Lorana? Falei desolada.
- Meu pai disse que essa possibilidade era remota, mas não inexistente.
- Mas e agora? O quê eu faço? Reclamei.
- Vou pedir a meu pai que nos mande informações sobre ele. Ele me deu alguns vidrinhos de fluido da comunicação para usar em emergências. Acho que essa situação é uma, não?
- Claro que é. Ainda bem, eu preciso ter todas as informações possíveis sobre esse tal de Rafin. Falei enquanto giravamos pelo salão.
- Assim que voltarmos a torre, chamarei meu pai via fluído. Garantiu Andrês.
- Mas... O que faço enquanto o dossiê não chega? Questionei preocupada.
- Não creio que vá demorar, mas de qualquer jeito, procure ficar longe dele. Disse Andrês me dando um beijo discreto em meu rosto.
- É acho melhor. Corcordei enquanto ele me fazia rodar.

Ficamos mais alguns minutos na pista antes de voltar a mesa. Quando lá chegamos, vi com agrado que o casal não se achava mais lá, nem Marri.
Sentei com a pergunta estampada em meu rosto.
- Não se preocupe o casalzinho já se retirou. Acho que não gostou da nossa conversa. Disse Tydae com ar de riso.
- E quanto a Marri? Indaguei curiosa.
- Foi convidada a dançar e aceitou mais que depressa. Contou Daira.
- E o que fazemos em relação ao cara que conhece Lorana? Preocupou-se Sibely.
- Não se preocupem, vou pedir a meu pai um dossiê sobre ele. Contou Andrês.
- Boa idéia. A própria Lorana pode nos dar essa informação, já que está ciente de tudo. Opinou Daira.
- Verdade. Isso é um alívio. Falei mais tranquila.
A música mudou e violinos animados começaram a deitar sua melodia festeira.

Ficamos mais um bom tempo na festa e estávamos prontos para nos retirar, mas tínhamos que esperar Marri que sumira na multidão.
Um bom tempo depois, ela surgiu esbaforida e se jogou na cadeira.
- E ai gente!? Cumprimentou toda alegre.
- Que demora, hein? Reclamou Daira.
- Vocês deveriam me agradecer. Eu consegui espantar aquele casalzinho incômodo. Eu merecia um pouquinho de diversão. Disse ela muito alegre para o meu gosto.
- Marri você bebeu? Questionou Daira com a testa franzida.
- Só um pouquinho. Respondeu Marri fazendo um gesto de medida com o indicador paralelo ao polegar.
- Pois não deveria. Estamos aqui a trabalho. Bronqueou Sybeli.
- Ah, meu trabalho é fingir ser uma estudante, e se divertir em festas faz parte da vida de um estudante. Disse Marri com a fala meia mole.
- Os alunos podem beber álcool? Questionei curiosa.
- Só nas festas, aqui na escola, mas em Aurór não há restrição de idade. Informou Sibely.
- Bom, acho que é a nossa deixa para partir. Disse Daira enganchando o braço ao de Marri.
- Mas já? Indagou Marri.
- Vamos. Disse Tydae segurando o outro braço de Marri.

Quando chegamos a torre, Andrês foi a seu quarto e entrou em contato com seu pai.
Nós esperamos na sala. Fora Marri, que já dormia.
Depois Andrês nos contou que seu pai nos mandaria o dossiê em até uma semana.
Ao poucos fomos nos retirando restando Andrês, Sibely e eu. Sibely lia algo concentrada.
- Acho que já vou me recolher. Resolvi com um bocejo - E você Sibely?
- Depois. Eu estou dando mais uma olhada nos dossiês de Lorana. Contou me dando uma breve olhada.
- Ok. Boa noite. Desejei.
- Boa noite majestade. Disse ela para logo voltar a leitura.
- Eu também já vou dormir. Boa noite Sibely. Disse Andrês.
- Boa noite. Respondeu ela.
Ele me acompanhou até o pé da escada.
- Boa noite amor. Não se preocupe com nada. Disse ele me abraçando com força.
- Prometo que vou tentar. Garanti dando-lhe um selinho.
Me soltei dele e subi o primeiro degrau.
- Boa noite meu amor. Falei lhe lançando um beijo.
- Bom sonhos. Respondeu com um sorriso que aqueceu o meu corpo.
A passos ligeiros subi as escadas e abri a porta do quarto.
Amara já deixara minha camisola sobre a cama. Rapidamente me troquei e me infiei em baixo das cobertas desejando que o amanhã não me trouxesse mais surpresas desagradáveis...

O Filho Do Rei Das Sombras - Contos Dos Medium Fairy. Em PausaOnde histórias criam vida. Descubra agora