Sentei no balcão que divide a sala e a cozinha e ele ficou encostado do outro lado, de frente pra mim. Abri meu caderno e falei olhando para a questão:
-Então, essa daqui eu consegui fazer os cálculos mas o resultado final está dando errado. - Olhei para o Théo, esperando alguma reação e percebi que ele estava me encarando. Ficamos nos encarando por alguns segundos, mas que pareceram algumas décadas.
Ele olhou para baixo, deu um sorriso tímido e maravilhoso e mordeu os lábios. Mais uma vez, meu corpo arrepiou. O Théo pegou meu caderno, analisou as contas por poucos segundos e me mostrou onde estava o erro.
Eu tinha errado um sinal de subtração. Sério? Um sinal? Não acredito. Ele percebeu minha frustração e disse:
-Não se preocupe. É comum nós errarmos sinais. Só precisa ter atenção. -Enquanto ele dizia isso, chegava mais perto e eu tentei me afastar. Como estava no banco relativamente alto, quase caí no chão. Mas ele me segurou.
Sua mão estava nas minhas costas e meu corpo estava a poucos centímetros do chão. Ele me levantou e me colocou sentada em cima do balcão. Estranhei, mas logo depois percebi sua real intenção. Ele foi se aproximando cada vez mais e suas mãos percorriam minhas coxas.
Resolvi curtir o momento também. Eu já tinha perdido muito tempo. Quando nossas bocas estavam prestes a se encontrar, senti meu celular vibrando no meu bolso e em pouco tempo uma música começou a tocar. Por que sempre acontecia alguma coisa do tipo ? Crueldade, muita crueldade. Peguei meu celular com impaciência e atendi sem nem olhar na tela quem era. Me arrependi... Eu não queria falar com o Vini naquela hora, naquele dia, naquele século!
-Alô, Julia.
-Oi Vinicius. Por que ta me ligando agora? -(Seu estraga prazeres.) Pensei.
-Nossa, tá brava comigo por que?
-Só fala do que você precisa.
-Eu cheguei de viagem agora. E eu queria muito falar com você. Posso ir na sua casa?
-Não, não pode. Eu estou em Passos, na casa do Jake.
-Tudo bem. -Ele disse desanimado. -Assim que você chegar me procura. E manda um beijo para o Jake por mim. - (Vou dar um beijo sim, mas não vai ser nele.) Pensei novamente.
-ok, tchau. -Desliguei o telefone e disse olhando nos olhos do Théo.-Onde a gente parou mesmo?
Ele deu um sorriso, colocou uma mão na minha nuca e a outra na minha cintura. Ele me puxou para mais perto dele e me beijou. O beijo dele era diferente, mas de um jeito bom. De um jeito otimo. Ele tinha pegada, e muita.
Pouco tempo depois ouvimos a porta se abrindo. Um palavrão estava escrito em uma placa gigante e brilhante na minha mente . Vi que era o Jake chegando. Ele parecia bravo.
-Julia, sai de perto dele agora! -O Jake disse com autoridade.
-Ou vacilão, só por que o seu esquema não deu certo, não tenta atrapalhar o meu. -O Théo disse brincando. E se virando para ele.
-O que aconteceu bebê? - Perguntei, enquanto envolvia meus braços no pescoço de Théo. Eu chamava os meninos assim, desde que eles pararam de me chamar de novinha. Maturidade ne.
-Aquela garota ta de brincadeira com a minha cara, só pode ser. - A irritação dele era engraçada, então eu e o Theo soltamos uma risada contida.
-Relaxa, vai tomar banho e arrumar pra aula. Não esquece da calourada hoje . Lá vai ter várias gatas pra você. - o Théo disse eu dei um soco de leve nele.
O Jake foi para o banheiro e eu desci do balcão e peguei meu caderno para guarada-lo. Me virei de costas e o Théo me puxou e me deu um selinho. Eu gostei, depois do nosso beijo, nunca mais queria sair de perto dele, da boca dele, do corpo dele.
Os dois foram para a aula e eu ajudei a dona Joana a arrumar a casa toda.
Quando já estava tarde e a dona Joana já tinha ido dormir, alguém chegou em casa. Eu estava no quarto do Jake, usando o computador quando o Theo entrou, me cumprimentou e sentou na cama.
-Você não vai para a calourada mesmo?- Perguntei.
-Não, prefiro ficar aqui. O que você está fazendo?
-Nada de mais. -Eu disse enquanto fechava o notebook.
-Mas e aí, o que você quer fazer?
-Não tenho nada em mente. Sugere alguma coisa?
-Você quer mesmo que eu fale? - Ele me lançou um olhar malicioso.
Eu ri e disse que não queria. Então, o Theo me levou para o quarto dele. Era muito organizado, tinha uma cama de casal no centro, uma mesa com o notebook dele e muitos livros e a única parede cinza estava enfeitada com alguns quadros brancos e pretos.
Ele me puxou para a cama e se sentou, de modo que eu fiquei de frente para ele e em seu colo. Pus a mão no cabelo dele e olhei no fundo de seus olhos. Ele abriu um sorriso tão lindo que me contagiou, eu sorri de volta e o beijei.
Ele tirou minha blusa lentamente e eu a dele. A mão dele foi percorrendo as minhas costas e descendo cada vez mais, enquanto ele beijava meu pescoço. O mais impressionante foi que os arrepios (que antes aconteciam só pelo fato de ele me olhar) sumiram. Nada, eu não senti nada. O que está acontecendo comigo?
Lembrei do Vini e do Caíque na hora. Eles estavam realmente mexendo comigo. Mas eu não podia deixar de viver por causa deles.
Encostei minha cabeça no ombro do Theo e disse decepcionada:
-Não posso fazer isso…
-Por que? O que aconteceu?
-Não sei. Só… não consigo. Desculpa.
-Tudo bem. Não vou te obrigar a fazer uma coisa que você não queira.
Dei um sorriso tímido e beijei ele. Eu realmente estava desapontada comigo mesma. O Theo era tão lindo, inteligente e gente boa. Mas os meninos eram tão importantes pra mim, que ter que escolher um deles estava mudando toda a minha vida
Me levantei, vesti minha blusa e fomos para a sala. Ficamos deitados no sofá, conversando, até adormecer.