No penúltimo dia do feriado eu queria ficar dormindo o dia inteiro,porém eu tinha uma festa de aniversário para ir a noite. Era festa da Bia, uma amiga minha, que não era amiga das meninas, ou seja, eu teria que ir sozinha.
Acordei por volta de uma da tarde e fiquei em dúvida se eu tomava café ou almoçava. Por fim, resolvi comer um sanduíche e fui para o salão de beleza. Fiz as unhas e o cabelo e, apesar das meninas do salão insistirem para eu me maquiar lá mais tarde, resolvi maquiar em casa mesmo.
Quando terminei já eram umas três da tarde então eu fui pra casa e descansei até as sete.
A festa estava marcada para as 21:30 e meus pais não poderiam me levar pois estariam em outra festa.Eles deixaram o presente no meu quarto,se despediram e saíram de casa. Minha capacidade de escolher presente é péssima, por isso sempre que tenho uma festa, minha mãe compra o presente pra mim.
Vesti uma saia e uma blusa, fiz uma maquiagem brilhante, coloquei meu salto e chamei o táxi.
A festa estava linda, assim como a aniversariante e ao ir onde as pessoas da minha idade estavam eu não acreditei quando vi que ele estava lá.
O que que o Caique estava fazendo na festa da MINHA amiga? Sério, parecia que aquele garoto estava me seguindo. Cumprimentei as pessoas e cheguei perto dele e disse com descaso:
-O que você está fazendo aqui?
-Calma, eu só vim prestigiar minha prima no aniversário dela.
-Não acredito que a Bia é sua prima. - Eu disse decepcionada.
-Qual o problema?
-É que ela é tão legal, não pode ser parente de alguém como você.
-E eu não sou legal? Você ainda esta assim pelo que aconteceu na sua festa?
-Não quero falar sobre isso agora, eu preciso beber, me da licença por favor? -Eu disse brava.
-Com toda certeza. -Ele disse de uma forma amigável, que chega a ser irritante.
Peguei um drink e fui dançar ao som de Locked out to heaven-Bruno Mars. A festa estava muito boa, porém sinto falta das minhas amigas numa hora dessas.
Quando a pista lotou, eu resolvi descansar. Encostei em uma bancada meio afastada da festa,mas fui pra lá por que batia um vento bom e gelado. Tomei um gole do meu segundo drink e vi o Caique se aproximando. Ele Tinha um sorriso tão lindo e usava uma calça e uma camisa social, que ficava apertada em seu peitoral.
Fiz uma cara amigável, mas de quem estava se sentindo desconfortável com a situação. Ele parou do meu lado e ficamos encarando o belo horizonte por um bom tempo. Olhei para ele, que retribuiu o olhar. Quebrando o silêncio ele disse:
-Por que toda vez que nós chegamos perto um do outro, a gente fica diferente?
-Você fica diferente, eu não. Eu causo um efeito em você.- Eu disse o provocando.
-Isso é fato ,mas ao falar que você não fica diferente, você está mentindo. Você fica coradinha quando eu chego perto e você começa a me tratar mal. Você não era assim, era gentil.
-Uma pergunta: Por que você acha que eu te trato mal? Tem que ter algum motivo né. Quem sabe, o fato de você ter beijado a minha amiga na minha festa, na minha frente? - Eu disse elevando meu tom de voz.
-Ei, agora não é o momento e nem o lugar para discutirmos sobre isso.- Ele disse enquanto pegava no meu cabelo.- Agora, eu só quero que você saiba que eu estou arrependido.
Eu respirei fundo. No momento, não estava em condição de decidir se eu acreditaria nele ou não. Percebi então que ele ainda segurava meu rosto e chegava cada vez mais perto. Então ele sussurrou:
-Não vai me beijar?-Por que eu deveria? -Perguntei olhando em seus olhos.
-Você não vê motivos para não me beijar agora. -Ele me convenceu. Fechei os olhos e encaixei meus lábios no dele.
Pude escutar, que na balada tocava a música Closer-The Chainsmokers (de novo).
Nos últimos dias, descobri que o beijo do Caique era tão bom,que até compensava o fato de ele ser um total idiota.Me afastei dele, dei um sorriso malicioso, peguei meu copo e entrei para o salão. Cheguei na balada e já estava tocando funk. A Bia e todos os convidados dançavam de uma forma animada.
Também dancei mais um pouco, quando um menino chegou por trás de mim e pegou na minha cintura. Me virei para ver quem era, eu não o conhecia, mas ele era bem bonito. Tinha o olho claro e lembrava um pouco o Vini.
Continuamos dançando um de frente pro outro e ele foi chegando cada vez mais perto. Como a musica estava alta, ele disse no meu ouvido:
- Qual o seu nome?-Julia, e o seu?
-Vinícius.
Gelei na hora e me afastei dele. Ele percebeu e disse:
-Vamos para um lugar menos barulhento?- Por favor. - Eu concordei.
Fomos para um lugar fresco e silencioso e assim que chegamos ele me perguntou:
- O que eu fiz de errado lá dentro?-Nada não. É que... Seu nome é Vinícius mesmo?
-Sim, algum problema? -Ele disse preocupado.
Demorei um pouco para responder. Claro que tinha um problema, aliás, vários. Era pra eu esquecer ele e não me lembrar em todo e qualquer lugar que vou. Por que tem que ser assim? Percebi que o Vinícius estava me olhando. Resolvi esquecer aquele detalhe, Vinícius é um nome tão comum.
Para terminar com o silêncio logo, ele me deu um beijo. Não o impedi, não tinha nada à perder. Depois de poucos segundos, eu escutei uma voz forte e autoritária.
-Solta ela agora!