Fiquei confusa. Eu sempre fico confusa... Mas se eu estava sendo solicitada, eu tinha que ir. Saí da sala acompanhada pelo João e vi a Marina e a Larissa se entreolhando com um sorriso no rosto.
Eu não fazia ideia do que estava acontecendo.-Onde a gente está indo? -Perguntei para o João. -E o que você está fazendo aqui? Você nem estuda nesse campus.
-Sem perguntas. Só me segue. Não confia em mim?
-Talvez... -Respondi desconfiada. A essa altura eu já tinha começado a suar frio. Eu estava muito nervosa.
Fomos caminhando por um tempo e chegamos ao auditório. Era bem grande. Tinha um palco enorme e muitas cadeiras de veludo vermelhas, assim como a cortina, que por sinal, estava fechada. Nenhuma luz estava acesa mas com a luz do sol, vinda da porta, percebi que o lugar estava vazio. Tinha somente um violão no proscênio do palco.
O João me levou até a primeira fileira e falou pra eu sentar na cadeira do meio.
-Eu estou com medo. -Falei. -Isso tá muito estranho. O que você vai fazer comigo? -Perguntei desconfiada. Eu era muito curiosa, então todo aquele mistério estava me matando.
-Já disse pra você não me perguntar nada. -Ele me respondeu e se afastou. -Só fica aí... Vai ficar tudo bem. -Ele disse enquanto saía do teatro.
Fiquei olhando para todos os lados, procurando por alguém e nada...
A luz de um holofote se acendeu no meio do palco. Então, ele entrou. Estava mais lindo que nunca. Parecia nervoso e tímido. Deu um sorriso de canto de boca, sentou na beira do palco e pegou o violão. Meu coração começou a acelerar, mas surpreendentemente, de um jeito bom.O Vinícius tocou os primeiros acordes de uma música e a cortina se abriu. O lugar estava todo iluminado. Algumas fitas desciam do teto e nelas tinham fotos nossas. Muitas fotos. Era o ambiente perfeito. Podia ficar lá por horas, sem fazer nada, só olhando para ele, para as luzes, para as fotos...
A música que ele tocava era uma versão acústica de Me namora do Edu Ribeiro. Uma das minhas músicas brasileira preferidas. Ele a cantou olhando no fundo dos meus olhos. A voz dele entrava no meu ouvido e se acomodava na minha mente. Foram os melhores minutos da minha vida.
No final da música, vários balões coloridos de gás hélio voaram até mim e eles carregavam um papel enrolado. O peguei e eles voaram para o teto do teatro. Fiquei trise, eu amava balões e queria guardá-los pra sempre.
Abri o papel e era um bilhete escrito pelo Vini, aparentemente.
"Já disse que eu te quero?
Se eu não disse, me desculpe. E não só por isso. Me desculpe por não ter percebido antes, o quão importante você é pra mim. Desculpe por ser um idiota e por não ter ficado do seu lado em todos os momentos.
Eu te amo Júlia e eu te quero. Te quero sempre do meu lado. Espero que você também sinta o mesmo..."Terminei de ler o bilhete e uma lágrima ameaçou cair do meu olho. Não a impedi. Eu estava muito ocupada admirando toda a situação e analisando meus próximos passos. Olhei para o Vini e ele estava na minha frente, ajoelhado com uma caixinha de anel na mão. Olhei no fundo daqueles olhos verdes, que se tornaram familiares, dei meu melhor sorriso e disse:
-Eu também te quero...
-Então imagino que você aceite namorar comigo... -Ele falou ainda de joelhos. Assenti com a cabeça. Ele se levantou e colocou o anel do meu dedo.
Não era uma aliança. Era um anel na forma de uma coroa. Era perfeito. O anel dele também tinha o formato de uma coroa, mas era diferente. Bonitos igualmente. Mas o que importava não era a beleza, e sim o que eles significavam. O anel significava que eu tinha feito a minha escolha, significava que eu ia ser feliz ao lado do Vinícius.
Depois de tudo que tinha acontecido, eu ainda sabia que ele era a pessoa certa.
Dei um beijo nele. Ele olhou pra mim e perguntou:
-Pretende voltar pra aula?
-De jeito nenhum. -Respondi sorridente. A felicidade transbordava em mim.
-Então, vamos fugir! -Ele sugeriu e eu aceitei.